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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

António Dias Lourenço (25 de Março de 1915 / 7 de Agosto de 2010)

Dias Lourenço5

António Dias Lourenço, destacado dirigente comunista e resistente antifascista, operário, jornalista, escritor, homem de cultura, de profundas e firmes convicções, que desde muito jovem tomou o partido da luta pela emancipação dos trabalhadores e pela libertação do nosso povo.

Um revolucionário que fundiu a sua vida com a luta do Partido Comunista Português, a que aderiu aos 16 anos de idade, pela causa da liberdade e da democracia, do socialismo e do comunismo.

Um revolucionário que se entregou a esta causa com enormes abnegação, dedicação e coragem, e a alegria transbordante bem expressa na sua afirmação de que «estar neste combate é uma felicidade».

Dias Lourenço.jpg

«Nascido a 25 de Março de 1915, em Vila Franca de Xira, António Dias Lourenço foi um destacado militante e dirigente comunista durante quase 80 anos, nos quais deu provas de uma inquebrantável dedicação aos trabalhadores, ao povo e à luta do seu Partido. A opção, que ainda jovem tomou, de se tornar funcionário do Partido Comunista Português pagou-a com brutais torturas e 17 longos anos de prisão. Tal não o impediu, na última entrevista concedida ao Avante!, de se confessar um homem feliz, sobretudo por ver tanta gente nova a prosseguir o combate a que dedicou a sua vida

 

Publicado neste blog:

 

Nos 50 anos do 4 de Fevereiro: Ajuda à fuga de Agostinho Neto, por Jaime Serra

Agostinho Neto, desenho de Fernando Campos (o sítio dos desenhos)

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Aquele que veio a ser o primeiro presidente da República Popular de Angola, o Dr. Agostinho Neto, saiu clandestinamente de Portugal, onde estava com residência vigiada pela PIDE, no dia 30 de Junho de 1962 [1], num pequeno iate ajudado pelo Partido Comunista Português.

Agostinho Neto viveu em Portugal durante bastante tempo. Aqui estudou e iniciou a luta pela libertação do povo angolano, tendo-se tornado num dos mais prestigiados dirigentes do MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola. Foi perseguido pelo regime fascista e esteve várias vezes preso.

Em 1961, face ao grande movimento de solidariedade nacional e internacional, foi libertado da prisão e desterrado para Cabo Verde, onde esteve com residência fixa.

A 4 de Janeiro de 1961 [2], com o assalto às cadeias de Luanda organizado pelo MPLA, dá-se início à luta armada que, ao cabo de 13 longos anos de guerra colonial, havia de conduzir à independência de Angola.

Também na Guiné-Bissau havia começado a luta de guerrilha sob a direcção do PAIGC, o partido de Amílcar Cabral, ao qual pertencia também o destacado militante Vasco Cabral que, tal como Agostinho Neto, organizava para a luta os seus compatriotas que viviam em Portugal.

Foram estes dois destacados dirigentes da luta libertadora dos seus povos, oprimidos pelo colonialismo salazarista, que o Partido Comunista Português, fiel aos princípios internacionalistas que o guia, ajudou a sair clandestinamente de Portugal.

Com esse objectivo, e por intermédio de um militante do Partido, o camarada José Nogueira, foi comprado um barco adequado para o efeito, um pequeno iate de recreio a motor.

Como o José Nogueira era oficial da Marinha de Guerra, embora dos serviços administrativos, foi fácil a legalização do barco, assim como a sua manutenção em estado operacional nas próprias instalações da Armada, na Doca da Marinha de Paço de Arcos.

Agostinho Neto havia, entretanto, regressado de Cabo Verde, passando a viver em Lisboa com a mulher e dois filhos pequenos em situação de residência fixa, sendo obrigado a apresentar-se regularmente na sede da PIDE.

Deve dizer-se que, ainda quando Agostinho Neto se encontrava em Cabo Verde, o PCP mandou um seu militante àquele arquipélago com o objectivo de estudar a hipótese de compra de um barco por meio do qual Agostinho Neto pudesse passar para África.

A sua súbita transferência para Portugal inviabilizou esse projecto.

Nos finais do mês de Junho, estando tudo preparado tecnicamente para a saída de Portugal por via marítima da família de Agostinho Neto e de Vasco Cabral, a Direcção do Partido incumbiu-me de dirigir esta operação.

António Dias Lourenço, Jaime Serra e José Nogueira do PCP, protagonistas na fuga de Agostinho Neto

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Foi tudo preparado para que o embarque se fizesse na Doca do Bom Sucesso, em Pedrouços, onde o iate ia por vezes atracar ou estacionar para estudar o ambiente.

Na tarde de sábado de 30 de Junho de 1962 cheguei à referida doca, onde estacionavam muitas outras embarcações, entrando em contacto com o tenente José Nogueira, que entretanto acostou o nosso iate ao molhe norte da Doca. Inteirei-me de que tudo estava em ordem para a viagem, desde o combustível necessário até aos mantimentos para cinco adultos e duas crianças de tenra idade.

À hora combinada apareceram todos acompanhados pelo camarada Dias Lourenço que organizou esta parte da operação ajudado pelo Dr. Arménio Ferreira, figura destacada do movimento anticolonial, cuja ajuda foi preciosa no complicado processo da saída da família Neto da casa que habitavam, conhecida pela PIDE, para uma situação de clandestinidade, a partir da qual se deu início à saída também clandestina.

Tudo isto foi levado a cabo num espaço de tempo muito curto, antes que a PIDE se apercebesse da mudança.

Dias Lourenço ficou à distância, sentado num cabeço da muralha ali existente, observando toda a operação de embarque.

Este fez-se calmamente como se tratasse de uma qualquer família burguesa que vai dar um passeio pelo rio, ou fazer uma pescaria na costa num fim de semana. Tudo isto, ali mesmo nas «barbas» da Guarda Fiscal, que tinha próximo um posto de vigilância da fronteira marítima, então à sua guarda. Após o embarque dos «passageiros» e da sua volumosa bagagem, e depois de eles receberem de Dias Lourenço os comprimidos para o enjoo que haviam encomendado, manobrando no emaranhado de embarcações estacionadas dentro da Doca do Bom Sucesso (nome que foi para nós um bom augúrio), saímos para o rio Tejo. A partir daqui procurámos o mais rápido possível alcançar o mar alto.

Com toda a gente mais calma, descemos em direcção ao sul, sempre com as belas praias da costa à vista. Contornando o cabo de São Vicente, chegámos próximo de Olhão e lançámos ferro numa pequena enseada, onde descansámos até ao dia seguinte.

Manhã cedo, levantámos ferro, deixando para trás a costa algarvia e entrando na Baía de Cadiz, na costa espanhola, já ao fim da tarde.

Na zona do cabo Trafalgar esperavam-nos as maiores dificuldades desta parte da viagem, com um mar muito agitado, em virtude das fortes correntes marítimas que entram e saem do Mediterrâneo.

Para as crianças, e sobretudo para a mulher de Agostinho Neto, foram horas de grande angústia. Os homens aguentavam como podiam o enjoo. Como eu já conhecia o fenómeno por ali ter passado cinco anos antes, procurava encorajá-los.

A violência do mar, o vento e as correntes marítimas impediam-nos de avançar com a rapidez que desejávamos, ficando por largos momentos no mesmo local, com a hélice a trabalhar fora de água.

Ultrapassado finalmente o cabo de Trafalgar, encontrámo-nos numa bonita e tranquila baía, também já minha conhecida, onde lançámos ferro e fizemos o balanço da situação.

Com a violência do mar tínhamos perdido um dos dois salva-vidas de que dispúnhamos. Os «turcos» que o suportavam, uns fortes tubos de ferro colocados à popa do iate, ficaram dobrados quase em ângulo recto devido à violência do mar a que foram sujeitos, juntamente com o barco salva-vidas, que acabou por desaparecer nas ondas que caíram sobre nós na passagem do Trafalgar.

Havíamos também perdido uma âncora, arrastada pelo temporal. Tudo o mais, o pessoal, o combustível, os mantimentos, a bagagem, haviam-se mantido a salvo.

O medo e o choque emocional de uma mãe que leva consigo dois filhos pequenos abalaram profundamente a moral da Maria Eugenia, a ponto de o Agostinho Neto ter sugerido a hipótese de desembarcar em qualquer local da costa espanhola. Tal hipótese foi discutida e posta de lado.

Com a ditadura franquista instalada em Espanha, onde a perseguição aos comunistas era tanto ou mais violenta que em Portugal, era quase certo que em caso de prisão seríamos todos entregues a Salazar.

Além disso, o pior estava passado e só era necessário um pouco mais de coragem e paciência. Estes e outros argumentos acabaram por convencer todos de que não havia outra saída senão continuar a viagem.

Passámos a noite calmamente nesse local e, na manhã seguinte, avançámos junto à costa até próximo da Baía de Tarifa, já no estreito de Gibraltar.

A partir daqui, com o mar de feição, navegámos à bolina em direcção à costa marroquina, atravessando o Estreito calmamente. Por volta do meio-dia alcançámos a Baía de Tânger.

Como eu já conhecia a topografia da Baía, ancorámos num sítio apropriado, a cerca de cem metros da praia. Com a embarcação salva-vidas a remos, começámos por transportar a mulher e as crianças para a praia, depois as bagagens, que eram bastantes, e finalmente o Agostinho Neto e o Vasco Cabral.

Em terra firme, eles acabaram por se desembaraçar. Chegaram à fala com as autoridades marroquinas, identificando-se como combatentes africanos, bem conhecidos internacionalmente, tendo sido encaminhados para o seu destino, segundo soubemos posteriormente.

Agostinho Neto e a esposa Maria Eugénia aguardando a fuga

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Pelo nosso lado, cumprida a tarefa, tratámos imediatamente do regresso a Portugal.

Nesse mesmo instante saímos da Baía de Tânger e pusemo-nos a largo.

Como dispúnhamos de uma bússola, traçámos o rumo da viagem de regresso, de modo a alcançar a costa algarvia directamente, sem os contornos da costa e as demoras da viagem de ida.

Só a nossa ignorância das lides do mar nos levou à aventura de percorrer directamente 140 milhas marítimas no alto mar, sem terra à vista, numa embarcação daquele género e com uma bússola rudimentar. Recordo que o José Nogueira era oficial da administração naval e eu era um leigo na matéria.

Nas primeiras horas tudo bem. Porém, já bem no mar alto, começaram os nossos problemas.

Com o mar já bastante alteroso, encravou-se a roda do leme, ficando o barco à deriva, fustigado pelo temporal.

Pelo que me apercebi, dado que a estrutura dos barcos não me era estranha, pelo facto de a minha profissão estar ligada à construção naval, a avaria situava-se dentro da caixa da roda do leme.

A única solução que me ocorreu na emergência foi destruir à machadada a referida caixa para chegar ao local da avaria, o que foi feito, embora com algum desgosto do José Nogueira, que tinha orgulho naquela bonita caixa de mogno envernizada...

Solucionada a avaria, a viagem continuou pela noite fora, com o mar cada vez mais violento, exigindo esforços tremendos para segurar a roda do leme na posição correcta.

Com as ondas de mais de cinco metros de altura a caírem-nos em cima, era difícil aguentar mais de meia hora seguida ao leme.

Alternavamo-nos constantemente, eu e o José Nogueira, procurando, cada um de nós, descansar um pouco nos curtos intervalos. Valeu-nos bastante, na ocasião, uma garrafa de vinho do Porto que havia a bordo, para reanimar as forças periodicamente. Finalmente, pela madrugada do dia 3 de Julho, após uma noite tormentosa, o mar mudou subitamente para uma relativa calmaria. Interrogámo-nos mutuamente sobre o significado de tal facto.

Por feliz acaso, avistámos ao longe uma grande embarcação que nos pareceu ser um barco de pesca de arrasto.

Através de um megafone existente a bordo, entrámos em comunicação com a tripulação do referido barco, que verificámos ser espanhola. Fomos por eles informados que nos encontrávamos a algumas milhas ao sul de Olhão, na costa algarvia.

Esta informação encheu-nos de alegria e passadas algumas horas ancorávamos junto à costa portuguesa, onde fizemos uma pescaria de robalos e com eles uma boa caldeirada.

Depois do almoço retomámos a viagem de regresso a Lisboa, tendo na noite desse dia alcançado o porto de Sesimbra, onde ancorámos até à manhã do dia seguinte. Entrámos na barra do Tejo na manhã do dia 4 de Julho de 1962.

Dirigimo-nos directamente para a Doca da Marinha, em Paço de Arcos, onde o barco foi entregue aos cuidados do marinheiro que habitualmente desempenhava esse serviço, o qual ficou bastante espantado perante o estado lastimoso que o barco apresentava, meio desmantelado. Mal sabia o dito marinheiro que estava ali o resultado de uma viagem de mais de 600 milhas em quatro atribulados dias.

Mas não só o barco sofreu as consequências. Pelo meu lado, passados oito dias, quando caminhava na rua ainda me parecia que o chão balouçava à minha volta.

O PCP havia cumprido com êxito uma missão de ajuda internacionalista de grande importância.

(sublinhados meus)

In Jaime Serra, Eles têm o direito de saber - Páginas da luta clandestina

[1] Esta data está, efectivamente, correcta, conforme se pode ver no Avante! clandestino

[2] Na realidade, foi em 4 de Fevereiro, conforme se pode ver no Avante! clandestino

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  • O povo de Angola inicia a luta armada pela sua independência nº 297 (1ª Quinz. Fev. 1961), p. 1 e 6

  • Agostinho Neto à frente dos patriotas angolanos nº 320 (Ago. 1962), p. 1

50º aniversário do início da luta armada de libertação nacional de Angola
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Publicado neste blog:
adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

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O SEGREDO, um documentário sobre a fuga de Peniche de António Dias Lourenço

SEGREDO - Um filme de José Edgar Feldman

Para Ver e Ouvir:

«António Dias Lourenço, relembra os anos de encarceramento no Forte de Peniche, durante a ditadura fascista em Portugal, focando-se no episódio da sua evasão em 1954.

António Dias Lourenço, hoje com 94 anos, comunista, relembra os anos de encarceramento no Forte de Peniche, durante a ditadura fascista em Portugal, focando-se no episódio da sua evasão em 1954. É essa fuga, de uma coragem física notável, que o filme pretende mostrar. Percorrendo a velha cadeia de alta segurança e o que resta do antigo edifício, Dias Lourenço evoca as peripécias pelas quais passou para se evadir e mostra algumas das salas onde ele e os seus camaradas viviam diariamente. Foi depois de ter sido castigado a um mês de “segredo” (um cubículo sem luz destinado às piores reprimendas) que resolveu engendrar uma das mais bem sucedidas e espectaculares fugas.

Prémio Tóbis para o melhor documentário português de curta-metragem "DocLisboa 2008".»

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adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

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Ao camarada João...

(...)

Quando entrou no quarto, o seu refúgio, atirou-se para cima da cama, satisfeito. Ainda desta vez, escapara! Apesar de haver perdido a noite anterior, não tinha sono; apenas lhe doíam os pés, com certeza cheios de bolhas rebentadas sob as meias coladas à carne, como de costume. Há três meses naquela tarefa — ir buscar o material de propaganda, distribuí-lo —, ainda não calejara os pés, como os outros camaradas, que aguentavam muitos quilómetros. «É verdade! Há três meses que mergulhara na vida clandestina! Noventa dias de luta, fugido aos esbirros fascistas, partilhando dum lar estranho, embora amigo, ali no quarto estreito que era todo o seu mundo de repouso, de estudo e de sonho, às vezes. Gostava bem daquele quarto de tecto baixo e paredes manchadas pela humidade, com a cama de ferro a um lado, sem colcha; uma mesa tosca, no outro, além da mala; e uma janela que dava para as traseiras dos prédios, mas da qual se via, ao fundo, uma nesga do rio.

De tarde, quando o sol emprestava reflexos de espelho aos vidros sujos ou partidos das traseiras, à hora em que os inquilinos regressavam do trabalho, pejando as ruas da cidade, Abel encostava-se ao peitoril da sua janela e ficava-se a partilhar da vida alegre ou triste dos vizinhos. Os homens, em mangas de camisa, entretinham-se a consertar velhas capoeiras, ou regavam com desvelo uma nespereira raquítica que nunca daria frutos, enquanto as mulheres punham a mesa nas estreitas varandas, se havia bom tempo, e os cachopos saltitavam como pássaros famintos.

Gostavam dele, os cachopos. De longe, mostravam-lhe os tristes brinquedos, atiravam-lhe beijos e tiros imaginários; e ele retribuía com momices que os sufocavam de riso. Também nada o desesperava tanto como ouvir à noite, de repente, entre falas azedas, o choro agudo de uma criança. Assomava então à janela e tentava adivinhar o que se passava para além da escuridão. Certa vez, increpou mesmo uma vizinha que batia na Luisinha, uma garota loira que se parecia com a irmã dele, a mais nova.

— Para que bate assim na menina? Se calhar, ela tem alguma dor, e é por isso que esperneia. Deixe-a.

A voz saiu-lhe áspera, e a mulher ripostou: — Quem é você para me dar leis? Ora o fúfia! Meta-se na sua vida.

Quem era?... A bem dizer: ninguém. E a sua vida era a de todos os proletários do seu país, de todos os famintos de pão e de justiça; era a vida também daquela mulher desesperada, sabia-se lá porquê. Miséria, está bem de ver. «Ah! mas um dia... uma certa manhã de sol radioso... sim, de sol...»

(...)

Extracto do conto «Refúgio perdido», de Soeiro Pereira Gomes, dedicado «Ao camarada João, que inspirou este conto». «João» era o pseudónimo usado na clandestinidade por António Dias Lourenço

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adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

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