Cada cavadela cada minhoca
Este governo PSD/CDS de Pedro Passos Coelho e de Paulo Portas anda num frenesim de lacaios que querem mostrar serviço aos seus patrões. Os grandes grupos económicos nacionais e estrangeiros mandam e eles obedecem, cegamente, sem pôr em causa as ordens recebidas.
A soberania nacional foi mandada às urtigas. O último resto de decência e vergonha seguiu há muito o mesmo caminho. A mentira descarada é o pão-nosso de cada dia.
«É preciso libertar o Estado de pagar, no futuro, pensões extraordinariamente elevadas, porque isso já não é protecção, é sim gestão de poupanças». Quem afirmou tal despautério foi o actual ministro da Solidariedade, Mota Soares. Personagem que, no Governo e fora dele, passou a ser conhecido pelo Pedro «Audi» Soares depois do escandaloso episódio da troca de lambreta por um automóvel de 86 mil euros.
Só que a realidade, como ele muito bem sabe, é outra. No sistema público de Segurança Social, em 2010, havia apenas 869 titulares com pensões superiores a 5.000 euros. O que significa que, no universo dos reformados e pensionistas por velhice e invalidez, este número representava apenas 0,05 por cento (!!!).
E há mais. Se a análise for feita na base das pensões superiores a 1.000 euros, então poderemos afirmar que tal universo corresponde a cerca de 5% do número total. Ou mesmo menos se nos cálculos considerássemos os cerca de 700.000 beneficiários da pensão de sobrevivência.
Pois é: lá diz o ditado popular: «a mentira tem perna curta».
E se no regime da função pública a situação é algo diferente, tal deve-se ao facto de os reformados da Caixa Geral de Aposentações integrarem diplomatas, juízes, oficiais das Forças Armadas, professores, médicos, economistas, engenheiros, arquitectos, bem com outros licenciados.
Não há pensões elevadas. Mas se houvesse qual seria o problema? Nenhum! Sublinhe-se que pensões elevadas correspondem a salários elevados e a longos períodos contributivos.
Questão bem diferente é a existência de pensões obscenas que beneficiam pessoas que não atingiram a idade legal da reforma. Pessoas que não contribuíram para o sistema público. Pessoas que, de nomeação em nomeação, foram, sucessivamente, acumulando pensões. Pessoas que, em paralelo, beneficiaram de elevados salários pelo exercício de lugares de administração.
Ao mesmo tempo que profere estas afirmações demagógicas e populistas o Governo PSD/CDS promete aumentar, de acordo com os dados constantes no Orçamento do Estado para 2012, em 5,88 euros (!!!) por mês a pensão social. Em 7,05 euros por mês a pensão dos agrícolas. Em 7,64 euros a pensão daqueles que têm menos de 15 anos de carreira contributiva. Aumentos entre 19 e 25 cêntimos por dia. É uma autêntica pulhice!
E a sem vergonha está longe de se ficar por aqui.
Nestes últimos três meses perderam-se quase 40.000 empregos. Desde o início do ano perto de 100.000. As empresas continuam a encerrar a um ritmo alucinante. A taxa de desemprego entre os jovens atinge os 30%.
Em relação aos salários e às pensões, o roubo vai ter um valor total de 1.870 milhões de euros. A «contrapartida» anunciada é um chamado «Programa de Emergência Social» dotado de uma verba de… 200 milhões de euros! Um programa que impõe às pessoas uma espécie de, nas palavras de Jerónimo de Sousa, «cartão de mendigo» para ter acesso ao desconto na luz ou do transporte. Um programa que coloca cerca de um terço da população na condição de pedinte.
Hoje, como em outras fases decisivas da vida nacional, o caminho é o da exigência de mudança. Este é o tempo de agir para derrotar o pacto de agressão e salvar o País. Perante todos nós está colocada a questão: ou nos conformamos com a destruição do nosso presente e futuro, ou nos levantamos e derrotamos cada uma das medidas do governo, da União Europeia e do grande capital. A resposta a esta questão já está a ser dada pelos trabalhadores e pelo nosso povo.
Unidos e determinados seremos capazes de abrir um caminho novo de esperança para Portugal.
Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação
In "Jornal do Centro" - Edição de 9 de Dezembro de 2011
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