No passado dia 10 de Dezembro realizou-se em Genebra, na Suiça, a terceira Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Em 2008 iniciou-se a aplicação do mecanismo do Exame Periódico Universal (EPU). Trata-se de um mecanismo para analisar a situação dos direitos humanos em todos os Estados membros do Conselho. Os 192 países, à média de 48 por ano, serão objecto do EPU. O que significa que cada estado será examinado de 4 em 4 anos.
1. A Colômbia foi um dos países em exame em 2008. Contrapondo-se à visão do governo deste país mais de 1.200 organizações sociais e ONG de direitos humanos apresentaram um extenso relatório. Nele se faz um balanço demolidor aos 6 anos de regime de «segurança democrática» do Presidente Álvaro Uribe. Os factos e os números falam por si.
Desde 2002 mais de 1 milhão e 750 mil colombianos foram deslocados à força, num total de 4 milhões de deslocados internos. Entre Julho de 2002 e Dezembro de 2007, pelo menos 13.634 civis (7 por dia…) perderam a vida, à margem de quaisquer combates, em consequência da violência sociopolítica. Destas 13.634 pessoas, 1.477 «desapareceram» de forma violenta. Em 8.049 casos o autor das violações é conhecido: 75,4 por cento são responsabilidade do Estado. Seja por actuação directa dos seus agentes – 1.411 vítimas, 17,53 por cento. Seja por tolerância ou apoio às violações cometidas por paramilitares – 4.658 vítimas, 57,87 por cento. O número de desaparecidos ronda os 30 mil.
Os atentados à vida, à liberdade e à integridade física dos sindicalistas na Colômbia atingiram o número de 2.402. O assassinato de mais de 430 dirigentes sindicais só na vigência do actual governo, demonstra que não existe uma mudança estrutural na violência anti-sindical. O país é campeão do mundo em assassinatos de sindicalistas e de jornalistas: mais de metade dos sindicalistas assassinados em todo o mundo. Mantém-se a violência política contra os povos indígenas. Mais de 1.750 vítimas membros das suas comunidades são a prova.
A situação de pobreza afecta 66 por cento da população colombiana. A indigência atinge outros 8 milhões de pessoas. A Colômbia ocupa o terceiro lugar nos índices de maior desigualdade na América Latina, depois do Haiti e do Brasil.
2. As notícias mais recentes não alteram o quadro neste país da América Latina com uma superfície ligeiramente inferior à de Angola e com mais de 45 milhões de habitantes.
O Presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, enfrenta há meses uma crise política grave. Sessenta parlamentares da sua base de apoio estão presos ou incriminados num escândalo de corrupção, ligações com o narcotráfico e os paramilitares. Tem um primo e conselheiro político, Mário Uribe, preso pelos mesmos motivos. O Supremo Tribunal contesta a legalidade de sua reeleição em 2006, obtida mediante a compra de votos confirmado pela confissão da ex-parlamentar Ydis Medina.
Mais recentemente o Presidente não conseguiu abafar outro escândalo provocado pela revelação de que o Alto Comando do Exército esteve envolvido no assassínio de jovens camponeses. Os seus cadáveres tinham sido apresentados à comunicação social como sendo guerrilheiros abatidos em combate. Soube-se depois que, numa tétrica e miserável encenação, lhes tinham sido vestidos uniformes das FARC. A indignação popular foi enorme. Os seus ecos chegaram ao Congresso. O comandante-chefe do Exército, general Mário Montoya, bem como 27 oficiais e sargentos implicados no crime, foram forçados a demitir-se.
Como já aqui escrevi, dizer que o governo Uribe é o mais à direita da América Latina dá apenas uma pálida imagem do seu posicionamento político e ideológico. O EPU das Nações Unidas confirmou-o.
Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação
In jornal "Público" - Edição de 26 de Dezembro de 2008
Lembrar também que, antecedente próximo da revolução russa, na Comuna de Paris de 1871, o proletariado tomou o poder e, dando prova de um heroísmo de massas, iniciou a construção de uma nova sociedade.
Lembrar que, em Paris, capital de França, durante 102 dias a bandeira vermelha da classe operária flutuou hasteada no município. Lembrar o assalto dos exércitos reaccionários, a monstruosa repressão, o massacre de 30 000 parisienses, um total de 100 000 assassinatos, execuções, condenações a trabalhos forçados.
O Partido Comunista Português condena o massacre da Força Aérea israelita contra a população da Faixa de Gaza, cujo número de vítimas ascende, em poucas horas, a cerca de 200 mortos e várias centenas de feridos.
Este crime, desencadeado na sequência da escalada de violência premeditada por Israel e sustentada nas últimas semanas por várias acções provocatórias, assassinatos de activistas palestinianos e pelo bloqueio humanitário a Gaza é mais um exemplo da continuada política de terrorismo do Estado de Israel contra o povo palestiniano e poderá, a não ser imediatamente interrompido, acarretar perigosas consequências de âmbito regional.
O PCP deplora as reacções da chamada “comunidade internacional” que, sustentando-as em incompreensíveis posições de “equidistância” e “imparcialidade”, abandona mais uma vez o povo palestiniano à mercê da violência sionista, apoiam objectivamente a política criminosa de Israel e demonstram a hipocrisia que caracteriza os discursos em torno do “relançamento do processo de paz do Médio Oriente”.
Expressando a sua solidariedade ao povo palestiniano e a sua homenagem às vítimas dos bombardeamentos de Israel, o PCP reclama do Governo português uma enérgica e inequívoca condenação dos ataques militares contra os territórios e o povo palestiniano e a exigência - junto das autoridades israelitas e nas instâncias internacionais em que participa - do seu fim imediato sem condições prévias, bem como do criminoso bloqueio à Faixa de Gaza.
Nobel Prize-winning playwright Harold Pinter, who has died at the age of 78, strongly opposed the war in Iraq, calling it ''a bandit act.'' In a speech he gave in Sweden, he said President George W Bush and UK Prime Minister Tony Blair should be tried as war criminals for instigating the invasion.
The invasion of Iraq was a bandit act, an act of blatant state terrorism, demonstrating absolute contempt for the concept of international law. The invasion was an arbitrary military action inspired by a series of lies upon lies and gross manipulation of the media and therefore of the public; an act intended to consolidate American military and economic control of the Middle East masquerading - as a last resort - all other justifications having failed to justify themselves - as liberation. A formidable assertion of military force responsible for the death and mutilation of thousands and thousands of innocent people.
We have brought torture, cluster bombs, depleted uranium, innumerable acts of random murder, misery, degradation and death to the Iraqi people and call it 'bringing freedom and democracy to the Middle East'.
How many people do you have to kill before you qualify to be described as a mass murderer and a war criminal? One hundred thousand? More than enough, I would have thought. Therefore it is just that Bush and Blair be arraigned before the International Criminal Court of Justice. But Bush has been clever. He has not ratified the International Criminal Court of Justice. Therefore if any American soldier or for that matter politician finds himself in the dock Bush has warned that he will send in the marines. But Tony Blair has ratified the Court and is therefore available for prosecution. We can let the Court have his address if they're interested. It is Number 10, Downing Street, London.
(...)
Early in the invasion there was a photograph published on the front page of British newspapers of Tony Blair kissing the cheek of a little Iraqi boy. 'A grateful child,' said the caption. A few days later there was a story and photograph, on an inside page, of another four-year-old boy with no arms. His family had been blown up by a missile. He was the only survivor. 'When do I get my arms back?' he asked. The story was dropped. Well, Tony Blair wasn't holding him in his arms, nor the body of any other mutilated child, nor the body of any bloody corpse. Blood is dirty. It dirties your shirt and tie when you're making a sincere speech on television.
L'invasion de l'Irak était un acte de banditisme, un acte de terrorisme d'État patenté, témoignant d'un absolu mépris pour la notion de droit international. Cette invasion était un engagement militaire arbitraire inspiré par une série de mensonges répétés sans fin et une manipulation flagrante des médias et, partant, du public ; une intervention visant à renforcer le contrôle militaire et économique de l'Amérique sur le Moyen-Orient et se faisant passer – en dernier ressort – toutes les autres justifications n'ayant pas réussi à prouver leur bien-fondé – pour une libération. Une red outable affirmation de la force militaire responsable de la mort et de la mutilation de milliers et de milliers d'innocents.
Nous avons apporté au peuple irakien la torture, les bombes à fragmentation, l'uranium appauvri, d'innombrables tueries commises au hasard, la misère, l'humiliation et la mort et nous appelons cela « apporter la liberté et la démocratie au Moyen-Orient».
Combien de gens vous faut-il tuer avant d'avoir droit au titre de meurtrier de masse et de criminel de guerre ? Cent mille ? Plus qu'assez, serais-je tenté de croire. Il serait donc juste que Bush et Blair soient appelés à comparaître devant la Cour internationale de justice. Mais Bush a été malin. Il n'a pas ratifié la Cour internationale de justice. Donc, si un soldat américain ou, à plus forte raison, un homme politique américain, devait se retrouver au banc des accusés, Bush a prévenu qu'il enverrait les marines. Mais Tony Blair, lui, a ratifié la Cour et peut donc faire l'objet de poursuites.Nous pouvons communiquer son adresse à la Cour si ça l'intéresse. Il habite au 10 Downing Street, Londres.
(...)
Aux premiers jours de l'invasion une photo a été publiée à la une des journaux britanniques ; on y voit Tony Blair embrassant sur la joue un petit garçon irakien. « Un enfant reconnaissant » disait la légende. Quelques jours plus tard on pouvait trouver, en pages intérieures, l'histoire et la photo d'un autre petit garçon de quatre ans qui n'avait plus de bras. Sa famille avait été pulvérisée par un missile. C'était le seul survivant. « Quand est-ce que je retrouverai mes bras ? » demandait-il. L'histoire est passée à la trappe. Eh bien oui, Tony Blair ne le serrait pas contre lui, pas plus qu'il ne serrait dans ses bras le corps d'un autre enfant mutilé, ou le corps d'un cadavre ensanglanté. Le sang, c'est sale. Ça salit votre chemise et votre cravate quand vous parlez avec sincérité devant les caméras de télévision.
As perdas demográficas na Ucrânia dos nossos dias ultrapassam várias vezes a mortalidade causada pela fome de 1932-1933, mas sobre isto o governo cala-se. Porquê? A resposta a esta pergunta foi-nos dada por reputados cientistas ucranianos no decorrer de uma «mesa redonda» promovida pelo Partido Comunista da Ucrânia.
Abrindo a «mesa redonda», o secretário do CC do PCU, Gueorgui Vladímirovitch Buíko, salientou: «O que está em causa não é o facto em si da fome, o qual ninguém nega, mas apenas a sua interpretação como genocídio». Gueorgui Vladímirovitch observou que «apesar de a palavra golodomor ter a mesma raiz da palavra golog [fome em ucraniano], o conteúdo de ambas é substancialmente distinto. Golodomor [com frequência nos meios ocidentais é utilizada a expressão holodomor devido à sua maior semelhança com a palavra holocausto (N.T)], não significa apenas uma fome grande, mas é uma concepção ideológica que age sobre a consciência de massas, mais precisamente é um extermínio consciente do povo ucraniano através da fome. E por isso é conveniente começar por ver a partir do quê, onde e como foi engendrado o conceito de golodomor-genocídio». Um projecto especial de Harvard
Sobre as origens do termo golodomor, Gueorgui Tkatchenko referiu que «este conceito surgiu como parte integrante de um projecto especial da Universidade de Harvard que foi utilizado para diversões informativo-psicológicas contra a URSS. Alguns investigadores atribuem a autoria do termo golodomor ao americano James Meiss. Apesar de os seus trabalhos não serem considerados nos meios científicos americanos, os artífices da guerra-fria repararam nele e obteve um lugar de professor na Universidade de Harvard. Todavia, na opinião da maioria dos investigadores, os verdadeiros autores da troca de conceitos foram os nacionalistas ucranianos dos meios da emigração da Galícia [região actualmente no Sul da Polónia, situada a Oeste da Ucrânia]. Nomeadamente, um tal Dmitro Solovei, que em 1944 fugiu da Ucrânia com os alemães. Depois de trocar os patrões alemães pelos americanos, consegue publicar em 1953 nos EUA o livro A Fome na Ucrânia, no qual garante que a fome foi um instrumento de extermínio dos ucranianos. Mais tarde, o tema da “fome-genocídio” foi desenvolvido pelo diplomata e espião britânico Robert Conquest. Pelo seu livro The Harvest of Sorrow, [A Colheita da Dor (1986)], recebeu honorários dos nacionalistas ucranianos. Cientistas ocidentais que analisaram este livro demonstraram que o autor utilizou materiais das crónicas da I Guerra Mundial e fotografias da fome que atingiu a região de Povoljia [Bacia do Volga no Sul da Rússia] em 1921.»
Sobre a alegada negação da fome do início dos anos 30 pelo PCU, Gueorgui Buíko considerou tal afirmação mais do que estranha e citou uma nota redigida por Gueorgui Kriutchkov, deputado do povo eleito em legislaturas anteriores, na qual se recorda que «ainda em 1990, o Politburo do CC do PCU aprovou uma resolução sobre a fome, decidindo a publicação de materiais de arquivo sobre este assunto. A apreciação política contida neste documento assinala que a fome de 1932-1933 constituiu uma tragédia para o povo ucraniano. Para além disso, foram condenados os actos ilegítimos e abusos cometidos no decurso da colectivização. É interessante verificar que se diz praticamente o mesmo na resolução da Conferência Geral da UNESCO de 2007.» Os imigrantes e a ajuda
Existe também muita especulação em torno do número de vítimas da fome. Evocam-se números incríveis e veicula-se um facto «mortífero»: a colheita de 1933 foi feita por imigrantes vindos da Rússia e da Bielorrússia. Aparentemente até existe um decreto que o comprova. «Efectivamente, tal decreto existe», afirmou o professor Vitáli Khartchenko, chefe de redacção da revista Kommunist. «Mas só foi aprovado em 31 de Agosto [de 1933] e aplicado em Novembro quando a colheita já tinha terminado». E quantos imigrantes vieram? «Existem nos arquivos dados absolutamente exactos: 117 mil pessoas. Ora, é evidente que um tal número de pessoas não poderia suprir perdas de “muitos milhões”».
De acordo com Vitáli Khartchenko, «uma das razões da tragédia de 1932-33 na Ucrânia foi a muito má colheita no Povoljie, Sibéria Ocidental e em algumas outras regiões da Federação Russa em 1931. A estas regiões foi prestada ajuda no fornecimento de sementes como determinou uma resolução do CC do PCU(b) [Partido Comunista de Toda a União (bolchevique)]. Uma vez que se considerou que o ano tinha sido relativamente bom na Ucrânia, esta república não recebeu este tipo de ajuda. Para além disso, nas condições da industrialização acelerada, foi estabelecido um plano de aprovisionamento de pão muito exigente. Contudo, se não tivesse havido a fome de 1931 na Rússia e uma brusca queda dos preços dos cereais nos mercados internacionais (o que obrigou a aumentar as exportações de cereais), o mais certo é que teria sido evitado um tão trágico desenvolvimento dos acontecimentos.
«Na revista Kommunist foram publicadas todas as resoluções do CC do PCU(b) respeitantes à Ucrânia. Desde 1932, a Ucrânia recebeu ajuda permanente: sementes, víveres e rações. Da mesma forma, o plano de aprovisionamento de cereais foi reduzido em 200 milhões de puds[antiga medida russa equivalente a 16,3 kg], em comparação com 1931. Posteriormente, por ordem de Stáline, baixaram mais 40 milhões e, mais tarde, ainda mais em 70 milhões.» Goebbels e os SBU
Vitáli Khartchenko chamou ainda a atenção para o facto de que «até alguns adeptos da histeria iniciada pelo actual presidente da Ucrânia começaram a evitar a palavra genocídio. Isto apenas testemunha a fragilidade das suas posições.»
Um interessante exemplo, que refuta o carácter planeado da fome, foi dado pelo responsável pelo departamento de ideologia do CC do PCU, Vladimir Pustoboitov: «Ao longo da guerra a Alemanha de Hitler praticamente não utilizou o tema do “terror pela fome”, do qual, dir-se-ia, poderia ter tirado proveito em termos propagandísticos. Todavia, eles conheciam as informações autênticas sobre o assunto. O consulado da Alemanha na Ucrânia preparou nesses anos relatórios escritos para o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Estes documentos estão publicados. O que neles se diz é que o governo soviético não calculou bem os seus recursos. Nunca é sequer referida a possibilidade de uma fome planeada. Estes documentos eram conhecidos nos serviços de Goebbels e após a sua análise desistiram do assunto.» Os participantes na «mesa redonda» recordaram ainda as exposições sobre o golodomor, realizadas regularmente pelos Serviços de Segurança da Ucrânia (SBU), onde praticamente todas as fotografias se referem à fome de 1921 na região do Povoljie. Para além disso, o reitor da Universidade Popular Judaica, Aleksandr Naiman, acusou os SBU de anti-semitismo. Apresentou como prova a lista elaborada pelo SBU dos colaboradores do NKVD-GPU [Comissariado dos Assuntos Internos-Direcção Política Estatal da URSS] alegadamente implicados na organização do golodomor. Nesta lista, referiu, «figuram pessoas que nunca poderiam ter sido “organizadores” do golodomor, desde responsáveis dos departamentos de transportes e de estatística ao representante da Crimeia, que nessa altura não fazia parte da Ucrânia. Mas o principal é a selecção cuidadosa dos nomes, quase todos russos e judeus. Acresce que, em relação a estes últimos, fizeram questão de colocar entre parêntesis os seus verdadeiros apelidos nos casos em que a sua origem judaica não era perceptível através dos nomes que haviam adoptado.»
Aleksandr Haiman recordou que «na altura do “Caso dos Médicos” e da luta contra os “cosmopolitas apátridas”, em alguns jornais soviéticos apareceram decifrações semelhantes dos apelidos de pessoas sob investigação. Stáline disse então que “isto tresanda a anti-semitismo”. Hoje os SBU não só tresandam como estão impregnados dessa essência.»
Cobrindo as pistas do crime
Qual é a razão desta acção concertada e sistemática para inculcar na consciência de massas a noção de golodomor-genocídio? O politólogo Viktor Pirojenko assinalou que «as maiores perdas humanas provocadas pela fome ocorreram na população da Ucrânia Ocidental, que está hoje orientada para a amizade com a Rússia. Por isso, este conceito é utilizado antes de mais para desacreditar o passado comum russo-ucraniano e visa associar a Rússia à imagem do inimigo.»
Além disso, o poder tenta assim cobrir as pistas dos seus próprios crimes contra o povo. A este propósito o professor Mikhail Rodionov observou que «as perdas demográficas da actual Ucrânia ultrapassam largamente a mortalidade nos anos da fome. A população da Ucrânia diminui sistemática e constantemente. Em algumas regiões do Leste do país a população diminuiu 20 por cento. Estamos em presença de uma política orientada para o extermínio dos seus próprios cidadãos. Procurando adiar o momento em que, mais tarde ou mais cedo, terá de responder pelo genocídio real e não mítico, o regime cria uma cortina de fumo sob a forma de golodomor-genocídio.»
(sublinhados meus)
*Publicado em Rabotchaia Gazeta, n.º 215, de 21 de Novembro de 2008 Original russo disponível AQUI Tradução portuguesa: Redacção do Avante!
In jornal "Avante!" - Edição de 24 de Dezembro de 2008
Anunciam e prometem mais regulação e mais transparência, mas no que estão a pensar é salvar os infractorese o perverso sistema que os suporta e sustenta na versão neoliberal, aqui e na Europa do grande capital multinacional.
«THE Nato war is a bandit action, committed with no serious consideration of the consequences, confused, ill thought, miscalculated, an act of deplorable machismo. Yet, according to opinion polls most British people support this war, believing we may have a moral duty to intervene and the moral authority to do so.
What is moral authority? Where does it come from? How do you achieve it? Who bestows it upon you? How do you persuade others that you possess it? You don't. You don't have to bother. What you have is power. Bombs and power. And that's your moral authority. »
A eleição de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos significa a continuação das políticas pro-imperialista e pro-capitalista a nível externo e doméstico. A eleição de um afro-americano como presidente dos EUA representa um progresso nos Estados Unidos e uma oportunidade para o avanço das lutas dos trabalhadores e dos pobres. Ambas as afirmações são verdadeiras. As duas asserções contradizem-se, mas não se anulam. Coexistem. São contraditórias porque a campanha de Obama e a sua eleição são acontecimentos contraditórios.
Na maioria dos países da Europa Ocidental, a generalidade dos partidos e dos média de direita apoiou Obama. Mais, apresentaram a vitória de Obama como sinónimo de mudança na natureza dos EUA. Como o fim dos constrangimentos neoconservadores da administração Bush, Washington abrir-se-ia agora ao diálogo com os aliados europeus. Deixa de ser preciso, argumentam, que os europeus sejam anti-EUA.
Trata-se, evidentemente, de um falso argumento. As forças dominantes controlam firmemente as eleições nos EUA. Apesar de haver diferenças na composição dos partidos Republicano e Democrata, ambos servem os interesses dos ricos e poderosos. Ambos conduziram os EUA para guerras de agressão. Por exemplo, os democratas invadiram a Coreia e o Vietname, os republicanos invadiram o Iraque e o Afeganistão. E nenhuma eleição pode mudar a natureza intrínseca dos EUA.
A maioria dos ricos e poderosos nos EUA começaram a apoiar a campanha de Obama depois de previsões secretas terem mostrado que o talentoso político negro podia ganhar. Estas forças queriam uma administração equivalente ao que em termos europeus pode designar por «grande coligação». Nos EUA, esta coligação deveria incluir todo o Partido Democrata e todos os republicanos, à excepção da extrema-direita. A maioria das forças dominantes apoiou Obama porque ele se revelou o mais capaz dos candidatos para conseguir esta coligação governamental pro-capitalista.
Nomeações do grupo Clinton para o governo
As nomeações de Obama, muitas das quais ligadas à administração Clinton de 1990, mostram qual é a a sua opção. A sua secretária de Estado, Hillary Clinton, é uma centrista com estreitas ligações ao Pentágono. O seu secretário da Defesa, Robert Gates, é um republicano, um escolhido por Bush, que continua no seu posto, mas sem estreitas ligações aos ultraconservadores.
O pro-empresário Tim Geithner da direcção da Reserva Federal de Nova Iorque será o secretário do Tesouro. Richard Rubin, que ocupou esse lugar na administração Clinton, e o presidente da Harvard, Larry Summers, serão os conselheiros económicos de Obama. Todos eles estiveram envolvidos na desregulamentação do sector bancário.
Nenhum dos designados de maior relevo é oriundo do que é considerada a «esquerda» nos EUA. Em termos políticos norte-americanos, «esquerda» significa apenas uma posição mais progressista ou pro-trabalhadores entre os membros do Partido Democrata. Não existe uma esquerda social-democrata significativa equiparável à tradição da Europa Ocidental, e a esquerda comunista está completamente excluída da política eleitoral dos EUA.
A esmagadora maioria dos povos do mundo abomina a criminosa administração Bush. Por outro lado, Bush presidiu também a um sério declínio da hegemonia mundial dos EUA, em grande parte como resultado do falhanço da ocupação do Iraque e do Afeganistão. Os ricos e os poderosos esperam que a equipa de Obama reverta esse declínio. O programa eleitoral de Obama inclui a retirada de algumas tropas norte-americanas do Iraque e o aumento da sua presença no Afeganistão. O que a administração de Obama irá efectivamente fazer é ainda uma incógnita. Permanece o risco de uma nova guerra. O movimento progressista deve continuar atento e pronto a combater qualquer aventura belicista.
A administração de Obama também irá procurar as formas de injectar fundos federais na economia capitalista para tentar estancar a crise económica, mas sem alterar a natureza de base do sistema.
Então por que motivo – e esta é a outra parte do carácter contraditório da vitória de Obama – os dirigentes da classe operária nos EUA consideram a sua eleição como um acontecimento que pode contribuir para a unidade dos trabalhadores?
Voto histórico num presidente negro
Em primeiro lugar, a eleição de um político afro-americano para o posto mais importante nos EUA é um avanço extraordinário. Nos EUA, a 250 anos de escravatura seguiram-se 150 anos de racismo institucional. O direito de voto dos negros foi conquistado em muitos estados apenas em 1960, após duras lutas. Polícias e grupos racistas organizados mataram pessoas que lutavam pelos seus direitos. O direito de voto continua sujeito a regras restritivas visando os afro-americanos. O racismo institucional continua a meter mais jovens negros na prisão do que nas universidades. A eleição de Obama representa um simbólico grande passo em frente.
Mesmo pensando que Obama teve a mais cara campanha eleitoral de sempre – cerca de 750 milhões de dólares – com forte apoio financeiro de largos sectores de ricos e poderosos, ele podia ter ganho as eleições apenas através da mobilização do movimento de massas. A sua campanha teve de vencer um profundo racismo entre muitos dos eleitores brancos. E levou a cabo uma mobilização entre os afro-americanos como nunca se viu.
Os comícios foram sem precedentes na história eleitoral norte-americana dado o carisma do orador, com a participação de dezenas de milhares de pessoas. Dezenas de milhões votaram antes de 4 de Novembro nos estados onde isso era permitido, com muitos a esperar quatro horas na fila para votar Obama, o que também não tem paralelo. Muitos afro-americanos, incluindo pessoas idosas que tinham estado afastadas da vida política em eleições anteriores, foram votar pela primeira vez e fizeram-no com orgulho. Obama conseguiu o apoio unânime da comunidade negra, na verdade, da nação negra, que viu a sua eleição como uma expressão da sua própria autodeterminação.
Para além da solidariedade da comunidade negra, também os trabalhadores brancos e latinos mais progressistas – que não têm ilusões quanto ao governo de Obama – ajudaram à sua eleição. Obama conseguiu ainda dois terços dos votos dos eleitores de ascendência latino-americana. Na arena eleitoral, milhões de pessoas passaram da apatia política para a actividade política.
Os 45 por cento de eleitores brancos que votaram em Obama representam uma percentagem mais elevada do que a recebida por Bill Clinton, Al Gore ou John Kerry, os três anteriores candidatos do Partido Democrático, em eleições nacionais. Os jovens são particularmente pró-Obama. Muitos eleitores brancos de camadas trabalhadoras ultrapassaram qualquer resquício de racismo ideológico que sentissem em favor dos seus interesses de classe. Mesmo em estados como a Virgínia e a Carolina do Norte, onde republicanos declaradamente racistas têm ganho eleições nacionais, Obama foi capaz de vencer por estreitas margens. Este voto contribui para melhorar as relações entre trabalhadores negros e brancos e tornar mais fácil a solidariedade de classe.
Alívio pela saída de George W. Bush
O outro aspecto importante da vitória de Obama foi a esmagadora atitude anti-Bush. O programa público de Obama foi um vago apelo à «mudança». As pessoas perceberam que Obama era a antítese de Bush. Viram a candidatura de John McCain/Sarah Palin e a sua mal disfarçada campanha racista como uma continuação de Bush. Advogados, sindicalistas, trabalhadores da saúde e todos os progressistas mobilizaram-se para derrotar o gang de Bush. Até ao dia das eleições as pessoas recearam que de algum modo a máquina republicana encontrasse uma forma de usar o racismo para ganhar votos ou para falsear as eleições, como fez em 2000 na Florida e se suspeita que tenha feito em 2004 no Ohio.
A vitória de Obama desencadeou a alegria das massas, com centenas de milhares a manifestarem-se em Chicago, Harlem, Nova Orleães e muitas outras cidades dos EUA. Milhões estarão na tomada de posse de Obama, tanto para celebrar o primeiro presidente negro como para saudar o fim da era Bush. A maioria deseja o fim da guerra do Iraque, emprego e casas para os trabalhadores, um sistema universal de cuidados de saúde e educação para todos, e a vitória de Obama encoraja-os a prosseguir a luta por estes objectivos.
Desde as eleições, algumas lutas importantes mostram o incremento da combatividade dado pela vitória de Obama. Fortes manifestações de protesto de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais exigiram o direito a casar. Trabalhadores imigrantes em Chicago ocuparam uma fábrica reclamando mais salário – e ganharam. Cerca de 4600 trabalhadores de uma empresa de criação de gado suíno na Carolina do Norte – um estado contra os direitos laborais – ganharam o seu direito à representação sindical depois de terem perdido por duas vezes numa batalha que durou 14 anos. Em cada caso, a vitória de Obama foi um ponto de referência, mesmo quando os que lutam não esperam por Obama para resolver os seus problemas.
Estes dois lados do fenómeno Obama continuarão a fazer-se sentir quando o novo presidente dos EUA assumir funções e a sua administração enfrentar a gestão da profunda crise económica capitalista que afecta o centro do mundo imperialista. Por um lado, as massas foram arrastadas pela campanha para eleger o primeiro presidente negro apoiado pelo Partido Democrata, um partido de exploradores e opressores. Mas por outro lado, a campanha pela mudança criou expectativas, gerou optimismo e fez subir o moral dos trabalhadores, o que é o caldo de cultura necessário para a transição para a luta activa contra o sistema e os seus defensores no Partido Democrata.
In jornal "Avante!" - Edição de 24 de Dezembro de 2008
A falsidade da historiografia oficial, as caluniosas e gigantescas campanhas anticomunistas e o renegar do próprio passado por alguns, tornam necessário aos comunistas lembrar o que foi e significou a revolução russa de 1917 e a construção da União Soviética. Lembrar e justificar a afirmação de que se trata do principal acontecimento histórico do século XX e um dos mais assinaláveis na história da humanidade.