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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

Discriminação da Mulher no trabalho contínua em Portugal

Dia Internacional Mulher.JPG

 

 

«Contrariamente ao que se podia pensar, ou mesmo por vezes se afirma, a discriminação remuneratória com base no género não tem diminuído em Portugal.

O quadro 1, com dados do Eurostat, mostra até um aumento no nosso país.

Nos outros países da União Europeia verifica-se igualmente este tipo de discriminação, o que mostra que a U.E. também não é imune a este tipo de desigualdade.»

Discriminação da Mulher1

Discriminação da Mulher2

Discriminação da Mulher3

Discriminação da Mulher4

Discriminação da Mulher5

Clicar nas imagens para ampliar

 

15 de Junho de 1924 – 20 Poemas de Amor e uma Canção Desesperada

20-Poemas de Amor

Pablo Neruda, aliás Nefatali Ricardo Reyes, tinha apenas 20 quando editou o livro «20 Poemas de Amor uma Canção Desesperada», consensualmente considerado como uma jóia da poesia latino-americana.

Dirigidos por um homem a uma mulher – não necessariamente a mesma –, os poemas abordam a complexidade da relação amorosa, misturando a felicidade com a melancolia, a alegria da posse com a tristeza da ausência, a certeza do amor («Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejeiras», poema 14), com o desespero do abandono («Posso escrever os versos mais tristes esta noite», poema 20).

Com propriedade, esta obra da juventude revela o poeta que Neruda tão bem definiu quando recebeu o Nobel de Literatura em 1971:

«Frequentemente disse que o melhor poeta é o homem que nos entrega o pão de cada dia, o padeiro mais próximo e que não se crê um deus. Ele cumpre a sua majestosa e humilde tarefa de amassar, colocar o pão no forno, dourar e entregar o pão de cada dia como uma obrigação comunitária. E se o poeta alcançar esta consciência poderá também converter-se como parte de uma colossal obra de artesão [...] e entregar com a sua mercadoria: pão, verdade, vinho e sonhos.»

AQUI

 

Pablo Neruda_Av

Pablo Neruda e Pablo Neruda

 

Mais direitos, mais futuro. Não à precariedade

campanha_direitosfuturo_logo_201602

«Não é aceitável que mais de 60% dos jovens trabalhadores estejam condenados a trabalhar em regime de precariedade permanente, trabalhando em part-time, com falsos recibos verdes, hoje mais de 600 mil, com contrato a prazo e outras formas de trabalho precário sempre mal remuneradas. Uma realidade que continua em expansão como o provam os contratos de trabalho realizados nos últimos dois anos e que representam quase 85% do total dos contratos e que, em muitos casos, é acompanhada da desregulação dos horários de trabalho. Uma desregulação que assume as mais diversas formas como a da “adaptabilidade horária”, o banco de horas ou a fórmula de “horários concentrados” que mais não visam que aumentar o horário, através de trabalho não remunerado.

Não é aceitável que os mais de 130 mil jovens inscritos nos centros de emprego não tenham acesso a uma qualquer prestação de desemprego e que cerca de 500 mil jovens estejam numa situação de não conseguir, nem ter condições para estudar.

Falamos de números, mas cada um destes números representa um homem, uma mulher, um jovem, vidas em suspenso!»

 

 

1,2 milhões trabalhadores precários

252 mil trabalhadores em trabalho parcial

600 milfalsos” recibos verdes

84% dos contratos de trabalho celebrados entre Outubro de 2013 e Junho de 2015, foram precários

95% dos trabalhadores em call centres têm vínculos precários

61,5% dos jovens trabalhadores têm vínculos precários. Este nível de precariedade, instabilidade e insegurança pressiona os salários para baixo

130 mil dos jovens desempregados inscritos nos centros de emprego não têm acesso a nenhuma prestação de desemprego, sendo os mais afectados pelos cortes nestas prestações

2/3 dos jovens entre os 18 e os 34 anos vivem em casa dos pais, consequência visível da perda de direitos, dos contratos a prazo, salários de miséria e desemprego

 

Não tem de ser assim!

É necessário e possível o trabalho com direitos!

Juntos somos uma força imensa e capaz de pôr a vida a andar para a frente!

 

Uma descoberta revolucionária: a democracia custa tempo e dinheiro...

Jeroen Dijsselbloem2

 

O presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem, deu muito uso às suas meninges e descobriu que a democracia custa tempo e dinheiro: «Há que pensar que isso [referendo] custa dinheiro e iria causar uma grande incerteza política, e não temos tempo [para isso] nem os gregos».

Depois disto nada será como dantes. Confesso que estou banzo, sem palavras. A genialidade do homem siderou-me...

Ah é verdade:

Segundo as estatísticas «oficiais» os muito ricos representam 1 por cento da população adulta do globo. A dúvida assalta-me: será que os restantes 99 por cento têm direito à democracia? 

 

Conclusão:

Para alguns eurocratas isto de eleições e referendos segundo o princípio de um homem/mulher 1 voto é uma tremenda «chatice». O bom mesmo são os directórios, as troikas, as agências de notação... 

 

Direitos da mulher - Defesa da democracia e luta contra o fascismo

Maria Alda Nogueira.jpg   Maria Alda Nogueira nasceu a 19 de Março, faz agora 92 anos. Lembremos resumidamente o percurso desta destacada militante comunista empenhada na luta pela democracia e emancipação do povo português. Luta que atravessou o fascismo, a Revolução de Abril, o processo revolucionário que se seguiu, e o processo de recuperação capitalista iniciado a partir de 1976, e em que Maria Alda sempre interveio integrando a defesa dos direitos das mulheres e a sua aspiração de emancipação social.

Alda Nogueira deixou-nos a 5 de Março de 1998, mas o seu exemplo perdura vivo e afirma a actualidade da luta no presente em prol das gerações futuras.

Ler texto integral

 

Publicado neste blog:

As suas cinzas foram lançadas à terra, como era seu desejo expresso, a 8 de Março de 1998


19 de Março de 1923 - 5 de Março de 1998

 

Paco Ibañez canta Arcipreste de Hita: Consejos para un galán

Consejos para un galán
 
Haz a la dama un día la vergüenza perder,
esto es muy importante, si la quieres tener,
una vez que no tiene vergüenza la mujer
hace más diabluras de las que ha menestrer.

Talante de mujeres, ¿quién lo puede entender?
su maestría es mala, mucho su malsaber.
Cuando están encendidas y el mal quieren hacer
el alma y cuerpo y fama, todo echan a perder.

No abandones tu dama no dejes que esté quieta,
siempre requieren uso mujer, molino y huerta;
no quieren en su casa pasar días de fiesta,
no quieren el olvido; cosa probada y cierta.

Es cosa bien segura: molino andando gana,
huerta mejor labrada da la mejor manzana,
mujer bien requerida anda siempre lozaná:
con estas tres verdades no obrarás cosa vana.

Dejó uno a su mujer te contaré la hazaña
si la estimas en poco, cuéntame otra tamaña
Era don Pitas Payas un pintor de Bretaña,
casó con mujer joven que amaba la compaña.

Antes del mes cumplido dijo él: -Señora mía,
a Flandes quiero ir, regalos portaría.
Dijo ella: -Monseñer, escoged vos el día,
mas no olvidéis la casa ni la persona mía.

Dijo Don Pitas Payas: -Dueña de la hermosura,
yo quiero en vuestro cuerpo pintar una figura
para que ella os impida hacer cualquier locura.
Dijo ella: -Monseñer, haced vuestra mesura.

Pintó bajo su ombligo un pequeño cordero
y marchó Pitas Payas cual nuevo mercadero;
estuvo allá dos años, no fue azar pasajero.
Cada mes a la dama parece un año entero.

Hacía poco tiempo que ella estaba casada,
y había con su esposo hecho poca morada;
un amigo tomó y estuvo acompañada,
deshízose el cordero, ya de él no queda nada.

Cuando supo la dama que venía el pintor,
muy de prisa llamó a su nuevo amador;
dijo que le pintara, cual supiese mejor,
en aquel lugar mismo un cordero menor.

Pero con la gran prisa pintó un señor carnero,
cumplido de cabeza, con todo un buen apero.
Luego, al día siguiente, vino allí un mensajero:
que ya don Pitas Payas llegaría ligero.

Cuando al fin el pintor de Flandes fue venido,
su mujer, desdeñosa y fría le ha recibido:
cuando ya en su mansión con ella se ha metido,
la señal que pintara no ha echado en olvido.

Dijo don Pitas Payas: -Madona, perdonad,
mostradme la figura y tengamos solaz.
- Dijo ella: -Monseñer, vos mismo la mirad:
todo lo que quisieres hacer, hacedlo audaz.

Miró don Pitas Payas el sabido lugar
y vio aquel gran carnero con armas de prestar.
-¿Cómo, madona, es esto? ¿Cómo puede pasar
que yo pinté un cordero y encuentro este manjar?

Como en esta razones es siempre la mujer
sutil y mal sabida, dijo: -¿Qué, Monseñer?
¿Petit corder, dos años no se ha de hacer carner?
Si no tardáseis tanto aún sería corder.

Por tanto, ten cuidado, no abandones la pieza,
no seas Pitas Payas, para otro no se cueza;
incita a la mujer con gran delicadeza
y si promete al fin, guárdate de tibieza.

Arcipreste de Hita

 

Para ver e ouvir Paco Ibañez a cantar «Consejos para un galán» do Arcipreste de Hita  clicar AQUI   

Para Ler:

adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

                                                                      

Leitura Obrigatória (CXXIII)

    São de leitura obrigatória os estudos de Eugénio Rosa sobre a realidade económica e social de Portugal: 

«Em Portugal, as mulheres continuam sujeitas a uma profunda discriminação depois de se reformarem. Isto porque de acordo com dados constantes das Estatísticas da Segurança Social, divulgados pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, a pensão media das mulheres na invalidez é 76,5% da do homem e, na velhice, é somente de 60,5%. E entre 2008 e 2009, esta desigualdade até se agravou pois os aumentos médios este ano nas pensões de invalidez foram de 35 cêntimos por dia para os homens e apenas de 27 cêntimos para as mulheres; e nas pensões de velhice, os aumentos médios, entre 2008 e 2009, foram de 44 cêntimos por dia para os homens e de apenas 27 cêntimos para as mulheres.

Na Administração Pública, contrariamente àquilo que o governo e os seus defensores nos media pretendem muitas vezes fazer crer, existem muitos trabalhadores que se aposentam com pensões muito baixas. De acordo com o Relatório e Contas da CGA, 40,6% dos aposentados da Administração Pública recebem pensões inferiores a 750 euros, e 13,4% recebem mesmo pensões inferiores a 250 euros por mês. No entanto, quando se fazem comparações entre as pensões do sector privado e do sector público normalmente este situação é esquecida e é também esquecido o facto de que mais de 40% dos trabalhadores da Administração Pública possuem o ensino superior, enquanto no sector privado essa percentagem é inferior a 15%. Este facto determina que a pensão média na Administração Pública tenha de ser necessariamente superior ao do sector privado, pois se 40% dos trabalhadores do sector privado tivessem também uma formação superior a remuneração média e, consequentemente, também a pensão média seriam mais elevadas. Para além disso, a carreira contributiva média na Administração Pública (28,8 anos) é superior ao do sector privado (23,4 anos). E isto já para não falar dos trabalhadores da Administração Pública descontarem sobre a remuneração total, enquanto no sector privado, devido à pressão dos patrões com o objectivo de pagarem menos para a Segurança Social, a base de desconto é, em média, inferior em cerca de 30% ao pago ao trabalhador. Mas estes factos são esquecidos quer pela propaganda governamental quer pelo pensamento neoliberal dominante nos media com objectivo de dividir os trabalhadores e de os atirar uns contra os outros.»

                                                      

Festa do «Avante!» 2008 - Espaço Ciência

                                                        

“Ensinar a olhar os problemas que a humanidade enfrenta através dos olhos da ciência poderá certamente trazer um importante contributo para a democracia, para a qualidade de vida dos cidadãos, para o bem-estar de toda a sociedade” (Granado e Malheiros, jornalistas).

                        
OS 5 SENTIDOS
Sentir a vida, transformar o mundo!

                                                       
    A exposição de ciência da Festa do Avante! tem abordado temas tão relevantes como a astronomia, a física, a robótica, os materiais e as sua propriedades, a água, a energia, a fome, os recursos geológicos e até os transportes terrestres.

A escolha dos temas, embora muitos outros ainda estejam por abordar, vai ao encontro da urgência de assumirmos estas questões reais, prioritárias e cada vez mais graves para as actuais e futuras gerações, numa perspectiva científica, tecnológica mas também política.

Num processo dialéctico de permanente questionamento, este ano propomo-nos apresentar uma exposição que tem por base os 5 sentidos.

Como comunicar sem um ou mais sentidos? Será a nossa visão igual à dos outros animais? Podemos saber a idade de uma estrela apenas olhando para ela? Qual a relação entre o nosso equilíbrio e a nossa audição? Porque sentimos frio e calor?

Estas são algumas das questões que serão abordadas este ano no espaço Ciênci@vante!, propondo aos visitantes uma incursão pelos cinco sentidos humanos e embarcando numa viagem pela transformação do nosso mundo. As nossas acções e interpretações sobre o meio que nos rodeia estão amplamente ligadas à nossa capacidade de percepcionar a informação que nos chega a cada momento. Cada sentido é uma ponte entre o homem e a sociedade, e cabe a cada um de nós, como membros dessa sociedade, entender, construir e sustentar estas pontes.

    Este é o fio condutor de uma exposição que pretende explicar cientificamente como funcionam os nossos sentidos, o que acontece na ausência ou deficiência desses sentidos, porque é que são tão importantes no nosso dia-a-dia, quais as repercussões na forma de comunicar e quais as principais diferenças com os sentidos de outros animais, como é que os avanços tecnológicos podem contribuir para a replicação dos sentidos e os benefícios da sua aplicação na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, entre muitas outras curiosidades.

Os 5 sentidos são ponto de partida para outras abordagens indissociáveis dos actuais problemas no sector da saúde, da empregabilidade e segurança no trabalho, das acessibilidades e transportes, da educação, da comunicação, da economia entre outros, pelo que também estas áreas serão abordadas ao longo da exposição.

O espaço Ciênci@vante! vai contar, como tem sido habitual, com módulos de Astronomia e Física, com a colaboração, respectivamente, do Astrónomo Máximo Ferreira e do Núcleo de Física do Instituto Superior Técnico. Nesta área interactiva estarão disponíveis de uma forma lúdica, rigorosa e ao mesmo tempo apelativa, experiências e observações que irão pôr em prática alguns dos assuntos levantados pela exposição.

Os debates, as palestras, a arte da escultura, a literatura e o espaço criança irão dar um especial contributo para reavivar todos os sentidos, e ajudar a consolidar algumas das pontes que poderão transformar o nosso mundo.

Mais uma razão para nos encontrarmos na Festa do Avante!

Não há Festa como esta!

                                          

                                                        

Maria Alda Nogueira: Uma mulher, Uma vida, Uma história de amor (X)

   Conclui-se hoje o que se iniciou no dia do 85º aniversário do seu nascimento [19/03]: a transcrição integral de um texto da autoria de Helena Neves, com edição do Movimento Democrático das Mulheres (MDM) sobre Maria Alda Nogueira. Foi publicado em 1987 por ocasião da entrega pelo MDM da Distinção de Honra, numa homenagem a uma vida dedicada à defesa da igualdade, da justiça social e da paz.

       

(conclusão)

Encontros e retornos de uma mulher


ABRIL E DIAS QUE DE SI VÊM

          

É na clandestinidade, mas ausente na Bélgica, com o estatuto de refugiada política, que Alda Nogueira recebe a nova de seu país liberto, a notícia do povo nas ruas, das armas depostas na guerra, da paz a nascer nos rostos, no sono tranquilo das manhãs tranquilas, nas vozes soltas das mulheres, no tempo de todas as esperanças e alegrias consentidas.

Alda Nogueira regressa então. Ao país. Ao bairro, ao Largo de Alcântara. A casa. Revê a escola, a rua onde a avó a aguardava e detinha em cada tarde, o prédio onde vivia essa amiga tão querida, a Helena. A casa está quase vazia de gente, mas a memória habita-a, recheia-a, rompe os silêncios, a solidão. E no bairro, há de novo um outro som, uma outra agitação, a da fala, a do encontro sem cautelas.

Alda Nogueira regressa para a luta. Pelos direitos da mulher. E por um outro tempo que este apenas avizinha.

Membro do C.C. do PCP, é deputada de 1975 a 1985, Presidente da Comissão Parlamentar da Condição Feminina de 1983 a 1985, ela permanece activa, interveniente, inquieta.

Membro do Conselho Nacional de Mulheres Portuguesas, é também e ainda no combate pela libertação da mulher que se move – faz mover outras mulheres – com paixão, empenhamento constantes.

Colabora no Suplemento “A Mulher” do Diário.

Publica os livros infantis escritos ou imaginados na prisão: “Viagem numa Gota de Água” e “Viagem numa Flor” e tem no prelo “As coisas também se zangam” com ilustrações de Ana Maria Cunhal.

Tem 64 anos. E toda uma vida à frente. Basta olhá-la. Ouvi-la. Encontrá-la na Gulbenkian, no teatro ou no cinema – esse vício ganho na juventude graças a um pai liberal que autorizava a sua ida sozinha às salas escuras num tempo em que tal se não usava em meninas. Basta vê-la com a última obra de Margueritte Yourcenar, ou de Margueritte Duras, ou de Saramago, na mão. Ouvi-la discordar. Contestar. Subverter enfim.

«Considero-me feliz e realizada, embora haja lacunas. Há aspectos em que fui defraudada, mas quem não foi, quem de nós que vivemos a maior parte da nossa vida sob o fascismo?

Como mãe, o meu filho compensa-me do que eu sonharia

Como mulher, guarda recordações inesquecíveis.

«Descobri coisas que nem sequer pensava ser possível descobrir. Trabalhei e conheci pessoas extraordinárias.

Penso que só numa sociedade em que todos tenham acesso a tudo, a mulher poderá acabar com as discriminações. É um processo lento e não compensatório. Há problemas que não vão estar resolvidos tão cedo. Estou metida neste processo, não verei o seu fim, mas a minha preocupação é dar a conhecer às jovens de hoje, o que as mulheres fizeram. E tanto que foi!»

É uma mulher viva. E cheia de vida!

Tem 64 anos. Dou por mim sempre a pensar nela como se fosse uma mulher da minha geração.

              
Helena Neves
                

Maria Alda Nogueira: Uma mulher, Uma vida, Uma história de amor (IX)

   Iniciou-se no dia do 85º aniversário do seu nascimento [19/03] a transcrição integral de um texto da autoria de Helena Neves, com edição do Movimento Democrático das Mulheres (MDM) sobre Maria Alda Nogueira. Foi publicado em 1987 por ocasião da entrega pelo MDM da Distinção de Honra, numa homenagem a uma vida dedicada à defesa da igualdade, da justiça social e da paz.

       

(continuação)

Encontros e retornos de uma mulher


A LIBERDADE AINDA AUSENTE

          

A saída era como que um renascer. Mas doloroso. Dolorosamente vivido. Um reaprender dos gestos, do próprio andar, da vivência com os outros:

«O tempo tem uma contagem conforme se vive mais ou menos os acontecimentos. Ao fim de cinco anos de cadeia deixamos de ter a noção dos dias. O tempo deixa de contar. A sensação de sair liberta sozinha foi horrível. Eles tinham dito que eu saía e eu disse ao meu irmão para estar lá à minha espera. Anteciparam 24 horas e sai só, com duas malas grandes, num mundo que tinha mudado tanto.

À porta da António Maria Cardoso foi horrível, não podia com as malas. Meti-me no eléctrico até à Rua do Ouro. Aí, meti-me num táxi e disse ao homem para me levar a Alcântara, ao Largo do Calvário.

Eram destruidores, malvados até ao fim. Quando saí tinha dificuldade em andar. Lembro-me de ir na rua com o meu filho e parecia-me ter um tapete rolante que me levava a cair. Fez-me muita impressão ver as pessoas juntas num eléctrico, num autocarro. Sentia as pessoas com um ar muito triste. O primeiro filme que fui ver o “Romeu e Julieta”. Quando veio o intervalo e vi todas as pessoas juntas, fiquei agoniada e vomitei o jantar todo e tive de me vir embora.»

A vertigem dos espaços abertos. Sem grades. E o roçar da gente que vai ao nosso lado ou atrás de nós e passa à frente, e não é, afinal, um inimigo, como temíamos no coração feito pássaro de susto. Mas pode ser também a inocência no rosto apenas máscara, disfarce, armadilha.

«A maior partida não foi o amor que ma pregou, mas sim o fascismo. Se um homem andava atrás de mim, pensava logo que era PIDE.»

Em liberdade condicional, mas constantemente vigiada e perseguida, Alda vê-se forçada a retomar a clandestinidade, o risco maior da luta.

(continua)

            

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    218. S
    219. O
    220. N
    221. D