A Crise do Sistema Capitalista: Dívida pública-dívida privada
Se se considerar apenas os 90 principais bancos europeus, é preciso saber que nos próximos dois anos eles deverão refinanciar dívidas no montante astronómico de 5 400 mil milhões de euros. Isto representa 45% da riqueza produzida anualmente na União Europeia.
Desde 2007-2008, os bancos, as companhias de seguro, os fundos de investimento deslocaram as suas actividades especulativas do mercado imobiliário para o mercado das dívidas públicas, o das divisas (onde se intercambia a cada dia o equivalente a 4 milhões de milhões de dólares dos quais 99% correspondem à especulação) e o dos bens primários (petróleo, gás, minerais, produtos agrícolas). Estas novas bolhas podem explodir de um momento para o outro.
Os banqueiros europeus detêm mais de 80% da dívida total dos países de um conjunto de países europeus em dificuldade como a Grécia, Irlanda, Portugal, países do Leste europeu, Espanha e Itália. Em volume, os títulos da dívida pública italiana representam 1 500 mil milhões de euros. O que é mais do dobre da dívida pública da Grécia, da Irlanda e de Portugal tomada em conjunto. A dívida pública da Espanha atinge 700 mil milhões de euros (metade da Itália).
A Itália deve tomar emprestado cerca de 300 mil milhões de euros em Agosto de 2011 e Julho de 2012 pois é este o montante das obrigações que chegam ao seu termo durante este curto lapso de tempo.
As necessidades da Espanha são claramente inferiores, cerca de 80 mil milhões de euros, mas ainda assim é uma soma considerável.
Segundo o último relatório do McKinsey Global Institute, a soma das dívidas privadas à escala mundial eleva-se a US$117 milhões de milhões, ou seja, cerca do triplo do conjunto das dívidas públicas cujo volume atinge US$41 milhões de milhões.
Letónia, uma economia situada fora do circuito do euro. Desde a explosão da crise em 2009 o desemprego subiu até 23%, o PIB caiu 25%, os salários do sector público foram reduzidos nuns 30% e 75% dos trabalhadores sofreram cortes de rendimentos. Num clima de encerramento de escolas e hospitais a emigração massificou-se.
A dívida da Grécia é tão monumental que nem sequer com um crescimento contínuo de 8% ao ano durante 20 anos conseguiria diminuir seu passivo para os parâmetros iniciais da União Europeia.
O ministro das Finanças inglês, Osborne, afirma que «a zona euro é o epicentro dos problemas globais» o que, não deixando de ser verdade, esconde o facto de o Reino de Sua Majestade ser (per capita) «o país mais endividado do planeta» (Independent, 19.6.11).
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