A Crise do Sistema Capitalista: os números
Aviso à navegação: os números que se seguem são verdadeiros. Obscenos, é um facto, mas verdadeiros. Diria mesmo mais: obscenamente verdadeiros!
Estimava-se, em 2007, que a capitalização bolsista, a dívida titularizada e os activos financeiros em posse dos bancos comerciais, representassem mais de 4,2 vezes o produto mundial.
O valor da dívida internacional titularizada ascendia a quase 22 milhões de milhões (22.000.000.000.000) de dólares em 2007. Ou seja, mais de 40% do produto mundial e quase 2,5 vezes o valor de 2002.
Só o valor nocional dos contratos estabelecidos no mercado de derivados, em Dezembro de 2007, ascendia a cerca de 596 milhões de milhões (596.000.000.000.000) de dólares. Ou seja, 11 vezes o produto mundial, tendo como base contratos cujo valor de mercado não chegava aos 15 milhões de milhões (15.000.000.000.000) de dólares.
Em 2007 a massa monetária em circulação no nosso planeta era quase 10 vezes superior ao PIB Mundial.
Existiam a nível mundial em 2007 cerca de 190 milhões de desempregados e mais de 1,3 mil milhões de «trabalhadores pobres».
Só nas últimas duas décadas estima-se (dados de 2007) que o peso dos salários no rendimento se tenha reduzido 13 pontos percentuais na América Latina, 10 na Ásia e Pacífico e 9 no centro do sistema capitalista.
Os EUA com 5% da população mundial consomem 25% dos recursos ao nível mundial.
Nos EUA, o défice público e o défice da balança de transacções correntes em 2007, duplicaram face a 2000, atingindo os 345 mil milhões (345.000.000.000.000) de dólares e os 739 mil milhões de dólares (739.000.000.000.000) respectivamente.
Só em vinte anos (1988/2008), o valor dos fluxos de investimento directo estrangeiro ao nível mundial aumentou catorze vezes. E o das operações de fusão & aquisição transfronteiriças dezassete vezes. Representam 29% e 3% do produto mundial respectivamente.
Os activos detidos pelas cinquenta maiores empresas multinacionais não financeiras representavam em 2008 14% do produto mundial e era equivalente aos activos detidos pelas cinco maiores empresas multinacionais financeiras.
Em 2009 nos EUA a taxa de desemprego rondava os 16 por cento, o número de pobres era de cerca de 50 milhões e aproximadamente 7,5 milhões de famílias estavam envolvidas em processos judiciais por falta de pagamento das respectivas hipotecas.
Dez milhões de milhões (10.000.000.000.000) de euros em 20 meses (Agosto de 2007 a Abril de 2009). Mais de 50 vezes o PIB de um país como Portugal. Ou 30 apartamentos com 150 metros quadrados de área cheios de notas de 500€ até ao tecto. Tal é a verba injectada pelos bancos centrais e pelos governos, SÓ NO SISTEMA FINANCEIRO. Este dinheiro dava e sobrava para acabar com a fome e a pobreza em todo o mundo. E para erradicar de vez com doenças como a malária, a poliomielite, a varíola, ou a cólera.
Nos EUA nove bancos, que receberam 125 mil milhões de dólares da Casa Branca em 2008, distribuíram em 2009 pelos seus executivos prémios no valor 30 mil milhões.
E quem paga a crise?
Não certamente, os financeiros de Wall Street e das bolsas mundiais (incluindo a portuguesa). Esses, duma forma clara, procuram criar uma nova « bolha » especulativa de lucros. A novidade é que o fazem não com dinheiros privados, mas sim com dinheiros públicos. Milhares de milhões de euros ou dólares provenientes dos impostos pagos por toda a sociedade. Dinheiros que os governos puseram de uma forma compulsiva ao serviço de um novo ciclo de rentabilidade capitalista. Não certamente o grupo restrito de multinacionais e multimilionários que multiplica a uma escala inimaginável os seus activos empresariais e as suas fortunas pessoais.
Fontes: Resolução Política do XVIII Congresso do PCP,Carlos Carvalhas,EugénioRosa,Jerónimo de Sousa,Pedro Carvalho,Sérgio Ribeiro, jornais, Internet, etc..
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