Leitura Obrigatória (IV)
A Resistência em Portugal (José Dias Coelho)
Artista militante e militante revolucionário, chegou a um momento da sua vida em que aceitou conscientemente sacrificar a sua carreira artística como escultor, que se apresentava promissora, para continuar, no quadro de funcionários do Partido Comunista Português, o combate pelo derrubamento do fascismo e por um Portugal socialista. Foi um grande sacrifício. Mas nunca o ouvi pronunciar a palavra sacrifício. Quando podia, e era muito raro poder, fazia pequenas esculturas, desenhos e gravuras, muitas das quais foram publicadas na imprensa clandestina do Partido. A sua última gravura, feita para o Avante! em Novembro de 1961, representava o camarada Cândido Martins assassinado na frente da manifestação de Almada contra a burla eleitoral.
De todas as sementes deitadas à terra, é o sangue derramado pelos mártires que faz levantar as mais copiosas searas – esta foi a legenda que escreveu para essa gravura.
Um mês depois, em 19 de Dezembro de 1961, José Dias Coelho foi assassinado a tiro pela PIDE numa rua de Lisboa.
(Do Prefácio de Margarida Tengarrinha)