Há quem ande por aí a apelar ao voto útil. Está no seu direito. No entanto só algumas notas:
Voto inútil só o que é dado aos corruptos e aos incompetentes;
A forma como o conceito de voto útil tem sido defendido nestes 35 anos de democracia configura uma intolerável chantagem sobre os cidadãos eleitores;
Os seus defensores pretendem, com o argumento do voto útil, criar uma falsa bipolarização: PS de um lado, PPD/PSD do outro. Como se não existissem outros partidos;
A prática tem-se encarregado de desmentir este falso argumento. Para não irmos mais longe aí temos as últimas eleições legislativas de 27 de Setembro.
A questão, a verdadeira questão, é de políticas.
Quando votamos, em que projectos políticos estamos a votar?
1. Não deixa de ser intrigante que um dos eixos fundamentais da campanha eleitoral do PPD/PSD tenha sido a «asfixia democrática».
Os leitores recordar-se-ão que em sucessivos escritos nesta coluna foram revelados comportamentos «asfixiantes» de diversos interventores com responsabilidades institucionais nas diferentes fases dos processos eleitorais. Sobre algumas das questões aqui levantadas membros da Comissão Nacional de Eleições vieram a terreiro pronunciar-se. Pois bem, em mais de noventa por cento dos casos relatados a sua origem esteve em militantes do PPD/PSD, nomeadamente em autarcas seus.
A direcção do PPD/PSD sanciona tais comportamentos? Pergunto porque nunca li, ouvi ou vi declarações de críticas dessas actuações. Ou será que desconhece a realidade? Ou, o que é mais grave, sabe e assobia para o lado?
Quando na Madeira, ainda não há muito, se ameaçava atirar os comunistas e outros democratas ao mar estávamos (estamos?) perante comportamentos democráticos? Quando um primeiro-ministro do PPD/PSD, hoje Presidente da República, permitiu que durante anos a fio os então denominados Serviços de Informação da República lhe remetessem relatórios onde partidos políticos, sindicatos, movimentos de cidadãos, associações cívicas e tuti quanti eram apelidados de «inimigos internos» estamos perante o quê?
2. Igualmente intrigante é a «extraordinária vitória eleitoral» do Partido Socialista. O PS sofreu uma acentuada quebra eleitoral. Passou de maioria absoluta a maioria relativa. Perdeu mais de meio milhão de votos e 24 deputados. Algum leitor caridoso me quer explicar em que parte do mundo é que tudo isto pode ser interpretado como «extraordinária vitória»? Parafraseando alguém «depois o burro sou eu…»
Como intrigante foi (ou talvez não), mais uma vez, a peregrina ideia veiculada por quase toda a comunicação social de que estas eleições se destinavam a eleger um primeiro-ministro em vez de 230 deputados. Mas os leitores querem apostar comigo que os que criaram as «caixas» de eleições para primeiro-ministro vão ser os mesmos que mais adiante vão falar da não ligação dos deputados aos eleitores?
Menos intrigante foi o assistirmos, também sem carácter de novidade, a uma cobertura por parte de muitos órgãos de informação das campanhas eleitorais das diferentes forças políticas assente numa atitude pré-determinada de silenciamento, desvalorização e discriminação de alguns partidos face a outros. Mais uma vez nos títulos de jornais, revistas, rádios e televisões predominaram as tentativas de bipolarização PS-PPD/PSD, a crescente fulanização, a lateralização dos assuntos relevantes da campanha. Os objectivos são conhecidos: por um lado, escamotear as responsabilidades que PS, PPD/PSD e CDS/PP partilham na actual situação do país. Por outro esconder ou, no mínimo, a esbater a identidade de políticas entre estes partidos.
Umas quantas eleições legislativas depois continuam a intrigar-me os «critérios jornalísticos» que presidem a tais actuações. Mas o problema deve ser meu…
3. E, para terminar, desde já me declaro intrigado pelo facto de haver muita gente inteligente que parece não aprender com os erros passados.
Aí estão de novo as mistificações sobre a instabilidade política do país (como será que tantos e tantos países são governados há dezenas de anos por coligações?). Aí estão os falsos argumentos de combate ao défice orçamental. Aí estão as sugestões de pactos de regime. Tudo muito bem embrulhado em discussões académicas e/ou especulações de cenários.
O objectivo é um só: continuar e aprofundar as políticas dos interesses da direita e da direita dos interesses. Só que a solução para os problemas do país parece que passa pela ruptura com trinta e três anos dessas políticas. Digo eu…
Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação
In jornal "Público" - Edição de 2 de Outubro de 2009
Ao longo destes mais quatro anos os 2 eleitos da CDU em Real, além de identificarem os problemas da freguesia e reivindicarem a solução dos mesmos, têm também apresentado ideias e projectos inovadores.
Jamais a freguesia de Real foi tão informada sobre a acção dos seus eleitos como neste mandato.
O Boletim CDU em Real já vai no nº 20 e é distribuído porta a porta pelos 2 eleitos.
O sítio na Internet regista uma média de 20 visitas e 15 visitantes por semana.
Os eleitos CDU são os que mais intervêm na Assembleia de Freguesia.
Frequentam acções de formação e questionam as instituições sobre os mais diversos assuntos.
Elaboraram um livro sobre a freguesia.
E são apenas dois jovens que lutam pelo melhor para a sua freguesia que, quando foram eleitos em 2005, não tinham qualquer experiência nestas lides.
Nestes últimos 4 anos, a CDU esteve e estará sempre presente na defesa dos interesses das populações e solidária com as suas justas reivindicações.
A CDU esteve com a população de Pindo, Roriz, Lusinde e Santa Eulália quando esta se manifestou em protesto pelo atraso nas obras na respectiva estrada. Largas dezenas de pessoas cortaram a estrada de acesso à vila junto à Adega Cooperativa. E mostrou-se mais uma vez que vale sempre a pena lutar.
A CDU esteve com a população do concelho quando dois mil e seiscentos e oitenta e oito cidadãos do concelho, um em cada três, assinaram o abaixo-assinado em defesa do nosso Centro de Saúde. Penalva do Castelo esteve, pois, de parabéns. A sua população mostrou que sabe bem o que quer e que está disposta a lutar para o alcançar! Em consequência da luta expressa neste abaixo-assinado o essencial das reivindicações nele contidas foi satisfeito. Referimo-nos à não saída de médicos do Centro de Saúde, a menos que esteja garantida a sua substituição. À não alteração do horário das urgências. À construção do novo Centro de Saúde.
A CDU esteve com os comerciantes com estabelecimento na EN-329 e na Rua 1º de Dezembro quando Estradas de Portugal e Câmara Municipal pretenderam pôr em marcha um esquema de dupla tributação.
Pela coerência do seu projecto e a garantia que o seu percurso unitário e democrático testemunham, a CDU é a única força cujo reforço eleitoral e político pode pôr fim à alternância e abrir portas à construção de uma alternativa política em Penalva do Castelo.
Ao longo destes quase quatro anos a CDU, apesar de não ter eleitos, interveio publicamente em quase todas as reuniões públicas do de Câmara, levantando múltiplas questões do interesse dos munícipes do concelho.
Também na Assembleia Municipal, apesar de não ter eleitos, a CDU pronunciou-se publicamente no período reservado ao público.
Fê-lo quer em relação aos sucessivos Orçamentos (e as Grandes Opções do Plano), quer no que respeita às Contas e Relatório de Gestão dos Exercícios de 2006, 2007 e 2008.
Mas também sobre o horário das reuniões da Assembleia Municipal incompatível com a presença dos eleitores, já que às 14h30m estão quase todos a trabalhar. Ou sobre o PDM, as zonas industriais, as obras no centro da vila, os subsídios, o abastecimento de água, o saneamento básico, a recolha do lixo e as ETAR.
Ou, ainda, sobre os transportes escolares a serem efectuados totalmente à margem da lei, as construções que avançam ainda antes dos loteamentos estarem aprovados, o loteamento industrial adquirido a preços acima dos de mercado, os lotes camarários vendidos a preços exorbitantes. Mas também sobre as embrulhadas com o património, a protecção civil, a segurança rodoviária, o regulamento das piscinas, o livro de reclamações, as comissões de inquérito «fantasmas», as confusões, com laivos de ilegalidades, relativas às taxas de publicidade, etc., etc., etc.
Tudo isto sem eleitos da CDU na Câmara e na Assembleia Municipal. O que seria com eleitos?
Uma breve referência[princípios fundamentaisda teoria]: Válida a confiança no conhecimento das realidades exteriores ao ser humano dispensando a imaginativa crença em forças sobrenaturais que testemunha a insuficiência do saber.