Luta de classes nos conceitos
Anda pela blogosfera uma luta de classes acesa no que aos conceitos diz respeito. Mas não é de agora. Já vem de longe, de muito longe. Tem mais de 160 anos. Está na matriz da ideologia dominante. Expressa-se em conceitos veiculados através de decénios na comunicação social escrita, na rádio, na televisão.
O detentor do capital tem quem estude, analise, desenvolva, proponha e execute as suas políticas. Desde logo os governos, os partidos políticos, as associações patronais, as universidades, o sector financeiro, o sector produtivo. Mas também jornalistas, comentadores, analistas, assessores, consultores e mais recentemente os chamados think tanks (em inglês é mais intelectual, é mais in). Tudo «intelectuais de topo», pagos a peso de ouro em alguns (muitos) casos.
Já o trabalho tem os seus partidos políticos, os sindicatos, as suas associações de diverso tipo. E tem os «que não têm nada para fazer», os «que se exprimem por chavões ou cassetes», enfim os dirigente sindicais, os sindicalistas, os dirigentes partidários. Tem os seus partidos políticos, os sindicatos, as suas associações de diverso tipo. E quem nelas estude, analise, desenvolva, proponha e execute as suas políticas.
O que é curioso, ou nem por isso, é se algum paladino do capital transpõe a fronteira para o lado do trabalho, passa logo de bestial a besta. De competente a incompetente. De trabalhador exemplar a calão e preguiçoso.
Mas se algum defensor do trabalho faz o seu caminho em direcção ao capital logo se cantam loas e hossanas à sua lucidez. De besta transmuta-se, milagre dos milagres, em bestial. Os «chavões e cassetes», por obra e graça do Espírito Santo, metamorfoseiam-se em pensamentos criativos e profundos.
Querem um exemplo? Imaginem o que sucederia se o doutorado secretário-geral da CGTP-IN se transferisse com armas e bagagens para a CIP?
Depois venham dizer que a luta de classes não existe...