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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

A «saída» da crise

    Anda muita gente atarefada em vender a ideia que o pior da crise financeira, económica e social já passou. Coincidência das coincidências esta mensagem é quase avassaladora nos países a viverem processos eleitorais, como na Alemanha ou em Portugal.

Quais as provas? A saída da recessão técnica em alguns países é um sinal seguro, dizem. Depois, escrevem, há alguns «danos colaterais», como essa coisa menor de o desemprego continuar a subir. Mas enfim, não se pode ter tudo…

Curioso é o facto de os mesmos, economistas e políticos, que foram incapazes de prever a crise, as suas causas e os seus efeitos, a sua forma e o seu conteúdo, surgirem agora, quais pitonisas, a prever o seu fim para breve.

Mas será assim?

Todos os indicadores apontam para uma não criação de emprego líquido nos meses mais próximos – segundo o «Financial Times» nas economias desenvolvidas, o índice de desemprego ultrapassará os 10% em 2010. Por outro lado, o consumo não dá sinais de reactivação. A crise social atinge mesmo os países ditos mais ricos. A crise económica generaliza-se a múltiplos sectores: da indústria automóvel à aeronáutica, dos transportes aéreos ao turismo, e por aí fora. Assiste-se a uma quebra do consumo mundial de energia, em particular de combustíveis. Mas também na energia eléctrica, sector onde em 2009 se prevê uma queda de 3,5%, a primeira vez que tal sucede desde 1945.

O sistema financeiro mundial apesar das medidas adoptadas continua totalmente arruinado. «As entidades bancárias tradicionais enfrentam perdas potenciais derivadas de empréstimos e activos no valor de biliões de dólares, para além de sofrer uma grave falta de capitalização.», escreve-se no citado jornal.

A realidade, a dura realidade, como sempre impõe-se à propaganda do fim da crise e da superação dos actuais problemas. A realidade é que nem sequer as tão propagandeadas e claramente insuficientes medidas de regulação foram adoptadas. Continua o livre curso das actividades especulativas do grande capital financeiro. Recorde-se, por exemplo, a propaganda feita em torno do fim dos off-shores e veja-se a realidade actual. Nem um, para amostra, foi encerrado. Ao contrário, sucedem-se as notícias, como em Portugal, da canalização de milhares de milhões de Euros para os paraísos fiscais.

A realidade é que não se alterou nada na economia mundial. A acumulação prossegue. A exploração aumenta. A pobreza e o desemprego alastram. É esta a dura realidade daqueles que sentem na pele os efeitos da crise do sistema capitalista. Pode-se mesmo afirmar que o sistema não se regenera, reproduz-se.

E quem paga a crise?

Não certamente, os financeiros de Wall Street e das bolsas mundiais (incluindo a portuguesa). Esses, duma forma clara, procuram criar uma nova «bolha» especulativa de lucros. A novidade é que o fazem não com dinheiros privados, mas sim com dinheiros públicos. Milhares de milhões de euros ou dólares provenientes dos impostos pagos por toda a sociedade. Dinheiros que os governos puseram de uma forma compulsiva ao serviço de um novo ciclo de rentabilidade capitalista. Não certamente o grupo restrito de multinacionais e multimilionários que multiplica a uma escala inimaginável os seus activos empresariais e as suas fortunas pessoais.

Quem paga a crise são aqueles, a esmagadora maioria das pessoas, a quem o processo inflacionário e de recessão gera fome, pobreza e desvalorização acentuada do poder de compra. São os sectores mais desprotegidos que sofrem na pele os chamados «ajustes» de uma crise social de efeitos imprevisíveis com despedimentos massivos.

Vivemos tempos em que se colocam grandes opções. Tempos que exigem corajosas decisões. Existem, ou não, políticas e modelos de desenvolvimento verdadeiramente alternativos? Há, ou não, forças disponíveis para encontrar os caminhos da sua concretização?

Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação

                                                                                                                                          

In jornal "Público" - Edição de 20 de Setembro de 2009

                                                                                          

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