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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

Todos vimos. Todos sabemos. Travar a morte em Gaza será honrar enfim a memória do Holocausto

alexandra lucas coelho-Bazar do Tempo.jpg

1. A Europa está refém da culpa do Holocausto desde a II Guerra Mundial. Mas honrar a memória do Holocausto será travar a mortandade em Gaza agora. E honrá-la enfim, porque essa memória foi traída até chegarmos a isto: 2,3 milhões de pessoas trancadas num gueto, bombardeadas dia e noite, metade das quais deslocadas, sem água, comida, assistência.
E foi traída também no gueto-arquipélago da Cisjordânia, onde quase três milhões de palestinianos enfrentam a violência de colonos cada vez mais radicais. Os hoje 700 mil colonos que Israel foi plantando com betão e alcatrão, bem agarrados ao chão, tanto na Cisjordânia como em Jerusalém Oriental, todos ilegais à luz do que a Europa assinou. E que assim impedem a “Solução Dois Estados”, como os líderes mundiais — todos eles — estão cansados de saber.

 

Sublinhados meus

Alexandra Lucas Coelho, in jornal "Público" - 19 Oct 2023

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Não temos outra escolha senão a vitória

Bashar al Assad

O discurso de Bachar al-Assad proferido no Parlamento sírio no passado dia 7 de Junho de 2016 é um documento que revela a dimensão do político, do homem e do patriota que o profere.

 

«(...)

Uma vez que seu “plano terrorista” falhou apesar de toda a destruição e massacres perpetrados, adquiriram a convicção que o essencial do seu “plano político” ainda poderia materializar-se pelo ataque à Constituição.

Na verdade, o seu plano inicial consistia em fazer de forma que o terrorismo dominasse completamente o país concedendo-lhe uma pertença qualidade de “moderação”, e depois ‘legitimidade’, decidida evidentemente pelo estrangeiro, que instalaria um caos absoluto impondo como única saída uma Constituição étnica e confessional transformando um povo ligado à sua terra natal em grupos rivais anexados às suas seitas e apelando à intervenção estrangeira contra os seus compatriotas.

O que vos digo é evidente. Se olharmos para o nosso Este e para o nosso Oeste, as experiências confessionais falam por elas próprias. Não há nenhuma necessidade de reavaliar a questão depois de decénios de experiências equivalentes na nossa região.

(...)

É portanto evidente que não participamos em negociações para aceitar tais propostas. Foi por isso que redigimos o “documento de princípios” com o objetivo de evitar que uma das partes acrescente o que bem lhe parecer. Estes princípios, vou citá-los rapidamente:

Soberania e unidade de a Síria com a rejeição de qualquer interferência externa. Rejeição do terrorismo.

Apoio à reconciliação.

Preservação das instituições.

Levantamento do embargo.

Reconstrução.

Controlo das fronteiras.

Alguns outros princípios contidos na Constituição atual e nas precedentes como diversidade cultural, liberdades do cidadão, independência do poder judiciário, etc.

(...)

O terrorismo económico, o terrorismo dos engenhos armadilhados, os massacres e todos os tipos de projéteis têm a mesma raiz. É a razão pela qual eu vos garanto que a nossa guerra contra o terrorismo prosseguirá, não porque amemos as guerras – foram eles que a impuseram a nós – mas porque o derramamento de sangue não vai parar enquanto não desenraizarmos o terrorismo em todo o lado onde se encontre qualquer que seja a máscara que use.

(...)

A derrota do terrorismo é inevitável, desde que Estados como o Irão, a Rússia e a China apoiem o povo sírio, se mantenham do lado da justiça e defendam os oprimidos contra os opressores. Agradecemos-lhes por isso…

Agradecemos-lhes por isto e pela constância de seu contínuo apoio. São Estados que respeitam os princípios e que procuram defender os direitos dos povos, incluindo escolher seu próprio destino.(...)»

Mapa Sudoeste Asiático

 

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A via da guerra é um perigo enorme - Milosevic e a actualidade

Slobodan Milosevic_prisão 2001-04-01

Slobodan Milosevic morreu há dez anos nos calabouços do «tribunal» especial criado pelos carrascos da Jugoslávia, o ICTY.

Seguindo o guião usual, o presidente (repetidamente eleito) Milosevic fora pessoalmente demonizado e caluniado como prelúdio à destruição do seu país.

Pela calada, o ICTY acaba agora de reconhecer a falsidade das calúnias (ilibando os mortos para condenar os vivos).

Importa romper as barreiras de silêncio cúmplice da comunicação social de regime sobre este reconhecimento envergonhado – que contrasta de forma flagrante com o unanimismo estridente das acusações de há duas décadas.

E importa extrair as lições que tudo isto encerra. Lições que são de tremenda actualidade.

Novas campanhas belicistas, de consequências potencialmente muito mais dramáticas, estão hoje em curso.

 

Ataque_aereo_eua_siria_2014-09

«O alegado «genocídio» e «limpeza étnica» de que a Jugoslávia e Milosevic foram acusados são como as «armas de destruição em massa de Saddam Hussein»: uma fabricação monstruosa.

(...)

Há mais duma década que se reconhecia não haver bases plausíveis para condenar Milosevic.

(...)

A 8 de Março de 2006 Milosevic escreveu uma carta oficial ao Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, afirmando desconfiar que, em vez de estar a ser tratado dos seus problemas cardíacos, estaria a ser envenenado. Três dias depois, Milosevic morre na sua cela da prisão NATO-ICTY. As legítimas suspeitas de assassinato reforçam-se se pensarmos no destino de outros alvos das potências imperialistas, como Saddam Hussein ou Muamar Qadafi.
A propaganda de guerra tinha de ser implacável e aterrorizadora porque a dimensão do crime que estava a ser praticado era enorme. A guerra de agressão à Jugoslávia foi a primeira guerra na Europa após 1945. Foi a primeira guerra aberta desencadeada pela NATO e uma violação aberta do Direito Internacional. Mas foi sobretudo a afirmação por parte das potências imperialistas de que a nova correlação de forças resultante da desintegração da URSS e das vitórias contra-revolucionárias no Leste da Europa lhes permitia libertarem-se das amarras que a derrota do nazi-fascismo havia imposto em 1945. A Carta da ONU era coisa do passado. A partir de agora vigorava a lei do mais forte. E o mais forte era o imperialismo norte-americano. Era essa a essência do novo conceito estratégico da NATO, aprovado em plena agressão à Jugoslávia (Cimeira de Washington, 23-24 Abril 1999), que descartou a máscara de organização defensiva, proclamando o «direito» de intervir em qualquer parte do planeta.

(...)

cartoon peter brookes

Teria sido difícil à NATO desencadear os bombardeamentos sobre Belgrado sem a legitimação escandalosa por parte de forças políticas que se auto-proclamam de «esquerda» ou «progressistas».

(...)

Mas os acordos que o imperialismo norte-americano assina não valem sequer o preço da resma de papel em que são impressos.

(...)

Importa lembrar estes factos. Não estamos só a falar do passado. Estamos a falar do presente. Estamos a falar das campanhas de demonização de Assad, Putin ou Kim Jong-Un. A crise do sistema capitalista está prestes a conhecer uma nova explosão. Não há paliativos que consigam esconder que o sistema financeiro está totalmente quebrado. A tentação do sistema responder pela via da guerra é um perigo enorme. É esta a natureza do imperialismo. Trocar oportunisticamente a identificação da verdadeira essência do imperialismo por fáceis mentiras ou ilusões mediáticas significa desarmar os povos e fazer o jogo dos verdadeiros senhores da guerra e do genocídio.»

 

Os EUA bombardearam o cessar-fogo na Síria

azaz_syria 2016

 

Há dois dias [17 de Setembro], aviões norte-americanos mataram pelo menos 62 soldados sírios. Saíram, depois da reunião à porta fechada do Conselho de Segurança da ONU convocado pela Rússia para esclarecer esta questão, e optaram por lamentar junto aos jornalistas o sucedido e para afirmar que «seja qual for o resultado da investigação sobre este caso (!!), a aviação não o fez intencionalmente.» Esperar-se-iam desculpas à Síria e aos familiares dos soldados mortos. Isso não aconteceu. Terroristas do Estado Islâmico progrediram para o território ocupado pelos soldados sírios mortos.

A opinião pública não perdoará aos EUA novo malogro do plano de cessar-fogo para a Síria, como aconteceu ao de Fevereiro.

Os estrategas do Pentágono decidiram há vinte anos a destruição da democracia e desenvolvimento de muitos países, começando, na fase das “revoluções coloridas” desta década, pela Líbia e pela Síria, esta em 2011. Há razões políticas e energéticas nestes planos maquiavélicos: retirar aliados à Rússia, acabar com o não-alinhamento e obter a exploração do petróleo desses países, impedindo a Rússia de ser fornecedora de petróleo e gás à Europa.

A liquidação das condições de vida dos sírios, a destruição das suas cidades, a falta de condições de habitabilidade, de acesso a alimentação e água durante cinco anos consecutivos, originou o desespero, mais e duas centenas de milhares de mortos, centenas de milhares de refugiados.

 

Syrians_Iraq_refugees_at_Lesvos_2015-10-30

 

Para Ler:

«Os dados divulgados na terça-feira pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) puseram a nu que o drama das centenas de milhares de migrantes e refugiados que, anualmente, procuram a Europa continua.

Nos primeiros nove meses do ano, atravessaram o Mediterrâneo 300 mil pessoas, metade das quais provenientes de apenas três países: Síria (28%), Afeganistão (14%) e Iraque (9%). Em 2010, antes do início da agressão à Síria, existiam 28 mil refugiados sírios em todo o mundo, número que chegou a perto de 4 milhões em 2014, a que se somavam outros 7,5 milhões de deslocados internos.»

 

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Conspirações

Mapa Médio Oriente

Não se trata de 'teoria da conspiração', mas de conspiração confirmada e documentada. O grupo norte-americano Judicial Watch publicou em Maio documentos oficiais dos ministérios dos Estrangeiros e Defesa dos EUA, obtidos após processo judicial. O jornalista Seumas Milne (Guardian, 3.6.15) refere «um relatório secreto dos serviços de informações dos EUA, escrito em Agosto de 2012, que estranhamente prevê – e na prática saúda – a possibilidade dum 'principado Salafita' no Leste da Síria e dum Estado Islâmico controlado pela al-Qaeda na Síria e Iraque. Em flagrante contraste com as alegações ocidentais de então, o documento da Defense Intelligence Agency identifica a al-Qaeda no Iraque (que se viria a tornar no ISIS) e os seus correligionários Salafitas como 'as principais forças que dinamizam a insurreição na Síria' e declara que 'os países ocidentais, os estados do Golfo e a Turquia' apoiam os esforços da oposição para controlar o Leste da Síria». Diz o relatório: «a possibilidade de estabelecimento dum principado Salafita declarado ou não» é «precisamente aquilo que as potências que apoiam a oposição desejam, de forma a isolar o regime sírio».

Ler texto integral

 

70.º Aniversário da Vitória sobre o nazi-fascismo

Soldado Bandeira URSS Reichstag Berlin 1945

Em 2 de Maio de 1945, culminando o imparável avanço do Exército Vermelho, a bandeira da União Soviética foi hasteada no Reichstag em Berlim e poucos dias depois a Alemanha nazi assinava a sua capitulação incondicional. O dia 9 de Maio de 1945, cujo 70.º aniversário este ano comemoramos, passou a ser conhecido como o «Dia da Vitória», porque ele simboliza a vitória sobre o nazi-fascismo e o seu sinistro projecto de exploração e opressão dos povos com a instauração da «nova ordem» hitleriana e o fim da maior carnificina da História da Humanidade que foi a 2.ª Guerra Mundial.

Uma guerra em que pereceram mais de 60 milhões de pessoas, na sua grande maioria civis, em que as hordas fascistas semearam o terror e praticaram os piores crimes nos territórios invadidos, em que o bombardeamento indiscriminado de centros urbanos conduziu ao massacre de populações inteiras. Nos campos de concentração nazis, de trabalho escravo para os monopólios alemães e de extermínio em massa, morreram milhões de homens, mulheres e crianças, quatro milhões dos quais em Auschwitz.

Uma guerra em que os povos dos países invadidos pelos nazis, enfrentando a mais cruel repressão e as retaliações mais brutais, resistiram corajosamente às forças de ocupação, provocando-lhes pesadas baixas e em que, na frente de batalha como na organização e na acção da Resistência, os comunistas, com outros anti-fascistas, escreveram páginas de grande heroísmo.

Ler texto integral

 

A estratégia dos «bombardeamentos de terror»

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Tóquio (esquerda) e Hiroshima (direita)

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Dentro do contexto da época as bombas atómicas eram entendidas pela Administração dos EUA como «apenas» um refinamento de uma «arte» existente: o bombardeamento em massa de cidades.

Este «bombardeamento de terror», como às vezes era chamado, atingiu a sua forma mais elevada sob a liderança de Curtis LeMay no teatro do Pacífico, onde formações massivas de aviões B-29 efectuaram repetidamente ataques noturnos a baixa altitude contra sessenta e sete cidades japonesas. Lançaram explosivos, napalm e termite sobre as ruas de casas de madeira, criando enormes incêndios inextinguíveis que sugavam o ar para fora dos abrigos e queimavam pessoas vivas.

As bombas incendiárias foram especialmente desenvolvidos para a destruição de casas japonesas: as pequenas bombas foram projetadas para romper os tectos, parar no primeiro andar e espalhar um cone de chamas de gasolina gelatinosa no interior. A termite e o magnésio foram adicionados para que os fogos atingissem temperaturas demasiado elevadas de forma a manterem-se confinados às habitações.

Durante duas longas noites de Março 1945, mais de 300 B-29 foram enviados para queimar a mega metrópole de Tóquio. As estimativas variam quanto aos números exactos, mas cerca de 100 mil pessoas foram mortas, mais de um milhão feridas e outro milhão ficaram sem abrigo. O sucesso foi medido, antes de mais, em percentagens da área total destruída...

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Publicado neste blog:-

Carta ao Presidente Bush de Mia Couto (27-3-2003)

5 esquadra_Julho_2008.jpg

A legitimidade da guerra no Iraque numa carta de Mia Couto dirigida ao Presidente George W. Bush


Senhor Presidente:

Sou um escritor de uma nação pobre, um país que já esteve na vossa lista negra. Milhões de moçambicanos desconheciam que mal vos tínhamos feito. Éramos pequenos e pobres: que ameaça poderíamos constituir? A nossa arma de destruição massiva estava, afinal, virada contra nós: era a fome e a miséria...

Alguns de nós estranharam o critério que levava a que o nosso nome fosse manchado enquanto outras nações beneficiavam da vossa simpatia. Por exemplo, o nosso vizinho - a África do Sul do "apartheid" - violava de forma flagrante os direitos humanos.

Durante décadas fomos vítimas da agressão desse regime. Mas o regime do "apartheid" mereceu da vossa parte uma atitude mais branda: o chamado "envolvimento positivo". O ANC esteve também na lista negra como uma "organização terrorista!". Estranho critério que levaria a que, anos mais tarde, os taliban e o próprio Bin Laden fossem chamadas de "freedom fighters" por estrategas norte-americanos.

Pois eu, pobre escritor de um pobre país, tive um sonho. Como Martin Luther King certa vez sonhou que a América era uma nação de todos os americanos. Pois sonhei que eu era não um homem mas um país. Sim, um país que não conseguia dormir. Porque vivia sobressaltado por terríveis factos. E esse temor fez com que proclamasse uma exigência. Uma exigência que tinha a ver consigo, Caro Presidente. E eu exigia que os Estados Unidos da América procedessem à eliminação do seu armamento de destruição massiva.

Por razão desses terríveis perigos eu exigia mais: que inspectores das Nações Unidas fossem enviados para o vosso país. Que terríveis perigos me alertavam? Que receios o vosso país me inspiravam? Não eram produtos de sonho, infelizmente. Eram factos que alimentavam a minha desconfiança. A lista é tão grande que escolherei apenas alguns:

- Os Estados Unidos foram a única nação do mundo que lançou bombas atómicas sobre outras nações;

- O seu país foi a única nação a ser condenada por "uso ilegítimo da força" pelo Tribunal Internacional de Justiça;

- Forças americanas treinaram e armaram fundamentalistas islâmicos mais extremistas (incluindo o terrorista Bin Laden) a pretexto de derrubarem os invasores russos no Afeganistão;

- O regime de Saddam Hussein foi apoiado pelos EUA enquanto praticava as piores atrocidades contra os iraquianos (incluindo o gaseamento dos curdos em 1998);

- Como tantos outros dirigentes legítimos, o africano Patrice Lumumba foi assassinado com ajuda da CIA. Depois de preso e torturado e baleado na cabeça o seu corpo foi dissolvido em ácido clorídrico;

- Como tantos outros fantoches, Mobutu Seseseko foi por vossos agentes conduzido ao poder e concedeu facilidades especiais à espionagem americana: o quartel-general da CIA no Zaire tornou-se o maior em África. A ditadura brutal deste zairense não mereceu nenhum reparo dos EUA até que ele deixou de ser conveniente, em 1992;

- A invasão de Timor Leste pelos militares indonésios mereceu o apoio dos EUA. Quando as atrocidades foram conhecidas, a resposta da Administração Clinton foi "o assunto é da responsabilidade do governo indonésio e não queremos retirar-lhe essa responsabilidade";

- O vosso país albergou criminosos como Emmanuel Constant um dos líderes mais sanguinários do Taiti cujas forças para-militares massacraram milhares de inocentes. Constant foi julgado à revelia e as novas autoridades solicitaram a sua extradição. O governo americano recusou o pedido.

- Em Agosto de 1998, a força aérea dos EUA bombardeou no Sudão uma fábrica de medicamentos, designada Al-Shifa. Um engano? Não, tratava-se de uma retaliação dos atentados bombistas de Nairobi e Dar-es-Saalam.

- Em Dezembro de 1987, os Estados Unidos foi o único país (junto com Israel) a votar contra uma moção de condenação ao terrorismo internacional. Mesmo assim, a moção foi aprovada pelo voto de cento e cinquenta e três países.

- Em 1953, a CIA ajudou a preparar o golpe de Estado contra o Irão na sequência do qual milhares de comunistas do Tudeh foram massacrados. A lista de golpes preparados pela CIA é bem longa.

- Desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA bombardearam: a China (1945-46), a Coreia e a China (1950-53), a Guatemala (1954), a Indonésia (1958), Cuba (1959-1961), a Guatemala (1960), o Congo (1964), o Peru (1965), o Laos (1961-1973), o Vietename (1961-1973), o Camboja (1969-1970), a Guatemala (1967-1973), Granada (1983), Líbano (1983-1984), a Líbia (1986), Salvador (1980), a Nicarágua (1980), o Irão(1987), o Panamá (1989), o Iraque (1990-2001), o Kuwait (1991), a Somália (1993), a Bósnia (1994-95), o Sudão (1998), o Afeganistão (1998), a Jugoslávia (1999).

- Acções de terrorismo biológico e químico foram postas em prática pelos EUA: o agente laranja e os desfolhantes no Vietname, o vírus da peste contra Cuba que durante anos devastou a produção suína naquele país.

- O Wall Street Journal publicou um relatório que anunciava que 500 000 crianças vietnamitas nasceram deformadas em consequência da guerra química das forças norte-americanas.

Acordei do pesadelo do sono para o pesadelo da realidade. A guerra que o Senhor Presidente teimou em iniciar poderá libertar-nos de um ditador. Mas ficaremos todos mais pobres. Enfrentaremos maiores dificuldades nas nossas já precárias economias e teremos menos esperança num futuro governado pela razão e pela moral. Teremos menos fé na força reguladora das Nações Unidas e das convenções do direito internacional. Estaremos, enfim, mais sós e mais desamparados.-

Iraq-women-mother-dead-child.jpg

Senhor Presidente:

O Iraque não é Saddam. São 22 milhões de mães e filhos, e de homens que trabalham e sonham como fazem os comuns norte-americanos. Preocupamo-nos com os males do regime de Saddam Hussein que são reais. Mas esquece-se os horrores da primeira guerra do Golfo em que perderam a vida mais de 150 000 homens...

O que está destruindo massivamente os iraquianos não são as armas de Saddam. São as sanções que conduziram a uma situação humanitária tão grave que dois coordenadores para ajuda das Nações Unidas (Dennis Halliday e Hans Von Sponeck) pediram a demissão em protesto contra essas mesmas sanções. Explicando a razão da sua renúncia, Halliday escreveu: "Estamos destruindo toda uma sociedade. É tão simples e terrível como isso. E isso é ilegal e imoral". Esse sistema de sanções já levou à morte meio milhão de crianças iraquianas.

Mas a guerra contra o Iraque não está para começar. Já começou há muito tempo. Nas zonas de restrição aérea a Norte e Sul do Iraque acontecem continuamente bombardeamentos desde há 12 anos Acredita-se que 500 iraquianos foram mortos desde 1999. O bombardeamento incluiu o uso massivo de urânio empobrecido (300 toneladas, ou seja 30 vezes mais do que o usado no Kosovo).

Livrar-nos-emos de Saddam. Mas continuaremos prisioneiros da lógica da guerra e da arrogância. Não quero que os meus filhos (nem os seus) vivam dominados pelo fantasma do medo. E que pensem que, para viverem tranquilos, precisam de construir uma fortaleza. E que só estarão seguros quando se tiver que gastar fortunas em armas.

Como o seu país que despende 270 000 000 000 000 dólares (duzentos e setenta biliões de dólares) por ano para manter o arsenal de guerra. O senhor bem sabe o que essa soma poderia ajudar a mudar o destino miserável de milhões de seres. O bispo americano Monsenhor Robert Bowan escreveu- lhe no final do ano passado uma carta intitulada "Porque é que o mundo odeia os EUA?"

O bispo da Igreja Católica da Florida é um ex--combatente na guerra do Vietname. Ele sabe o que é a guerra e escreveu: "O senhor reclama que os EUA são alvo do terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos humanos. Que absurdo, Sr. Presidente! Somos alvos dos terroristas porque, na maior parte do mundo, o nosso governo defendeu a ditadura, a escravidão e a exploração humana...

Somos alvos dos terroristas porque somos odiados. E somos odiados porque o nosso governo fez coisas odiosas. Em quantos países agentes do nosso governo depuseram líderes popularmente eleitos substituindo-os por ditadores militares, fantoches desejosos de vender o seu próprio povo às corporações norte-americanas multinacionais? E o bispo conclui: O povo do Canadá desfruta de democracia, de liberdade e de direitos humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia.

Alguma vez o senhor ouviu falar de ataques a embaixadas canadianas, norueguesas ou suecas? Nós somos odiados não porque praticamos a democracia, a liberdade ou os direitos humanos. Somos odiados porque o nosso governo nega essas coisas aos povos dos países do Terceiro Mundo, cujos recursos são cobiçados pelas nossas multinacionais."-

iraque

Senhor Presidente:

Sua Excelência parece não necessitar que uma instituição internacional legitime o seu direito de intervenção militar. Ao menos que possamos nós encontrar moral e verdade na sua argumentação. Eu e mais milhões de cidadãos não ficamos convencidos quando o vimos justificar a guerra. Nós preferíamos vê-lo assinar a Convenção de Quioto para conter o efeito de estufa. Preferíamos tê-lo visto em Durban na Conferência Internacional contra o Racismo. Não se preocupe, senhor Presidente.

A nós, nações pequenas deste mundo, não nos passa pela cabeça exigir a vossa demissão por causa desse apoio que as vossas sucessivas administrações concederam apoio a não menos sucessivos ditadores. A maior ameaça que pesa sobre a América não são armamentos de outros. É o universo de mentira que se criou em redor dos vossos cidadãos.

O perigo não é o regime de Saddam, nem nenhum outro regime. Mas o sentimento de superioridade que parece animar o seu governo. O seu inimigo principal não está fora. Está dentro dos EUA. Essa guerra só pode ser vencida pelos próprios americanos. Eu gostaria de poder festejar o derrube de Saddam Hussein. E festejar com todos os americanos. Mas sem hipocrisia, sem argumentação e consumo de diminuídos mentais. Porque nós, caro Presidente Bush, nós, os povos dos países pequenos, temos uma arma de construção massiva: a capacidade de pensar.

(sublinhados meus)

Esta carta, escrita em 2003, permanece mais actual que nunca dez anos depois...

 

Agressões imperialistas no Iémen, Paquistão e Afeganistão: 45 mortos em seis dias

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Bombardeamentos de aviões não-tripulados norte-americanos no Iémen, Paquistão e Afeganistão provocaram 27 vítimas mortais em apenas 48 horas, a maioria civis, incluindo crianças. O número aumenta quando são contabilizados os ataques realizados desde quarta-feira, 23, contra alegados combatentes talibãs.

O episódio mais chocante ocorreu no Afeganistão, sábado, 26, na província de Paktia, no Leste do país, quando um ataque aéreo ceifou a vida a uma família inteira de camponeses – pai, mãe e seis filhos (Press TV 27.05.2012).

Ler Texto Integral

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Os elevados padrões morais dos EUA em matéria de direitos humanos

United States high moral grounds on human rights, Desenho de Carlos Latuff

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Padrões morais...

Algures no Afeganistão...

- Sabes que eles apedrejam pessoas até à morte no Irão?!

- Sim! Eu vi isso na Fox News!

- Aqueles iranianos são bárbaros!

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adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

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