Acordo UGT / patrões / governo agrava as desigualdades e a crise
São de leitura obrigatória os estudos de Eugénio Rosa sobre a realidade económica e social de Portugal:
«Contrariamente à ideia que o governo e os patrões têm procurado fazer passar junto da opinião pública, com conivência da UGT, o chamado "Acordo", que tem a designação "Compromisso para o crescimento, competividade e emprego" com o objectivo de ocultar os seus verdadeiros objectivos já que não vai determinar nem crescimento, nem mais competividade, nem mais emprego; até porque ignora os problemas mais graves da economia portuguesa – quebra significativa do mercado interno; falta de financiamento da economia; aumento das desigualdades – só os agrava, provocando mais desemprego e a transferência de uma parte dos rendimentos do trabalho para os patrões.
A nível de apoios às empresas, os constantes no "Acordo" (1.500 milhões € para PME; empréstimo de 1000 milhões € do BEI para empresas beneficiárias do QREN), destinam-se quase exclusivamente às empresas exportadoras. E isto apesar da quebra acentuada na taxa de crescimento das exportações portuguesas em 2011, e de se prever, em 2012 a recessão económica nos principais parceiros comerciais de Portugal, o que vai agravar ainda mais as dificuldades às exportações. Apesar disso insiste-se nas exportações como o único meio para enfrentar a crise. Enquanto se insiste na mesma politica cujo fracasso é evidente, Portugal gastou em 2010 (em 2011 nada se alterou) 2.757 milhões € com a importação de "animais vivos e produtos do reino animal"; 2.277 milhões € com a de "produtos do reino vegetal"; 3.296 milhões com a de "matérias têxteis e suas obras"; 515 milhões € com a de calçado; 786 milhões € com a carnes; 1.251 milhões € com peixes e crustáceos; 498 milhões € com leite e lacticínios, ovos de aves, mel natural, etc.; 293 milhões € com produtos hortícolas; 510 milhões € de frutas. Portanto, bens que, com um apoio eficaz às empresas que produzem para o mercado interno, podiam ser produzidos no país. No entanto, no ""Acordo" esta importante matéria não é tratada nem são incluídas medidas para promover a produção nacional, a não ser campanhas de sensibilização.»
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