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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

Acender uma vela, muitas velas

     Este governo PS de José Sócrates bem pode mandar acender umas velinhas. Seja em agradecimento aos santos, seja às bruxas.

1. Com efeito, as notícias sobre o envolvimento do Governo num alegado «plano para controlar os órgãos de comunicação social» desviaram por inteiro as atenções sobre os reais problemas que atingem o povo português.

Nesta altura deveríamos estar a discutir, em sede de Orçamento de Estado (OE), causas e efeitos do estado a que chegou o país. E soluções para a saída da crise.

Deveríamos interrogar-nos sobre se em Portugal os trabalhadores e as trabalhadoras, os funcionários públicos, os camponeses, os pequenos empresários, reformados, a juventude e os desempregados são realmente culpados da situação económica por que estão a passar. E sobre se os medicamentos receitados são verdadeiramente novos e eficazes para tratar da sua grave enfermidade: baixar os salários aos funcionários públicos, possível eliminação do 13º mês, subida do IVA e de outros impostos indirectos, aumento da idade de reforma, etc..

Deveríamos questionar-nos sobre o papel da Santa Aliança entre a direita dos interesse e os interesses da direita na crise que vivemos. Santa Aliança mais uma vez bem expressa no apoio do PPD/PSD e do CDS/PP a este OE. Mais uma vez traduzida em benesses para a banca que continua a pagar 12,5% de IRS em vez de 25%. Expressa em centenas de milhões para o offshore da Madeira e mais outras tantas centenas de milhões para assessorias e consultorias. Ou na não tributação generalizada das mais-valias. Ou…

Deveríamos perguntar-nos sobre a razão de, na hora da verdade, esta aliança cada vez mais evidente entre o poder económico e o poder político estar-se marimbando para apontar e castigar os verdadeiros culpados. O que verdadeiramente lhes interessa é que com a crise passaram a ter uma grande oportunidade para retirar direitos sociais e laborais à população. Daí que nas propostas coincidam os gestores do sistema, tanto os de rosa, como os de laranja ou azul. Só discordam sobre quando será o melhor momento para apertar o garrote ao Zé Povinho.

Deveríamos estar a discutir, face a esta situação e às ameaças que se prefiguram no horizonte, quais as saídas. A daqueles que propõem, com aleivosia, uma criminosa reincidências nas políticas dos últimos 33 anos que conduziram Portugal e os portugueses a esta crise financeira, económica e social. E que, em uníssono, pedem responsabilidade e apoio de todos ao governo para sair da crise.

Ou a dos que se mobilizam em torno da exigência de uma nova política económica e financeira. Política que não pressuponha a perda de direitos pelos sectores maioritários da sociedade. Sectores que poucos ou nenhuns benefícios obtiveram no tempo das chamadas vacas gordas, nem são responsáveis pela actual crise do modelo económico capitalista.

2. Mas, ao invés, uma grande parte da opinião publicada e também da chamada «opinião pública» anda entretida com o romance das escutas. Este processo, também ele, trouxe para a luz do dia aspectos das relações entre o poder económico, o poder político e os órgãos de comunicação social.

Promiscuidade entre o poder político e o poder económico. Manipulação da informação e distorção da realidade. Informação feita e produzida à medida dos interesses das classes dominantes. Utilização das fontes de financiamento no condicionamento da informação. Pressão e chantagem sobre os jornalistas. O que é que há de novo nesta realidade?

Mais do que um «plano» para que o Governo «controle» a comunicação social, aquilo que as notícias revelam é uma cada vez maior «fusão» entre o poder político e o poder económico. «Fusão» onde ministros, banqueiros, administradores de grandes empresas e altos dirigentes partidários se movimentam em tornos dos mesmos interesses.

Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação

In jornal "Público" - Edição de 5 de Março de 2010

                                                                                         

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