Semana de luta
Decorreu de 20 a 27 de Outubro uma semana de luta organizada pela CGTP-IN e pelos sindicatos nela filiados. Caracterizou-se por uma forte dinâmica reivindicativa. Assentou na realização de um vasto conjunto de greves e paralisações nos locais de trabalho, quer no sector público, quer no sector privado. Bem como em acções com expressão de rua. Numa luta que tem de ser cada vez mais geral contra o pacto de agressão imposto pelas troikas do PSD/CDS/PS e do BCE/FMI/União Europeia.
Portugal está confrontado com a apresentação pelo Governo PSD/CDS, de um novo e agravado programa de austeridade, sem paralelo desde o 25 de Abril. Este novo pacote de medidas não significa apenas a recessão económica, o empobrecimento generalizado da população e o aumento do desemprego. Representa também um ataque brutal à democracia. Põe em causa princípios basilares e direitos e garantias fundamentais, consagrados na Constituição da República Portuguesa. Constituição, sublinhe-se, que Presidente da República e governantes juraram cumprir e fazer cumprir.
Estamos perante um verdadeiro pacto de agressão aos trabalhadores, ao povo e ao país. As medidas apresentadas são desastrosas, porque não só não resolvem a crise da dívida, como a agravam. Estas medidas, a concretizarem-se, mergulhariam ainda mais o país na recessão económica. Recessão que o Governo já admite venha a ser da ordem dos 3% em 2012. O que irá agravar, em vez de reduzir, o peso da dívida.
As medidas das troikas são inaceitáveis, porque criam um ciclo destrutivo de austeridade, de mais recessão e aumento da dívida. A exemplo aliás do que está a acontecer na Grécia, com os resultados desastrosos que hoje estão à vista de todos. O nosso país não tem futuro com uma política que subordina os interesses nacionais ao capital nacional e multinacional e à estratégia das grandes potências europeias.
O empobrecimento dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas e da população em geral é injusto e intolerável. Mas não só. A quebra do poder de compra está a ter efeitos devastadores no mercado interno, levando ao encerramento de empresas e à consequente perda de postos de trabalho. A generalidade da população, dos trabalhadores, dos jovens, dos desempregados e dos reformados e pensionistas está a pagar a factura de uma crise que não provocaram.
Falemos claro. Foram as políticas seguidas por sucessivos Governos PS, PSD, com ou sem o CDS, que levaram às perdas de competitividade da economia portuguesa. Que conduziram à destruição de parte significativa do nosso tecido produtivo. Que se traduziram em contratos ruinosos para o Estado no âmbito das parcerias público-privadas. Que criaram um buraco de mais de 7 mil milhões de euros no BPN. Que se expressaram na não canalização do crédito ao sector produtivo. Que acarretaram a falta de eficiência e a baixa produtividade de muitas empresas. Que amamentaram a corrupção, a fraude e evasão fiscais e a economia clandestina.
Os buracos de que Pedro Passos Coelho e tutti quanti falam têm origem nestas políticas levadas a cabo por sucessivos governos. E que este prossegue e agrava. Estamos perante uma política de autêntica terra queimada. A não ser travada, conduzirá a efeitos desastrosos no desenvolvimento de Portugal.
O país precisa de uma outra política que exija a renegociação da dívida – dos prazos, dos juros e dos montantes a pagar. E que promova o crescimento. Aposte na dinamização do sector produtivo. Garanta o aumento dos salários e das pensões. Assegure a defesa e o reforço das Funções Sociais do Estado e dos serviços públicos. Valorize o trabalho e dignifique os trabalhadores.
Por tudo isto faz todo o sentido a convocação de uma Greve Geral para o dia 24 de Novembro de 2011. Greve Geral contra a exploração e o empobrecimento. Greve geral por um Portugal desenvolvido e soberano. Greve Geral pelo emprego, pelos salários, pelos direitos, pelos serviços públicos.
Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação
In "Jornal do Centro" - Edição de 29 de Outubro de 2011
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