Não posso conceber a prostituição como um trabalho ou uma opção de vida. Para mim a prostituição será sempre uma violência e uma forma de exploração imposta pelo sistema e pela chamada moral.. Temos que lutar para que essa terrível situação seja abolida do mundo, tal como a fome e o analfabetismo.
É verdade que a maioria das vítimas da violência doméstica são mulheres, mas há que esclarecer que isto não se deve a um conflito natural entre homens e mulheres, como pretendem fazer crer os movimentos feministas radicais no seu ataque ao patriarcado (que deve ser atacado, mas por outras razões) mas ao estado de degradação e frustração social a que conduz a exploração capitalista.
Prova? Na Europa, é nos países de sistema capitalista mais avançado (Alemanha, Áustria, Finlândia, etc.) que encontra maiores índices de femicidios e não nos países de patriarcado mais enraizado (Portugal, Espanha, Itália ou França). Na verdade, o homem que quando chega a casa agride de forma indesculpável a mulher, fá-lo não porque seja naturalmente mau, mas porque desde criança foi exposto à ignorância, à miséria, à prepotência e à violência do sistema capitalista. Na impossibilidade de agredir o chefe, o patrão ou o banqueiro, agride a mulher, refugia-se no álcool ou nas drogas.. A solução, consiste recolocá-lo lado a lado com a sua companheira contra a origem dos problemas sociais.
O seu texto não diz, mas podia ter dito, que em Portugal, todos os anos, provavelmente cerca de 50 mulheres são assassinadas às mãos dos seus companheiros ou ex companheiros. Mas também não diz que todos os anos, em Portugal, cerca de 200 homens morrem vítimas de acidentes de trabalho (contra menos de 10 mulheres) exactamente pelas mesmas razões: o sistema capitalista e não o sistema patriarcal nem uma pretensa dominação do homem sobre a mulher.
Sem descurar o apoio às mulheres e o esclarecimento dos homens explorados, não devemos perder de vista as verdadeiras causas das coisas e a luta central do nosso tempo.