O carro e os cornos
«Mal o conhecia e conheço. Apenas por leituras apressadas de historietas sobre o seu comportamento atípico. Cinco dias depois, respondendo a uma falsidade que lhe era imputada por um deputado comunista, lá tornou a ser atípico, e no calor da discussão enviou-lhe um par de cornos. Fez mal. Os cornos não se enviam daquela maneira. Não sei se a Assembleia da República celebrou o contributo de Portugal para este esforço mundial, que vai dos Estados Unidos à China, para a diminuição das emissões do dióxido de carbono. Mas celebrou com forte chiadeira o par de cornos. Está certo. Conclui-se que os nossos deputados sabem muito, e ofendem-se com razão, de cornos e encornanços e pouco lhes interessa a revolução ambiental que vai modificar o País. Um dia, quando a sensatez chegar, quando a nossa frota automóvel estiver pejada de carros eléctricos sem ruído e sem emitir gases tóxicos, saber-se-á que foi um senhor chamado Manuel Pinho, o grande propulsor da nova era. Despedido com justa causa porque enviou um par de cornos a uma criatura qualquer.»
In jornal "Correio da Manhã" - Edição de 5 de Julho de 2008
Mais um ex-marxista-leninista (há muitos, muitos, anos) a «explicar» porque deixou de o ser...