Adriano Correia de Oliveira (9 de Abril de 1942 / 6 de Outubro de 1982)
Adriano Correia de Oliveira (9 de Abril de 1942 / 6 de Outubro de 1982)
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Adriano Correia de Oliveira (9 de Abril de 1942 / 6 de Outubro de 1982)
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O Senhor Morgado
O senhor morgado
vai no seu murzelo,
todo impertigado,
é um gosto vê-lo
próspero, anafado,
véstia alentejana,
calça de riscado:
Homem duma cana!
Vai, todo se ufana
de ir tão bem montado.
E ela na janela...
Seja Deus louvado!
O senhor morgado
vai nas próprias pernas,
todo bandeado;
Tem palavras ternas
para cada lado.
Quando passa, sente
que é temido e amado;
Fala a toda a gente.
Topa um influente:
"Sou um seu criado..."
Eleições à porta,
Seja Deus louvado!
O senhor morgado
vai na sege rica
todo repimpado
ai que bem lhe fica
o chapéu armado
e a comenda ao peito
e o espadim ao lado!
Que homem tão perfeito!
Deputado eleito
muito bem votado,
vai para o Te-Deum,
Seja Deus louvado!
Conde de Monsaraz / José Nisa
Para ouvir Adriano Correia de Oliveira a cantar «O Senhor Morgado» de Conde de Monsaraz e José Niza clicar AQUI
Eleições à porta, seja Deus louvado!
adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge
Menina dos olhos tristes,
O que tanto a faz chorar?
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
Senhora de olhos cansados,
Porque a fatiga o tear?
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
Vamos, senhor pensativo,
Olhe o cachimbo a apagar.
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
Anda bem triste um amigo,
Uma carta o fez chorar.
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
A Lua, que é viajante,
É que nos pode informar
- O soldadinho já volta
Do outro lado do mar.
O soldadinho já volta,
Está quase mesmo a chegar.
Vem numa caixa de pinho.
Desta vez o soldadinho
Nunca mais se faz ao mar.
Reinaldo Ferreira (filho) / José Afonso
Para ouvir Adriano Correia de Oliveira a cantar «Menina dos Olhos Tristes» de Reinaldo Ferreira (filho) e José Afonso clicar AQUI
adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge
Tejo Que Levas as Águas
Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar.
Lava-a de crimes espantos
De roubos, fomes, terrores,
Lava a cidade de quantos
Do ódio fingem amores.
Leva nas águas as grades
De aço e silêncio forjadas
Deixa soltar-se a verdade
Das bocas amordaçadas.
Lava bancos e empresas
Dos comedores de dinheiro
Que dos salários de tristeza
Arrecadam lucro inteiro.
Lava palácios, vivendas,
Casebres, bairros da lata
Leva negócios e rendas
Que a uns farta a outros mata.
Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar.
Lava avenidas de vícios
Vielas de amores venais
Lava albergues e hospícios
Cadeias e hospitais.
Afoga empenhos favores
Vãs glórias, ocas palmas
Leva o poder de uns senhores
Que compram corpos e almas.
Leva nas águas as grades
De aço e silêncio forjadas
Deixa soltar-se a verdade
Das bocas amordaçadas.
Das camas de amor comprado
Desata abraços de lodo
Rostos corpos destroçados
Lava-os com sal e iodo.
Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar.
Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar.
Manuel da Fonseca / Adriano Correia de Oliveira
Para ouvir Adriano Correia de Oliveira a cantar «Tejo Que Levas as Águas» de Manuel da Fonseca:
adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge
«Cantar da Emigração» é, na realidade, a parte V do poema «¡Pra Habana!».
¡Pra Habana!
Este vaise i aquel vaise,
e todos, todos se van.
Galicia, sin homes quedas
que te poidan traballar.
Tés, en cambio, orfos e orfas
e campos de soledad,
e pais que non teñen fillos
e fillos que non tén pais.
E tés corazós que sufren
longas ausencias mortás,
viudas de vivos e mortos
que ninguén consolará.
Cantar da Emigração
Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão.
Galiza, ficas sem homens
que possam cortar teu pão
Tens em troca orfãos e orfãs
e campos de solidão
e mães que não têm filhos
filhos que não têm pais.
Corações que tens e sofrem
longas horas mortais
viúvas de vivos-mortos
que ninguém consolará
Tradução de José Nisa
Para ouvir Adriano Correia de Oliveira a cantar «Cantar da Emigração» de Rosalía de Castro e José Niza clicar AQUI
adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge
Assinalando os 25 anos da morte de Adriano Correia de Oliveira, uma voz única da música portuguesa que, ao longo dos seus quarenta anos de vida, esteve sempre do lado da liberdade, da democracia, da justiça social, sempre ao lado do seu povo, sempre com o seu Partido o PCP, associando-se a todos os que assinalam a obra e o papel de Adriano na música portuguesa, realizou na Festa do «Avante!» um espectáculo em sua homenagem, produziu uma exposição evocativa sobre a sua vida, editou um filme com sentidos testemunhos e um CD – juntamente com um suplemento do jornal «Avante!».
Nota do Gabinete de Imprensa do PCP
Assinalam-se hoje 25 anos da morte de Adriano Correia de Oliveira, uma voz única da música portuguesa que, ao longo dos seus quarenta anos de vida, esteve sempre do lado da liberdade, da democracia, da justiça social, sempre ao lado do seu povo, sempre com o seu Partido.
Adriano Correia de Oliveira foi um dos autores mais marcantes da música de intervenção portuguesa e da canção de Coimbra. A sua voz ímpar distinguiu-se pelo timbre e pela clareza que, com enorme coragem, interpretou palavras de luta e resistência contra a ditadura fascista e acompanhou as muitas conquistas de Abril no período revolucionário,
Em 1960 aderiu ao Partido Comunista Português onde se manteve até ao fim dos seus dias. A sua condição de comunista é inseparável do percurso e das opções que tomou ao longo da vida, de que são testemunho os inúmeros espectáculos e acções em que durante o fascismo cantou pela liberdade tendo sido uma bandeira da luta do Movimento Estudantil, o seu papel impulsionador para que grandes nomes da música portuguesa se dessem a conhecer, a sua participação no Comité Organizador da Festa do «Avante!» desde a primeira edição, o seu envolvimento militante em centenas de iniciativas do PCP onde cantou a sua música de norte a sul do país.
«A única luta pelo poder em que estou empenhado é a luta para que o povo português tome o poder e que nessa luta tenha um papel determinante a actividade do aparelho político organizado que é o PCP, a que pertenço.»
O PCP associa-se a todos aqueles que assinalam a obra e o papel de Adriano na música portuguesa, tendo realizado na Festa do «Avante!» um espectáculo em sua homenagem, produzido uma exposição evocativa sobre a sua vida, editado um filme com sentidos testemunhos e um CD – juntamente com um suplemento do jornal «Avante!» – com algumas das mais belas canções que interpretou.
Para os comunistas fica o testemunho e a obra do grande homem, artista e revolucionário que Adriano foi, pelo que a mais justa homenagem que lhe pode ser prestada é dar continuidade à luta e às causas que ao longo da sua vida abraçou.
(sublinhados meus)
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