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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

Martin Luther King foi assassinado há 40 anos

Discurso de Memphis, 3 de Março de 1968

    Este texto é da responsabilidade do "nosso" correspondente nos EUA.

                           

Caros amigos,

 

A 4 de Abril de 2008, completam-se 40 anos sobre o assassinato de Martin Luther King.

 

No seu último discurso, faz hoje 40 anos, em Memphis, ele pediu às mulheres e aos homens que o escutavam para subirem ao topo da montanha e verem a "terra prometida". E, acrescentou, premonitoriamente, "poderei não estar lá convosco".

 

A "terra prometida" (que ele não precisou de definir) era aquela onde cada um não precisasse de marchar para defender a sua própria dignidade. Não precisasse de cantar pela sua própria liberdade. Não fossem precisos discursos para reconhecer a sua condição humana. A "terra prometida" era o lugar sagrado em que todos os filhos de Deus seriam iguais.

 

E sublinhou, "I may not get there with you".

                                       

Passaram-se 40 anos e muita coisa mudou nesta América.

 

Mas continua a haver duas leituras diferentes sobre a mesma realidade.

 

Refiro dois estudos recentes.

 

Primeiro. De Philip Mazzoco (Ohio State University) e Mahzarin Banaji (Harvard). Ser preto na América significa, ainda hoje, relativamente à população branca: ter salário menor para o mesmo trabalho, ter maiores taxas de mortalidade infantil, ter uma taxa de desemprego que é quase o dobro da média nacional, ter maior probabilidade de ser pobre, viver com um risco dramaticamente maior de ser preso ou assassinado.

 

Segundo. De Richard Eibach (investigador na Yale University). Mediu a forma diferente como brancos e pretos avaliam o progresso da questão racial. Os brancos valorizam os avanços que foram conseguidos ("Como podem dizer que ainda há racismo quando temos uma Oprah Winfrey ou um Barack Obama?"). Os pretos valorizam o caminho que falta percorrer ("Como é que podem dizer que não há racismo se a polícia continua a parar o meu carro sem qualquer razão?"). Richard Eibach diz que, para os brancos, a "terra prometida" - a igualdade racial - é um ideal, qualquer coisa que seria bom atingir um dia. Os pretos vêem-na como uma necessidade, alguma coisa pela qual é preciso trabalhar para conseguir aqui e agora. A história do copo meio cheio ou meio vazio...

                                           

O que Martin Luther King disse há 40 anos atrás é que era preciso subir a montanha, para conseguir ver a grande paisagem, a "terra prometida". Ele sabia que existia. Sabia, também, tais eram as ameaças constantes que sofria, que não estaria presente quando toda a gente a visse. "I may not get there with you".

 

Do topo da montanha onde me encontro escrevo esta mensagem para vós, queridos amigos, filhos, mãe, mana, sobrinhos, em três continentes onde vivem a vossa vida e o vosso amor. Sei que comigo vêem a "terra prometida" e que sabem que há ainda caminho para caminhar.

 

Tão grande é a tarefa que não importa os que lá não chegam. Quando lá chegarmos, todos os mortos ou assassinados estarão, também, presentes porque permanecem vivos. Como escreveu o meu querido amigo José Cardoso Pires, "os homens não morrem quando são lembrados".

(sublinhados meus)

                         

 

Um grande abraço,

 

Fernando

 

             

PS: Esta mensagem foi em grande parte inspirada por um artigo publicado em The Seattle Times, da autoria de Leonard Pitts Jr., conhecido colunista, e intitulada "Martin Luther King Jr.'s Promised Land: Are we there yet?".

                                         

Para ouvir na íntegra o discurso de Martin Luther King, de 3 de Março de 1968, em Memphis clicar AQUI e para ler (em inglês) clicar AQUI  
                      

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