Eleições nos EUA: Kentucky e Oregon
Já foram contados 100% dos votos de Kentucky e perto de 70% dos de Oregon. É 1h e meia do dia 21. Aí são 6 e meia da manhã e muita gente já se levantou para ir trabalhar. Confirmam-se as previsões: vitórias confortáveis para Clinton (em Kentucky) e Obama (em Oregon).
Confirma-se o que já vos tinha dito anteriormente: Obama, neste momento, já tem a maioria absoluta de delegados eleitos.
Prevejo que nos próximos dias (ou nas próximas horas?) um número elevado de superdelegados ainda uncommited declarem o seu apoio a Obama. Se esse número for significativo, poderá acontecer que, ainda antes do fim do mês, Obama consiga a maioria absoluta do total de delegados (eleitos e superdelegados).
No dia 31 deste mês haverá uma reunião decisiva da Direcção do Partido Democrático para deliberar o que fazer com os delegados de Michigan e Florida.
No dia 1 de Junho haverá Primárias em Puerto Rico. Prevê-se uma vitória de Clinton. Como nota informo que, nas eleições presidenciais de 4 de Novembro, só haverá processos eleitorais nos Estados (50 + a capital, District of Columbia, Washington DC). Isso significa que, em Novembro, não haverá eleições em: American Samoa, Democrats Abroad (obviamente), Guam, Puerto Rico e Virgin Islands.
No dia 3 de Junho haverá Primárias em Montana e South Dakota. Prevêem-se duas vitórias de Obama.
Em princípio, no dia 4 de Junho, tudo estaria acabado em matéria de Primárias, haveria um candidato nomeado e apoiado por todo o Partido Democrático e deveriam começar a sério a campanha para as eleições de Novembro...
Mas...
Pode acontecer que, se a solução encontrada para Michigan e Florida não agradar aos Clinton, esta continui a contestar os resultados e a exigir: a) que os votos já registados anteriormente contem; b) ou que se realizem novos actos eleitorais nestes Estados.
Pode acontecer que os Clinton leve esta "batalha" até à Convenção.
Tudo isto poderá fazer parte da sua estratégia de conseguir que McCain ganhe em Novembro, para, daqui a 4 anos, aparecer novamente na corrida para a nomeação e, entretanto, ter "arrumado" politicamente com o Obama (o derrotado).
Também pode significar que eles continuam a esperar (e a desejar?!) que "qualquer coisa aconteça" à candidatura de Obama (por exemplo, ele sofrer um qualquer acidente ou outra coisa que, agora, não me permito a escrever, mas que já sugeri em anteriores e-mails). A candidatura repete este argumento... um "pode ser que aconteça alguma coisa entretanto..." (!!!???)
"A família Clinton não desiste" é uma frase que temos ouvido aos próprios, a apoiantes, a jornalistas (republicanos e próximos).
Hoje, no discurso pronunciado em Kentucky, a Clinton afirmou que o Partido estaria unido em torno do nomeado, "independentemente de quem ela fosse". Isto significa que ela deseja um Partido unido, desde que seja ela a candidata. Isto significará, também, que ela não se importará de "partir a loiça no próprio Partido Democrático" para conseguir concretizar a ambição da sua vida, o seu objectivo final: ser eleita Presidente dos EUA, se não agora, em 2012.
Hoje na CNN, no meio de uma discussão em torno da possibilidade de ela poder vir a ser candidata a Vice-Presidente (!?), uma comentadora dizia "Os Clinton gostam, fundamentalmente, de uma coisa: o Poder!"
Para que ela "conquiste o Poder" em 2012 é necessário que Obama perca as próximas eleições de Novembro. Porque se ele ganhar, o sonho poderá ficar irremediavelmente enterrado. 2016 é muito longe e muita coisa irá acontecer...
O factor raça (ou racismo) continua a prevalecer na sociedade americana, principalmente nos Estados com população mais idosa, menos letrada e mais religiosa. São os casos de Pennsylvania, Indiana ou Kentucky. Este factor tem sido salientado, ultimamente, pela própria Clinton e por alguns dos seus seguidores, para justificar, segundo eles, a maior "elegibilidade" desta candidatura. "Tenho tido o voto dos trabalhadores brancos..." dizia ela, depois da Pennsylvania. É um argumento que tem sido utilizado para influenciar os superdelegados mas que, a prazo, prejudicará o Partido Democrático e o seu candidato, na medida em que será utilizado pela candidatura McCain.
Tem sido curioso verificar que os ataques que a candidatura McCain tem dirigido a Obama, são, essencialmente, os mesmos que a Clinton utilizou, com a vantagem de poder sempre argumentar que "foi a sua companheira de Partido que o disse"...
A hipocrisia e o cinismo continuam. Não percam os próximos episódios!...
Fernando