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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

MateViseu entrou com projecto de licenciamento

Texto de A. Rodrigues
   Viabilizada a vertente sanitária, os responsáveis directos pelo lançamento do ‘novo’ Matadouro de Viseu não têm descurado o exigente processo. Agora foi a vez de fazerem a entrega do projecto licenciamento.
(...)
O projecto, como tem sido anunciado, criará 45 postos de trabalho directos. A sala de desmancha e de corte, com capacidade para ‘despachar’ uma centena de carcaças de bovino/dia, foi apresentada inovadora.
                  
In jornal "Notícias de Viseu" - Edição de 22 de Janeiro de 2008
                       

Faleceu Ivone Dias Lourenço

     Faleceu no passado dia 24 de Janeiro Ivone Dias Lourenço. Nascida em 1937 em Vila Franca de Xira, de origem operária, Ivone Dias Lourenço dedicou toda a sua vida à luta do seu Partido de sempre pela liberdade, a democracia e o socialismo. Membro do PCP desde 1953, participou no MUD na primeira metade da década de 50, foi membro do Comité Local do Porto e desempenhou, ainda antes do 25 de Abril, várias tarefas ligadas ao aparelho técnico do Partido. Na clandestinidade desde 1956, Ivone Dias Lourenço passou sete anos nas prisões do regime fascista. Integrava actualmente o colectivo do «Avante!» sendo desde o 25 de Abril secretária da redacção do órgão central do PCP.
                       
Intervenção de Domingos Abrantes no funeral de Ivone Dias Lourenço             
                                      

Resistir é já vencer! - Entrevista a Jerónimo de Sousa (IV) - Situação internacional

    Continua a publicação da entrevista da revista «O Militante», edição de Janeiro/Fevereiro de 2008, ao secretário Geral do PCP, Jerónimo de Sousa.
    
(continuação)
Como caracterizas, de modo concentrado, a situação internacional actual?

A evolução da situação internacional confirma uma tese central decorrente do nosso XVII Congresso: não diminuíram os perigos, antes aumentaram devido à natureza insaciável e predadora do grande capital contra os trabalhadores, os povos e o planeta.

A exploração, a liquidação de conquistas e direitos sociais assumem uma grande envergadura com o desenvolvimento do militarismo e da guerra, usurpando a soberania a muitos povos.

Incapaz de resolver as crises cíclicas, apesar da sua grande capacidade de adaptação, o capitalismo está a chegar aos seus limites e pode enveredar por aventuras de consequências terríveis para a humanidade. Mas é com a consciência destes perigos que os trabalhadores e os povos resistem, lutam e conquistam soberania e avanços progressistas. Com sacrifícios tremendos, num combate desigual contra o imperialismo e o neoliberalismo, alcançam vitórias impensáveis.


No que respeita a Europa a situação é também contraditória. Por um lado, verifica-se uma retomada de lutas de trabalhadores que encerra um importante significado. Por outro, o processo de integração capitalista reforça-se institucionalmente com a assinatura do chamado «tratado reformador». Como avalia o PCP este novo tratado? E a questão da sua ratificação?

Assistimos a um dos maiores embustes políticos, neste processo que culminou com a assinatura do Tratado dito «reformador». A sua matriz é o decalque da derrotada «Constituição Europeia». A sua natureza neoliberal, federalista e militarista não se alterou. E não se julgue que só o povo português e Portugal perderam. Os outros povos europeus também perderam, na medida em que o directório das decisões políticas está às ordens do grande capital e dos seus interesses, não dos povos respectivos. Perdemos mais porque pesamos menos. A cortina de fumo e o foguetório no processo até à assinatura excluiu os povos do conhecimento dos seus conteúdos.

Reafirmando a frontal oposição ao Tratado, o PCP pronuncia-se pela exigência de um referendo que dê a oportunidade ao povo português de se pronunciar antes da sua ratificação e após um largo e aprofundado debate nacional. O PCP fará mais que a sua parte.

 

O que mostrou o Encontro de Partidos Comunistas e Operários de Minsk, em que o 90.º aniversário da Revolução de Outubro foi o tema central? Há futuro para o movimento comunista?

Uma primeira nota: estiveram no Encontro de Minsk 72 partidos de 59 países de todos os continentes, o que em si mesmo desmente profetas e profecias sobre e morte ou o declínio irreversível do movimento comunista. Encontro realizado no quadro das comemorações dos 90 anos da Revolução de Outubro. Ali se demonstrou que há forças que continuam a manter viva a chama de Outubro que não claudicaram na luta pelo socialismo. Tal como o PCP, são muitos os partidos que consideram ser possível uma nova sociedade mais justas e liberta do jugo da exploração do homem por outro homem.

 

Como vês a evolução da situação no Médio Oriente?

É uma situação grave e perigosa que tem a marca das ambições do imperialismo norte-americano, mas pela qual são igualmente responsáveis as grandes potências da União Europeia, o que se torna mais nítido com o alinhamento da França, com Sarkozy, com os EUA.

A posição do nosso Partido, em relação ao Iraque, ao Afeganistão, ao Líbano é bem conhecida, pelo que quero apenas referir-me a duas outras situações que entretanto lhe estão estreitamente associadas. O Irão, para alertar para a necessidade imperiosa de pôr termo à escalada de sanções e preparativos de agressão que, a concretizarem-se, teriam seguramente as mais dramáticas consequências.  E a Palestina, não apenas para confirmar ao heróico povo palestiniano a activa solidariedade do PCP para com a sua luta nacional libertadora, mas para sublinhar uma vez mais que a questão palestiniana é a questão central do Médio Oriente e que só com a aplicação das resoluções da ONU, a retirada de Israel dos territórios ocupados em 1967 e o reconhecimento do Estado Palestiniano independente, será possível alcançar uma paz justa e duradoura no Médio Oriente. Não foi este o sentido da reunião de Annapolis orquestrada por Bush; o seu objectivo foi o de reforçar o papel criminoso de Israel e procurar levar a Autoridade Palestiniana a vergar-se diante dos opressores do próprio povo palestiniano.

      

E na Venezuela?

O nosso ponto de vista é de que está em marcha um processo profundamente democrático de características revolucionárias que é necessário compreender, apoiar e defender das ingerências e ameaças do imperialismo norte-americano. É uma processo de corajosa afirmação de soberania com traços profundamente originais, apontando o objectivo de uma sociedade socialista e, por isso mesmo, contando com uma extraordinária base de massas, mas também com inimigos poderosos, no plano interno e externo, que conseguiram, embora por uma margem mínima de votos, vencer o referendo de 2 de Dezembro. É nossa convicção de que um tal resultado pode atrasar mas não consegue parar o processo bolivariano, protagonizado pelo Presidente Chavez, e que tem o apoio dos comunistas venezuelanos, aos quais nos unem fortes laços de amizade e de solidariedade internacionalista.

(continua)

                

América latina em notas

Texto de Pedro Campos
    « (...) As primeiras guerrilhas na Colômbia surgiram em 1950 e até Setembro de 2001 nunca foram consideradas «terroristas». Que sucedeu a partir dessa data? George Bush desencadeou a sua guerra contra o terrorismo e o seu capataz colombiano pediu que fossem reclassificadas como «terroristas».
3. Viajemos até Fevereiro de 2001. Para enorme raiva da reacção colombiana, Manuel Marulanda, líder histórico das FARC, recebeu um «medalhão de paz». De um lado tinha imagens religiosas e do outro uma inscrição em latim: «Na Verdade está a Paz». Quem entregou o medalhão ao chefe guerrilheiro foi Andrés Pastrana, presidente colombiano. Interessante, mas não é tudo. Pastrana fê-lo a pedido de... João Paulo II!!! O Papa a enviar presentes a «terroristas» de esquerda?»
(sublinhados meus)
              
Ler Texto Integral
                    

El Pueblo Unido Jamas Sera Vencido

    Quilapayun canta "El Pueblo Unido Jamas Sera Vencido" (clicar para ver e ouvir) em Santiago, diante do Palácio presidencial de La Moneda, poucos dias antes do golpe militar fascista de Augusto Pinochet do 11 de Setembro de 1973
        
El pueblo unido jamás será vencido

(Sergio Ortega)

El pueblo unido, jamás será vencido,
el pueblo unido jamás será vencido...

De pie, cantar
que vamos a triunfar.
Avanzan ya
banderas de unidad.
Y tú vendrás
marchando junto a mí
y así verás
tu canto y tu bandera florecer.
La luz
de un rojo amanecer
anuncia ya
la vida que vendrá.

De pie, luchar
el pueblo va a triunfar.
Será mejor
la vida que vendrá
a conquistar
nuestra felicidad
y en un clamor
mil voces de combate se alzarán,
dirán
canción de libertad,
con decisión
la patria vencerá.

Y ahora el pueblo
que se alza en la lucha
con voz de gigante
gritando: ¡adelante!

El pueblo unido, jamás será vencido,
el pueblo unido jamás será vencido...

La patria está
forjando la unidad.
De norte a sur
se movilizará
desde el salar
ardiente y mineral
al bosque austral
unidos en la lucha y el trabajo
irán,
la patria cubrirán.
Su paso ya
anuncia el porvenir.

De pie, cantar
el pueblo va a triunfar.
Millones ya,
imponen la verdad,
de acero son
ardiente batallón,
sus manos van
llevando la justicia y la razón.
Mujer,
con fuego y con valor,
ya estás aquí
junto al trabajador.

Y ahora el pueblo
que se alza en la lucha
con voz de gigante
gritando: ¡adelante!

El pueblo unido, jamás será vencido,
el pueblo unido jamás será vencido...  
                    

Resistir é já vencer! - Entrevista a Jerónimo de Sousa (III) - Há alternativa

    Continua a publicação da entrevista da revista «O Militante», edição de Janeiro/Fevereiro de 2008, ao secretário Geral do PCP, Jerónimo de Sousa.
    
(continuação)

O grande capital, servindo-se do PS e do PSD, pretende eternizar o sistema de «alternância» e impedir a ruptura com mais de trinta anos de políticas de direita. O silenciamento das lutas e da actividade  do PCP é brutal, como ainda agora se viu em relação à Conferência Nacional do PCP sobre as questões económicas e sociais. Queres comentar?

É sabido que actualmente, com o agravamento da situação, são cada vez mais numerosos os portugueses que condenam esta política. Mas subsiste uma questão primeira que está na cabeça das pessoas: a política alternativa. O PS e a direita e os poderosos meios de comunicação social a «toque de caixa» do grande capital, exercitam ideologicamente as teses das inevitabilidades e do conformismo conducente à ideia de que não há saída.

O PCP demonstra que há.

Por exemplo, a Conferência Nacional não se limitou a uma profunda e rigorosa análise da situação. Fundamentou a necessidade da ruptura democrática com esta política e apresentou propostas para um novo rumo para Portugal, desmontando a tese das inevitabilidades. O poder económico não «brinca em serviço». Se não pode impedir manda silenciar. Aliás, em todo o processo de preparação e debate foi visível o silenciamento ou a imagem e mensagem distorcidas dos conteúdos e objectivos da Conferência, particularmente das nossas propostas.

 

Os ataques a direitos e liberdades fundamentais estão a adquirir uma dimensão  inquietante. Surgiu o Movimento «Fronteiras». Como vê o Partido esta questão

Sempre afirmámos o carácter inseparável das diversas vertentes do regime democrático. Se existe uma violenta ofensiva contra a democracia social e a democracia económica a que os trabalhadores e as populações reagem com luta, o poder económico e o poder político recorrem à repressão, à intimidação e à limitação da liberdade e dos direitos individuais e colectivos. Repare-se que é nas empresas, nos locais de trabalho - e quando se exercem direitos como a greve e a manifestação de protesto - que recai e se acentua o principal ataque a direitos e liberdades fundamentais.

A arrogância e o autoritarismo do executivo de Sócrates constituem prova de fraqueza, mas começa a ser realmente inquietante. Veja-se o exemplo do debate na Assembleia da República promovido pelo PCP sobre direitos e liberdades fundamentais, que levou a Plenário dezenas de facto irrefutáveis. O Governo não só não desmentiu como enveredou pelo anticomunismo mais trauliteiro e requentado.

É neste quadro inquietante que se reclama um rebate das consciências democráticas. O Movimento «Fronteiras» surge assim como uma necessidade que convoca todos aqueles que, independentemente desta ou daquela divergência, não aceitam que a liberdade e a democracia sejam empobrecidas ou mutiladas.


E quanto ao branqueamento do fascismo e ao apagamento do papel do PCP na Resistência e no pós- 25 de Abril ?

Essa operação ideológica de «resgate» do fascismo, e consequente tentativa de apagamento ou mistificação do papel do PCP na luta de resistência ao regime fascista e à sua acção e luta de construção do regime democrático depois de Abril, mais do que o esforço saudosista vai na linha do anticomunismo que se manifesta em particular nalguns países da Europa e corresponde à tentativa de arredar a força política que dá combate sem tréguas aos poderosos, que sempre defendeu e defende os direitos sociais e democráticos, que não se cansou nem cansa de lutar pela emancipação do ser humano.

Procurando reescrever a história as classes dominantes e os seus seguidores querem negar a validade e a actualidade do papel e do projecto do PCP.

 

Voltando à Conferência Nacional, pedimos-te que faças uma breve síntese daquilo que nela é essencial e o que ela representa na luta do PCP por uma alternativa no interesse dos trabalhadores e do povo.

A riqueza da sua preparação, nível da participação, conteúdos e conclusões da Conferência Nacional do PCP não são comportáveis numa resposta singela nem mesmo com esforço de síntese.

Mas há uma ideia força! Portugal não está condenado a ser um país onde prevaleça a injustiça e o atraso.

A resolução dos problemas nacionais exige uma mudança real nos objectivos e conteúdos da política nacional, uma política de efectiva confiança em Portugal e no povo português, assente na dinamização da economia, num sustentado crescimento económico e na valorização do trabalho e dos salários.

Uma política que assuma a ruptura com as orientações e opções dominantes, prosseguidas por este e por outros governos anteriores, uma ruptura que, no respeito pela Constituição e no cumprimento dos princípios fundamentais nela consagrados, assegure uma política liberta dos interesses e orientações do capital monopolista e financeiro, a recuperação pelo Estado das suas responsabilidades económicas e sociais, a soberania e a independência nacionais como valores fundamentais para a defesa dos interesses do país.


Na luta por uma alternativa política que ponha em prática a política alternativa que defendemos, em que questões devemos concentrar a nossa acção, quais as traves mestras da sua construção?

Já com metade do mandato ultrapassado, o Governo PS fez uma opção classista, substituindo a direita nas políticas mais gravosas para os trabalhadores, para o povo e para o país. É à luz desta análise que as condições para uma alternativa de esquerda não estão criadas neste momento. Mas não nos limitamos à constatação. Lembrando as teses emanadas do XVII Congresso, a alternativa política constrói-se na base da luta por uma política alternativa, acumulando forças, alargando a frente social de massas, convocando sectores democráticos num processo dialéctico do «como, para quê e com quem».

A Conferência Nacional apresentou a matriz de uma política alternativa, tendo como perspectiva e referência o projecto do PCP, a sua proposta programática de uma democracia avançada e de uma sociedade socialista.

Continua a haver a necessidade de uma alternativa política de esquerda. Mas, para tal, são condições determinantes para a sua concretização, o alargamento da influência social, política e eleitoral do PCP, acompanhadas pelo desenvolvimento e articulação da luta de massas e de movimentos sociais que, partindo de aspirações e objectivos concretos, exijam uma nova política, uma política de esquerda. Procurando a convergência, a unidade, a cooperação das forças democráticas, tal concepção é inseparável do firme combate e denúncia à política de direita do PS.

Mas a arquitectura e condições para a construção de uma alternativa política de esquerda têm de integrar dois aspectos cruciais:

- A ampliação de uma vasta frente social de oposição e luta contra a política de direita.

- O reforço do PCP junto dos trabalhadores e das massas populares, a afirmação do seu projecto, dos seus valores, vencendo preconceitos; o reforço da sua  intervenção e organização, estabelecendo laços mais fortes com a classe operária e os trabalhadores, com os agricultores, os intelectuais e quadros técnicos, com todos os que sofrem hoje as consequências da política de direita, com todos os que têm como desígnio a justiça social, o progresso e a democracia.

(continua)

                              

Pablo Neruda: Ya parte el galgo terrible

     Sergio Ortega, compositor chileno, escreveu uma versão de "Fulgor y Muerte de Joaquín Murieta", do poeta Pablo Neruda. Canções como Así como hoy matan negros e Ya parte el galgo terrible têm sido interpretadas por destacados músicos chilenos como Víctor Jara, Quilapayún , Inti Illimani e Cuncumén .
            
Ver:
     
Ya parte el galgo terrible


(Pablo Neruda - Sergio Ortega )


Ya parte el galgo terrible
a matar niños morenos.
Ya parte la cabalgata
la jauría se desata
exterminando chilenos
ay que haremos, ay que haremos
ya parte la cabalgata,
ay que haremos, ay que haremos.

Con el fusil en la mano
disparan al mexicano
y matan al panameño
en la mitad de su sueño.

Buscan la sangre y el oro
los lobos de San Francisco,
golpean las mujeres
y queman los cobertizos.

Maldita sea la hora
y el oro que se deshizo
y para qué nos vinimos
de nuestro Valparaíso.
Ya matan a los chilenos,
ay que haremos, ay que haremos
en la mitad de su sueño
ay que haremos, ay que haremos.
                 
Ver e ouvir AQUI uma versão da Academia de Teatro do Instituto Nacional do Chile

 

Adenda em 04/01 às 18h25m: 

                                       

Marcha - Liberdade e democracia!

    para visualizar clique aqui
                                      
Adenda às 12h 40m: O «Avante!», de 24 de Janeiro, sairá com um suplemento especial dedicado ao Código Laboral, onde para além de uma entrevista a Jerónimo de Sousa e das propostas do PCP e do seu papel na luta pela revogação das normas mais gravosas deste Código, haverá também ampla informação nomeadamente em relação aos despedimentos sem justa causa, ao alargamento dos horários de trabalho e à caducidade geral dos contratos colectivos. Esta edição especial do «Avante!» será objecto de uma jornada nacional de venda junto dos trabalhadores e da população em geral, na qual marcará presença o Secretário-Geral do PCP.
        
In Nota
do Gabinete de Imprensa do PCP
               

Resistir é já vencer! - Entrevista a Jerónimo de Sousa (II) - Situação social e política

    Continua a publicação da entrevista da revista «O Militante», edição de Janeiro/Fevereiro de 2008, ao secretário Geral do PCP, Jerónimo de Sousa.
    
(continuação)
Podes fazer uma caracterização concentrada da política do Governo PS?

Este Governo não faz só «mais do mesmo» quando comparado com Governo anteriores e com as suas políticas de recuperação capitalista. A diversidade e a profundidade das suas opções e medidas convergem para a caracterização de uma ofensiva global no plano económico, social, político e cultural e contra a própria soberania nacional.

Nas privatizações, na política fiscal, nas opções orçamentais, no privilegiar da «economia de casino» e na sua financeirização, na aplicação rígida e seguidista da malha apertada do Pacto de Estabilidade e Crescimento, na acentuação das injustiças e desigualdades sociais, no nível do desemprego e das precariedades, na demolição dos serviços públicos e funções sociais do Estado com vista à sua privatização, na claudicação da defesa da soberania como se verifica no Tratado «reformador» da União Europeia, este Governo PS/Sócrates está a fazer o que a direita política faria. Temos como tese que atacada a democracia nas suas vertentes social, económica e cultural, depressa se passa para o ataque à democracia política. As acções repressivas e intimidatórias contra a liberdade sindical, de manifestação e de propaganda começam a banalizar-se. Não são dissociáveis as tentativas de alterar as leis eleitorais para fragilizar o regime democrático.

 

A gravidade da situação e o desenvolvimento da luta parecem estar a suscitar preocupações na área do próprio PS, a verdade porém é que se limitam às consequências de uma política que não só não põem em causa, como procuram justificar...

Pois! Vozes críticas mas «com mão por cima e mão por baixo» do Governo. São «válvulas de escape» e «gritos de alma» que visam confortar muitos eleitores do PS descontentes com a política do Governo. O essencial das declarações são mais de preocupação face ao crescendo da luta e às consequências que podem ter para o PS do que de condenação da política que está a ser realizada.


E certas vozes que vêem da Igreja?

Acho que a hierarquia da Igreja (salvo esta ou aquela opinião publicada) está aquém do sentimento e do descontentamento de muitos católicos atingidos nos seus direitos por esta política do Governo. O próprio papel da JOC e da LOC tem vindo a esmorecer em torno das grandes causas sociais.

 

E quanto ao Bloco de Esquerda, que parece pretender afirmar-se (ver as suas posições em relação à União Europeia, à CM de Lisboa ou à questão sindical) como uma espécie de «ala esquerda» da social-democracia perante um PS rendido ao neoliberalismo e estruturalmente comprometido com o grande capital e com o imperialismo?

Sem julgamentos definitivos, a maior dificuldade para caracterizar o Bloco de Esquerda reside na sua ideologia opaca, à banalização de posições e opiniões diferentes e divergentes entre os seus dirigentes, muitas vezes por razões de conveniência. Por exemplo, em relação ao projecto de Tratado da União Europeia está sempre ausente na sua crítica a concepção federalista. E a declaração recente do seu deputado europeu, em que afirma a dívida de gratidão a Mário Soares por ter levado Portugal à adesão à CEE «mesmo com objectivo de acabar com as veleidades revolucionárias» (!?), é paradigmática.

É condenável querer ser a ala esquerda da social democracia? Em si mesmo não! Agora querer ser sem querer parecer...

 
Em relação ao PSD e à direita em geral, como vês tanto as suas dificuldades como as suas ambições perante um Governo que vai ainda mais além do que a direita poderia na realização das políticas de direita?

O PSD não tem política alternativa nem sequer é alternância, porque o Governo PS em questões económicas e sociais estratégicas dá mais garantias ao poder económico que não teve pruridos em «mudar de cavalo». Aliás, verifica-se que a actual direcção do PSD vai propondo pactos e mais pactos e largando o lastro de causas e bandeiras que podiam estorvar o PS.

É difícil fazer oposição à política que fariam se estivessem no poder. E mais difícil se torna face ao aperto imposto pela direita económica e pelos círculos presidenciais.


E que dizer da cooperação «estratégica» do PS com o PSD e o Presidente da República para impor políticas e (contra) «reformas» extremamente graves para o povo e o país?

Vai na mesma linha! O actual Presidente da República sabe diferenciar o que é táctico e estratégico, o que é essencial e o que é acessório. Dá um ou outro sinal de preocupação social, manda fiscalizar uma ou outra Lei não estruturante, mas incentiva e aplaude políticas e medidas de fundo que servem os interesses e privilégios do grande capital e afrontam os direitos sociais. Quer que o PS vá até ao fim, ou até poder, na execução das políticas de direita sob o chapéu da «esquerda moderna» que, subjectivamente, condiciona e neutraliza muitos votantes do PS, particularmente trabalhadores!

(continua)

                         


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