Afirmar uma outra alternativa
No passado sábado, dia 26 de Fevereiro, o PCP realizou em Coimbra um Encontro subordinado ao tema «Agricultura familiar do mundo rural – Soberania alimentar para Portugal».
Ao contrário do que sistematicamente José Sócrates e o seu governo afirmam, os comunistas portugueses não se limitam a denunciar políticas. Políticas, sublinhe-se, que estão a conduzir Portugal para uma situação de desastre nacional. Não. O PCP apresenta propostas e soluções e afirma uma outra alternativa.
Como foi frisado, o principal problema neste sector é vermos, todos os dias, explorações agrícolas a fechar e o défice agro-alimentar a aumentar a cada ano que passa. Os números apresentados ilustram bem esta realidade e são arrasadores.
Em 30 anos desapareceram mais de meio milhão de explorações agrícolas. São quase 50 explorações encerradas por dia, dia após dia, mês após mês, ano após ano! O número de efectivos animais diminuiu nos ovinos, nos caprinos e nos suínos.
Só na Beira Litoral, por exemplo, desapareceu uma em cada três explorações. A área de vinha diminuiu em um terço. O efectivo leiteiro reduziu em 20%.
O nosso país já importa mais de dois terços do que consome. E tem um défice da balança alimentar que já tende para os 4 mil milhões de euros anuais!
Esta situação tem causas e responsáveis. E os responsáveis têm nome. São os sucessivos Governos, do PS e do PSD, com a ajuda do CDS. Governos que entregaram a agricultura portuguesa a troco de uns patacos.
O contraste não podia ser maior. Os agricultores portugueses querem produzir e sabem produzir. Mas de cada vez que lançam as sementes à terra estão a perder dinheiro. Que maior prova que este modelo e estas políticas falharam?
Qual a outra alternativa?
Uma política agrícola que respeite e considere estratégica a agricultura familiar e os pequenos e médios agricultores. Que respeite os agricultores, garantindo-lhes rendimentos dignos, em troca da produção realizada. Que promova o desenvolvimento integrado da agricultura nas suas dimensões agro-produtiva, agro-ambiental e agro-rural, tendo em conta a inter-relação das situações de pluriactividade e pluri-rendimento. Que assegure a soberania alimentar dos povos e a segurança da qualidade alimentar do país. Que contribua para a atenuação das assimetrias regionais, estabelecimento de equilíbrios territoriais, nomeadamente demográficos e etários, do espaço rural.
Resumindo, políticas que defendam o desenvolvimento da agricultura e a produção nacional.
Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação
In "Jornal do Centro" - Edição de 04 de Março de 2011
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