O imperialismo está gágá e o Rei vai quase nu
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A causa imediata da demissão foi um artigo da revista Rolling Stone em que McChrystal e seus colaboradores disparam em todas as direcções, incluindo contra altos representantes do poder político dos EUA. O artigo traça um quadro de profundas clivagens, revelando a causa de fundo de tanta baixa política: o fracasso completo da guerra, ao fim de nove anos de ocupação de um dos países mais pobres do planeta pelas mais ricas e poderosas potências imperialistas dos nossos dias. Dá que pensar. Segundo a Rolling Stone, «o staff do General é uma colecção escolhida a dedo de assassinos, espiões, génios, patriotas, manipuladores políticos e maníacos completos». Quem somos nós para desmentir? O articulista afirma que o General «ficou manchado por um escândalo de abuso de presos e tortura em Camp Nama, no Iraque. [...] foi extremamente bem sucedido como chefe da Joint Special Operations Command, as forças de elite que executam as mais sombrias operações do Governo. Durante a escalada no Iraque, a sua equipa matou e capturou milhares de insurgentes [...] “a JSOC era uma máquina de morte” afirma o Major General Mayville, seu chefe de operações». Mas na sua parte final, o artigo faz-se porta-voz de queixas de que o General McChrystal não deixava matar o suficiente no Afeganistão, acrescentando: «quando se trata do Afeganistão, a História não está do lado de McChrystal. O único invasor estrangeiro que teve algum êxito aqui foi Gengis Khan – e ele não estava limitado por coisas como os direitos humanos, o desenvolvimento económico e a fiscalização da imprensa». Direitos humanos? Desenvolvimento económico? Fiscalização da imprensa? De qual Afeganistão estão a falar? No artigo refere-se que «McChrystal admitiu recentemente que “matámos um número impressionante de pessoas”» mas corta-se a parte final da frase do General: «mas tanto quanto sei, nenhuma delas se veio a provar uma ameaça» (New York Times, 26.3.10). A confissão pelo mais alto responsável militar de que a guerra da NATO no Afeganistão é um crime monstruoso contra a população civil não foi considerado tema noticioso.
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(sublinhados meus)
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