«A supressão de feriados levanta uma infinidade de questões. Para começar, um problema social e ético: o da justa remuneração do trabalho. Se o nosso salário corresponde a um determinado número de dias de trabalho, aumentar esse número significa baixar o valor do trabalho.
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os feriados são uma das dimensões do nosso direito ao descanso, tal como as férias ou as folgas semanais. E o descanso é uma dimensão essencial da existência humana, tanto quanto o é o trabalho. Se há função económica que cumpra a obtenção de riqueza é a de assegurar o descanso. É natural, portanto, que, tal como com a riqueza, um dos objetivos essenciais de uma sociedade democrática deva ser o de assegurar uma distribuição equitativa do descanso.»
Manuel Loffin jornal «Público» (link só para assinantes)
Na sequência do post anterior aconselha-se a leitura deste artigo de Américo Nunes:
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No VIII capítulo de O Capital – o dia de trabalho – Marx trata exaustivamente a questão da jornada de trabalho diário, a luta dos trabalhadores pela sua limitação, a evolução histórica dessa luta, e os seus resultados, até à reivindicação universal dos três 8x8X8 pela Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), em 1866. Oito horas de trabalho diário, oito para lazer, convívio familiar e cultura, e oito para dormir e descansar.
Tal como nas questões essenciais da sua análise da sociedade capitalista e da sua teoria económica, social e política, também nesta matéria a sua actualidade continua a ser impressionante. A leitura ou releitura deste capítulo da obra magna do grande filósofo é obrigatória para a compreensão total do significado das recentes propostas do governo de direita para o aumento de meia hora de trabalho diário, a criação dos bancos de horas e a eliminação de feriados.
Vejamos o que sobre o assunto afirma Marx em termos gerais, com o seu rigor científico e também com sua ironia acutilante: