Não são os défices de exploração os responsáveis pela dívida das empresas públicas de transportes. A dívida atingiu tais dimensões devido, antes de mais, às opções políticas dos sucessivos governos e dos partidos que há mais de 35 anos têm posto em prática essas opções – PSD, PS e CDS, a mesma troika que agora aceitou sem prurido as imposições do FMI, do BCE e da União Europeia.
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Perto de dois terços da dívida das empresas públicas de transportes resulta da desorçamentação decidida pelos governos do PS e do PSD. Retiraram do Orçamento de Estado os investimentos na infra-estrutura de transportes. Esta despesa passou para as empresas públicas, que foram obrigadas a recorrer ao crédito (...)
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Os governos impuseram tal opção para esconderem a verdadeira dimensão do défice público (até ao ano passado, este não incluía as dívidas das empresas públicas) e para oferecerem à banca um novo mercado, a valer muitos milhões de euros e avalizado pelo Estado.
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Mas mais de 10 mil milhões de euros de investimento público estratégico foram realizados pelas empresas públicas sem financiamento estatal.
«Com a recente eleição de Ollanta Humala para a presidência do Peru abriu-se nesse país uma perspectiva de mudança. A candidatura directamente apoiada pelos EUA foi derrotada. A nova situação é, naturalmente, muito contraditória. O diario.info publica hoje três artigos que podem ajudar a compreender a complexidade da situação existente.»
«Com todas as dificuldades e limitações, a luta tem que ser travada, com independência política, para tentar levar o novo governo para um processo de mudanças sociais, até onde isso for possível. Nessas circunstâncias, os revolucionários devem conjugar unidade e luta, não cometendo o erro de se submeter acriticamente ao novo governo, como fazem os reformistas. Tampouco devem se colocar na oposição cega e fazer o discurso que hoje interessa à direita e ao imperialismo, tal qual agem os que se proclamam ultra-esquerdistas, subestimando a capacidade das massas de influir no processo político.»
«A tomada de posse de Ollanta Humala e do novo parlamento peruano trazem consigo indícios preocupantes: a libertação do criminoso Fujimori, uma larga percentagem de congressistas corruptos. São indícios negativos num processo carregado de contradições.»
«As repercussões da vitória de Humala serão maiores no plano internacional do que no nacional. Se a sua presidência reforça a linha de independência anti imperialista seguida por vários governos na América Latina, no plano nacional, em contrapartida, é muito provável que os indígenas e os pobres vão exigir respostas para as suas reclamações que o novo governo não atenderá, uma vez que não pode nem quer afrontar os interesses das grandes empresas mineiras e a direita apoiada pelo imperialismo.»
«Mais de 7 milhões de peruanos elegeram, domingo, o líder do Partido «Ganha Peru», Ollanta Humala, para a presidência da República, expressando a vontade inequívoca de colocar o país ao lado dos processos progressistas na América Latina.» -