Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

Ide ver

A vandalização do monumento ao Padre António Vieira

Padre António Vieira_caricatura.jpg

Desenho de Fernando Campos (o sítio dos desenhos)

 

Gostava de ter escrito ISTO

A notícia da vandalização da estátua do padre António Vieira, em Lisboa, só pode ter sido ditada por três razões: ignorância, provocação, ou ambas.

Quem, fosse por mimetismo ou por cálculo, achou que Lisboa não podia ficar à margem da onda de derrube de estátuas que grassa nos dois lados do Atlântico, não encontrou melhor alvo do que António Vieira, logo ele, que há mais de 400 anos antecipou, no humanismo do seu discurso, muitas das exigências que hoje estão na ordem do dia.

Conspurcar com o termo «descolonização» a estátua de um homem que em pleno século XVII, muito antes da Revolução Francesa e das consignas «liberdade, igualdade e fraternidade», denunciou na corte portuguesa a brutalidade com que os ameríndios e os escravos negros eram (mal)tratados no Brasil, exigindo que fossem tratados como seres humanos e não como animais de carga, é no mínimo bizarro, para não dizer mesmo idiotice.

Escolher como alvo de alegada luta contra o racismo o homem que se orgulhava do tom escuro da sua pele, herdado de uma avó de origem africana, e que passou a maior parte dos seus 89 anos de vida no desconforto da pobreza do Nordeste brasileiro e da Amazónia, depois de ter conhecido o luxo e o requinte das mais célebres cortes da Europa, sem desligar a evangelização da luta contra a escravatura, é no mínimo incongruente, para não dizer mesmo abstruso.

Ultrajar a memória do homem que por causa das suas ideias humanistas foi encarcerado pela Inquisição, em 1665, acusado de «proposições heréticas, temerárias, mal soantes e escandalosas», é tão descabido que cheira a provocação de ignorantes. Já agora, diga-se de passagem que o padre António Vieira chegou mesmo a ser sentenciado, dois anos depois, conforme consta no seu processo conservado na Torre do Tombo, com a privação «para sempre de voz activa e passiva e do poder de pregar», para além da reclusão e da assinatura de um termo onde se obrigava a «não tratar mais das proposições de que foi arguido, nem por palavra nem por escrito».

Rotular de colonizador semelhante personagem, que tem ainda o inconstestável mérito de ser um dos maiores escritores de língua portuguesa, seria anedótico se não fosse tão perigosamente trágico por desviar as atenções do essencial.

Para quem ainda não percebeu que forças incitam a tais actos, ficam as pertinentes palavras do próprio padre António Vieira: «Quem faz acções de Elias é Elias; quem fizer acções de Batista será Batista; e quem as fizer de Judas será Judas. Cada um é as suas acções, e não é outra coisa. Oh que grande doutrina esta para o lugar em que estamos! Quando vos perguntarem quem sois, não vades revolver o nobiliário de vossos avós, ide ver a matrícula de vossas acções. O que fazeis, isso sois, e nada mais.»

Padre António Vieira4

 

Não, não vamos ficar todos bem (III)

Comício Lisboa 2020-06-07_4.jpg

 

  • Em abril de 2019,

     - mais de 1 em cada 4 trabalhadores recebia o Salário Mínimo Nacional;

     - um em cada cinco trabalhadores com contratos precários;

     - metade dos desempregados sem proteção social de desemprego, devido sobretudo à precariedade laboral;

     - elevado desemprego de longa duração;

     - 10% de trabalhadores pobres.

  • «um quarto das pessoas de famílias que ganhavam até 650 euros perdeu todo o rendimento», enquanto que «nas categorias de rendimentos superiores a 2500 euros apenas 6% das pessoas perderam o seu rendimento». (INE)

  • Os muito falados 15,5 mil milhões de euros que Portugal pode vir a receber do novo fundo de recuperação da União Europeia não só são inferiores aos mais de 25 mil milhões de euros em juros da divida que Portugal no mesmo período de quatro anos vai pagar, como tal fundo se traduzirá, no futuro, em novos encargos nacionais e em novas cedências de soberania como vão anunciando.

A principal e mais importante condição de retoma económica é a da defesa do tecido económico, da valorização dos salários, pensões e rendimentos dos trabalhadores e do povo.

Porque a pobreza não é uma fatalidade histórica e social, é indispensável enfrentá-la no presente para a eliminar no futuro.

 

Não, não vamos ficar todos bem (II)

1 Maio 2020.jpg

  1. Segundo o INE, em abril de 2020, o desemprego oficial era de 319.000, enquanto o desemprego real (aquele que incluía os desempregados que o INE não considera nos dados do desemprego oficial por não terem procurado trabalho no período do inquérito) atingia 573.000, ou seja, mais 253.000 desempregados (+79,3%).

  2. De acordo com a publicação do Ministério do Trabalho “Monotorização COVID-19” de 3/6/2020, em 2 de junho de 2020 o número de trabalhadores inscritos pelas entidades patronais para “lay-off” atingia 1.342.852 trabalhadores. Mas tinham sido aceites pelo governo apenas 800.000 sendo 25% (200.000) das grandes empresas (Público, de 6/6/2020), embora estas constituem apenas 0,5% (543) das empresas que entregaram documentos para “lay-off”. Portanto, 542.852 trabalhadores, em relação aos quais as empresas entregaram documentos para os colocar em “lay-off” não foram aceites pelo governo.

    A pergunta que se levanta imediatamente, e que o governo não esclareceu, é esta: Será que as empresas estão a pagar os salários a estes trabalhadores? E se não pagam, e se o INE não os considera como desempregados, então não têm direito a receber subsídio de desemprego.

  3. Entre fevereiro e abril de 2020, o número de desempregados a receber subsídio de desemprego aumentou apenas 20.105 pois passou de 177.844 para 197.949, tendo até diminuído em Março. No entanto, segundo o Ministério do Trabalho (“Monotorização COVID 19”), entre 1 de março e 30 de abril de 2020, o número de pedidos de subsídio de desemprego (por desempregados) atingiu 101.788, sendo, em 2 de junho de 2020, já 133.840. Enquanto isto sucede com os trabalhadores, o governo duplicou o subsídio pago às empresas que reiniciarem a atividade (passou de 635€ para 1270€ por trabalhador), o que significa que a Segurança Social terá de suportar 1.016 milhões € para financiar as empresas para além da isenção de contribuições que estas tinham. A descapitalização da Segurança Social para apoiar os patrões é evidente e é necessário que seja o Orçamento do Estado a suportar tais apoios, e as grandes empresas não deviam receber

Portanto a situação do desemprego em Portugal poderá ser muito mais dramática que os números oficiais do desemprego revelam.

A dimensão do desemprego oculto, e de trabalhadores a viverem na miséria ou muito próximo dela deverá ser enorme.

Isto até porque outros dados oficiais confirmam isso.

1 Maio 2020_2.jpg

 

Não, não vamos ficar todos bem! (I)

Comício Lisboa 2020-06-07_6.jpg

Em todos os meses do período maio/2019 a abril de 2020, o número de novos desempregados que se inscreveram nos Centros de Empregos é muitas vezes superior ao número de desempregados que os Centros de Emprego arranjaram trabalho.

Se somarmos o número de novos desempregados inscritos nestes meses e o número de colocações feitas pelos Centros de Emprego obtemos os seguintes totais:

  • TOTAL de novos desempregados inscritos nos Centros de emprego de maio/2019 a abril/2020: 544.226;

  • TOTAL de colocações feitas pelos Centros de Emprego no período maio/2019 a abril/2020: 79.626.

  • TOTAL de novos desempregados inscritos nos Centros de Emprego que os Centros de Emprego não arranjaram trabalho: 464.600, (diferença entre os dois totais anteriores).

No fim de abril de 2019 existiam oficialmente 321.240 desempregados inscritos nos Centros de Emprego. Se a esse total somarmos os novos inscritos entre o fim de abril de 2019 e o fim de abril de 2020 – 544.226 – e se ao total obtido deduzirmos o numero de colocações, ou seja o total de desempregados a quem os Centros de Emprego arranjaram emprego – 79.626 – obtemos 781.840 que é o numero desempregados que deviam existir nos registos dos Centros de Emprego no fim de abril de 2020.

No entanto o número de desempregados que estavam inscritos nessa data divulgado pela IEFP e pela comunicação social era apenas 392.323.

Portanto, 393.517, ou seja, mais de metade “desapareceram” dos registos dos Centros de Emprego sem que o Instituto de Emprego e Formação Profissional divulgasse as razões de um número tão elevado de desempregados eliminados dos registos.

Portanto, é-se obrigado a concluir, face a estes dados, que a realidade e a dimensão do desemprego atual em Portugal é muito mais dramática do que aquela que os dados oficiais sobre o desemprego registado revelam e que os media divulgam todos os meses.

Comício Lisboa 2020-06-07_1.jpg

 

«Revolução e mulheres», de Maria Velho da Costa

Texto de Maria Velho da Costa lido por Fernanda Lapa, Lucinda Loureiro, Maria João Luís, Cucha Carvalheiro, Marina Albuquerque, Marta Lapa e Luísa Ortigoso

 

1. RECONSTITUIÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO

Elas são quatro milhões, o dia nasce, elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café. Elas picam cebolas e descascam batatas. Elas migam sêmeas e restos de comida azeda. Elas chamam ainda escuro os homens e os animais e as crianças. Elas enchem lancheiras e tarros e pastas de escola com latas e buchas e fruta embrulhada num pano limpo. Elas lavam os lençóis e as camisas que hão-de suar-se outra vez. Elas esfregam o chão de joelhos com escova de piaçaba e sabão amarelo e correm com os insectos a que não venham adoecer os seus enquanto dormem. Elas brigam nos mercados e praças por mais barato. Elas contam centavos. Elas costuram e enfiam malhas em agulhas de pau com as lãs que hão-de manter no corpo o calor da comida que elas fazem. Elas vêm com um cântaro de água à cinta e um molho de gravetos na cabeça. Elas limpam as pias e as tinas e as coelheiras e os currais. Elas acendem o lume. Elas migam hortaliça. Elas desencardem o fundo dos tachos. Elas passajam meias e calças e camisas e outra vez meias. Elas areiam o fogão com palha de aço. Elas calcorreiam a cidade a pé e à chuva porque naquele bairro os macacos são caros. Elas correm esbaforidas para não perder o comboio, o barco. Elas pousam o cesto e abrem a porta com a mão vermelha. Elas põem a tranca no palheiro. Elas enterram o dedo mínimo na galinha a ver se tem ovo. Elas acendem o lume. Elas mexem o arroz com um garfo de zinco. Elas lambem a ponta do fio de linha para virar a camisa. Elas enchem os pratos. Elas pousam o alguidar na borda da pia para aguentar. Elas arredam a coberta da cama. Elas abrem-se para um homem cansado. Elas também dormem.

 

2. REPRODUÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO

Elas vão à parteira que lhes diz que já vai adiantado. Elas alargam o cós das saias. Elas choram a vomitar na pia. Elas limpam a pia. Elas talham cueiros. Elas passam fitilhos de seda no melhor babeiro. Elas andam descalças que os pés já não cabem no calçado. Elas urram. Elas untam o mamilo gretado com um dedal de manteiga. Elas cantam baixinho a meio da noite a niná -lo para que o homem não acorde. Elas raspam as fezes das fraldas com uma colher romba. Elas lavam. Elas carregam ao colo. Elas tiram o peito para fora debaixo de um sobreiro. Elas apuram o ouvido no escuro para ver se a gaiata na cama ao lado com os irmãos não dá por aquilo. Elas assoam. Elas lavam joelhos com água morna. Elas cortam calções e bibes de riscado. Elas mordem os beiços e torcem as mãos, a jorna perdida se o febrão não desce. Elas lavam os lençois com urina. Elas abrem a risca do cabelo, elas entrançam. Elas compram a lousa e o lápis e a pasta de cartão. Elas limpam rabos. Elas guardam uma madeixita entre d.ois trapos de gaze. Elas talham um vestido de fioco para uma boneca de papelão escondida debaixo da cama. Elas lavam as cuecas borradas do primeiro sémen, do primeiro salário, da recruta. Elas pedem fiado popeline da melhor para a camisa que hão-de levar para a França, para Lisboa. Elas vão à estação chorosas. Elas vêm trazer uin borrego à primeira barraca e ao primeiro neto. Elas poupam no eléctrico para um carrinho de corda.

 

Maria Velho da Costa.jpg

 

3. PRODUÇÃO

Elas sobem para cima de um caixote, que ainda são pequenas para chegar à bancada de descarnar o peixe. Elas mondam, os dedos tolhidos de frieira e urtiga. Elas fazem descer a lâmina de cortar o coiro. Elas sopram nos dedos a aquecê-los, esfregam os olhos, voltam a pôr as mãos por detrás da lente a acertar os fios da matriz do transistor. Elas espremem as tetas da vaca para o balde apertado entre as pernas. Elas fecham num dia as pregas de papel de mil pacotes de bolacha. Elas acertam em duzentos casacos a postura da manga onde cravar o botão. Elas limpam o suor da testa com a manga e a foice rebrilha ao sol por cima da cabeça e da seara. Elas ouvem a matraca de dez teares enquanto a peça cresce diante, o fio amandado de braço a braço aberto. Elas cortam os dedos nas primeiras vinte cinco latas até calejar bem. Elas fazem a agulha passar para cá e lá em cruz na tela do tapete. Elas vigiam a última fieira de garrafas, caladas, à espera da sirene. Elas carregam o cesto de azeitona à cabeça já sem cantar, até que o sol se ponha.

 

4. SERVIÇOS

Elas carregam no botão da caixa e fazem quinhentos trocos miúdos. Elas metem a cavilha, dizem outro número e passam a vigésima chamada. Elas mexem panelões que lhes chegam à cinta. Elas descem doze caixotes de lixo já noite fechada. Elas fazem todas as camas e despejos de uma família alheia. Elas picam bilhetes metidas numa caixa de vidro. Elas batem à máquina palavras que não entendem. Elas arquivam por ordem alfabética duas mil fichas e vinte e cinco ofícios. Elas vão outra vez buscar a gaveta das luvas para o balcão a ver se há aquele verde. Elas aspiram do pó antes das nove doze assoalhadas, e cento e dez degraus de alcatifa. Elas entram na praça manhã cedo, já vindas do lota ajoujadas com o peixe para as bancadas. Elas acertam as bainhas de joelhos, a boca cheia de alfinetes. Elas põem trinta e duas arrastadeiras e tiram sessenta temperaturas. Elas pintam unhas de homem. Elas guardam sanitas e fazem renda em pequenos cubículos sem janela.

 

Maria Velho da Costa_caricatura.png

 

5. TRANSMISSÃO DE IDEOLOGIA

Coisas que elas dizem:

— Se mexes aí, corto-ta.
— Isso não são coisas de menina.
— O meu homem não quer.
— Estuda, que se tiveres um empregozinho sempre é uma ajuda.
— A mulher quer-se é em casa.
— Isto já vai do destino de cada um.
— Deus não quiz.
— Mas o senhor padre disse-me que assim não.
— Dá um beijinho à senhora que é tão boazinha para a gente.
— Você sabe que eu não sou dessas.
— Estás a dar cabo do teu futuro com uns e com outros.
— Deixa-te disso, o que é preciso é sossego e paz de espírito.
— Comprei uns jeans bestiais, pá.
— Sempre dá para uma televisão daquelas novas.
— Cada um no seu lugar.
— Julgas que ele depois casa contigo?
— Sempre há-de haver pobres e ricos.
— Se tu gostasses de mim não andavas com aquela cabra a gastar o nosso.
— Põe o comer ao teu irmão que está a fazer os trabalhos.
— Sempre é homem.

 

6. PRODUÇÃO DE DESEJO

Elas olham para o espelho muito tempo. Elas choram. Elas suspiram por um rapaz aloirado, por duas travessas para o cabelo cravejadas de pedrinhas, um anel com pérola. Elam limpam com algodão húmido as dobras da vagina da menina pensando, coitadinha. Elas escondem os panos sujos de sangue carregadas de uma grande tristeza sem razão. Elas sonham três noites a fio com um homem que só viram de relance à porta do café. Elas trazem no saco das compras uma pequena caixa de plástico que serve para pintar a borda dos olhos de azul. Elas inventam histórias de comadres como quem aventura. Elas compram às escondidas cadernos de romances em fotografias. Elas namoram muito. Elas namoram pouco. Elas não dormem a pensar em pequenas cortinas com folhos. Elas arrancam os primeiros cabelos brancos com uma pinça comprada na drogaria. Elas gritam a despropósito e agarram-se aos filhos acabados de sovar. Elas andam na vida sem a mãe saber, por mais três vestidos e um par de botas. Elas pagam a letra da moto ao que lhes bate. Elas não falam dessas coisas. Elas chamam de noite nomes que não vêm. Elas ficam absortas com a mola da roupa entre os dentes a olhar o gato sentado no telhado entre as sardinheiras. Elas queriam outra coisa.

 

Cravo.jpg

 

7. REVOLUÇÃO

Elas fizeram greves de braços caídos. Elas brigaram em casa para ir ao sindicato e à junta. Elas gritaram à vizinha que era fascista. Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas. Elas vieram para a rua de encarnado. Eles foram pedir para ali uma estrada de alcatrão e canos de água. Elas gritaram muito. Elas encheram as ruas de cravos. Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes. Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua. Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo. Elas ouviram faltar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas. Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra. Elas choraram de ver o pai a guerrear com o filho. Elas tiveram medo e foram e não foram. Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas. Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro urna cruzinha laboriosa. Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões. Elas levantaram o braço nas grandes assembleias. Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos. Elas disseram à mãe, segure-me aqui os cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como é. Elas vieram dos arrebaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada. Elas estenderam roupa a cantar, com as armas que temos na mão. Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens. Elas iam e não sabiam para aonde, mas que iam. Elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado. São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.

 
Dezembro 1975
Maria Velho da Costa, Cravo, Lisboa, Moraes Editores, 1975
 

O INE eliminou 245.000 desempregados dos números oficiais do desemprego...

Eugénio Rosa7.jpg

Neste estudo o economista Eugénio Rosa analisa, utilizando os últimos dados oficiais disponibilizados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e pelo INE, prova que estas duas entidades oficiais eliminam centenas de milhares de desempregados nos números oficiais que divulgam através da comunicação social todos os meses.

Demonstra que o desemprego real tem aumentado de uma forma explosiva no nosso país devido à crise causada pelo “coronavírus”, enquanto o apoio aos desempregados tem crescido de uma forma muito lenta e insuficiente.

(entre fevereiro e abril de 2020 o número de desempregados a receber o subsidio de desemprego aumentou apenas em 20.105 pois passou de 177.844 para 197.949 enquanto os pedidos de subsidio de desemprego, por parte de desempregados, atingiram 101.788 neste período, sendo em 2 de junho de 2020 já 133.840).

Enquanto isto sucede com os trabalhadores desempregados o governo duplicou o subsídio pago às empresas que reiniciarem a atividade (passou de 635€ para 1270€ por trabalhador).

O que significa que a Segurança Social terá de suportar 1.016 milhões € (800.000 X 1270€) para financiar as empresas, sendo 25% deste valor destinado a grandes empresas embora representem apenas 0,5% das empresas que pediram “lay-off”. E isto para além da isenção de contribuições que tinham, pois embora seja pago pelo IEFP é a Segurança Social que financia este instituto público.

A descapitalização da Segurança Social para apoiar os patrões é evidente e é necessário que seja o Orçamento do Estado a suportar tais apoios.

Espero que este estudo possa ser útil para o conhecimento e o debate objetivo e fundamentado sobre a situação dos desempregados em Portugal, em que uma parte importante é escondida (desemprego oculto) nos números oficiais do desemprego em Portugal divulgados através da comunicação social todos os meses.

Desemprego oficial - real INE 04-2020.gif

Clicar na imagem para ampliar

 

Para Ler:

 

As últimas palavras do último discurso de Martin Luther King

24h antes de ser assassinado por James Earl Ray

Martin Luther King.jpg

Discurso de Memphis, 3 de Março de 1968

As últimas palavras do último discurso de Martin Luther King:

(...)
Well, I don't know what will happen now. We've got some difficult days ahead. But it doesn't matter with me now. Because I've been to the mountaintop. And I don't mind. Like anybody, I would like to live a long life. Longevity has its place. But I'm not concerned about that now. I just want to do God's will. And He's allowed me to go up to the mountain. And I've looked over. And I've seen the promised land. I may not get there with you. But I want you to know tonight, that we, as a people will get to the promised land. And I'm happy, tonight. I'm not worried about anything. I'm not fearing any man. Mine eyes have seen the glory of the coming of the Lord.

Bem, eu não sei o que acontecerá agora. Teremos alguns dias difíceis. Mas, para mim, isso não importa. Porque eu estive no cimo da montanha. E não me importo. Como todos, gostaria de ter uma vida longa. Por que não? Mas não estou preocupado com isso agora. Só quero fazer a vontade de Deus. E Ele permitiu que eu subisse a montanha. E eu vi lá de cima. E vi a terra prometida. Talvez não vos acompanhe até lá. Mas, quero que saibam esta noite que nós, como povo, chegaremos à terra prometida. E estou feliz esta noite. Nada me preocupa. Não temo nenhum homem. Os meus olhos viram a glória da chegada do Senhor. 

 

James Earl Ray_1.jpg

James Earl Ray

Para ouvir na íntegra o discurso de Martin Luther King, de 3 de Março de 1968, em Memphis clicar AQUI e para ler (em inglês) clicar AQUI.

 

Publicado neste blog:

 

Presidente Trump fez 19.127 alegações falsas ou enganosas em 1.226 dias

Arre, porra que é demais!!!

Mentiroso Trump 2020-06-02.png

cartoon de Milt Priggee

 

      - Como podes dizer que ele está mentindo?

     - Os seus lábios estão-se movendo.   

 

«As mentiras contadas pelo Presidente aumentaram em seriedade e volume, segundo o Post: uma média de seis por dia em 2017 chegou a quase dezasseis por dia em 2018, que depois aumentou para mais de vinte e dois por dia em 2019 - e isto foi antes deste louco 2020 do julgamento de impeachment, da pandemia, da crise económica e da campanha de reeleição de Trump.

O uso do Twitter pelo presidente foi metastizado, juntamente com as declarações falsas que ele publica no seu feed; agora está enviando, todos os dias, uma média de quase quatro vezes mais tweets enganosos do que durante seu primeiro ano no cargo.»

 

Para Ler:

 

Dor, raiva, fúria atingem os EUA*

Minneapolis_Minnesota_EUA_George FloyJulio Cortez_

Um manifestante empunha uma bandeira nacional invertida, um sinal de grande aflição e pedido de ajuda, perto de um edifício em chamas, em Minneapolis, estado do Minnesota, EUA, durante os protestos pela morte de George Floyd

Mapa racismo-eua-dia7 2020-05-01.jpg

Mapa de dia 1 de Junho

Mapa Manifestações George Floyd mais 100 pessoas

Mapa dia 2 de Junho cidades com manifestações com mais de 100 participantes.

Minneapolis – Saint Paul está marcado a vermelho.

 

Protestos indignados contra a morte do afro-americano Georges Floyd, ocorrida na sequência de uma detenção policial violenta, prosseguem em várias cidades norte-americanas.

Duas pessoas morreram durante os confrontos nas manifestações em Cicero, Chicago.

Foram detidas 5.600 pessoas desde o início das manifestações (dados de 2 de Junho).

Polícia e guarda nacional estão nas ruas em mais de 140 cidades dos USA. Na «democrática» New York carros da polícia carregam sobre os manifestantes.

Jornalistas da CNN são presos em directo. Outros são atingido, de propósito, por balas de borracha e gás lacrimógeneo.

O presidente Donald Trump apela à repressão e à violência e ameaça com os militares.

* Título «roubado» AQUI

 

Pág. 1/2

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Links

  •  
  • A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    H

    I

    J

    K

    L

    M

    N

    O

    P

    Q

    R

    S

    T

    U

    V

    W

    X

    Y

    Z

    Arquivo

    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2022
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2021
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2020
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2019
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2018
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2017
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2016
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2015
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2014
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2013
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2012
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2011
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D
    170. 2010
    171. J
    172. F
    173. M
    174. A
    175. M
    176. J
    177. J
    178. A
    179. S
    180. O
    181. N
    182. D
    183. 2009
    184. J
    185. F
    186. M
    187. A
    188. M
    189. J
    190. J
    191. A
    192. S
    193. O
    194. N
    195. D
    196. 2008
    197. J
    198. F
    199. M
    200. A
    201. M
    202. J
    203. J
    204. A
    205. S
    206. O
    207. N
    208. D
    209. 2007
    210. J
    211. F
    212. M
    213. A
    214. M
    215. J
    216. J
    217. A
    218. S
    219. O
    220. N
    221. D