25 anos sem Ary: Para rasgar o silêncio
Nem todas as limitações sentidas pelos criadores à difusão dos seus textos, dos seus filmes, do seu teatro – para nos limitarmos às artes que têm a palavra como modo privilegiado de transmissão de ideias, de emoções e de afectos (embora no cinema e em algum teatro contemporâneo a palavra possa ser apenas um meio subsidiário e não o veículo principal) – se abateram com a queda do fascismo.
Se no período sequente à Revolução de Abril foi possível aos criadores divulgar as suas obras e se criaram mecanismos de abolição dos entraves censórios e, consequentemente, se desenvolveram meios de apoio à sua geral prática e difusão pública, após o golpe reaccionário de 25 de Novembro a burguesia, com o apoio de alguns agentes conservadores, reciclados democratas em Estado Novo, cuidaram de gerar as estratégias de cerco – não já ostensivamente censórias, com lápis azul e broncos coronéis que o caruncho e o medo haviam compulsivamente levado a desertar para uma estratégica reforma – de forma mais subtil mas não menos segregadora da criação literária e artística livre e de clara opção anticapitalista, ou de tentar silenciar as vozes que ousassem criticar a deriva neo-liberal, então já claramente esboçada.
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