Leitura Obrigatória (LXV)
Poemas do «Avante!» (Mário Castrim)
O Mário não sabe nunca onde param os seus textos, sejam eles crónicas ou poemas, contos ou escritos de qualquer outra espécie. Sei de cor versos seus que, quando os cito e lhe pergunto quem os escreveu, responde candidamente que não faz ideia. Em tempos, os meus filhos decoraram-lhe versos de que não se lembrava de ter sido o autor.
Por aqui se entederá, espero, o bom fundamento das razões por que tanto me apliquei nesta recolha apressada, cheia de carências e defeitos. A questão é que eu não queria ser espectador passivo desta autodissolução que me incomoda por injusta e que, se inteiramente conseguida, mutilaria o quadro da poesia portuguesa deste século, designadamente quanto à poesia onde é audível o latejar de um coração revolucionário. Bem sei que que são poucos os poemas aqui reunidos: são os que, de momento, foi possível salvar de uma voluntária dispersão. Mas talvez funcionem como um alerta.
Correia da Fonseca