2010: Mais um ano de luta intensa dos trabalhadores Portugueses - Janeiro
O André Levy da «Jangada de Pedra» continua a fazer o levantamento das lutas dos trabalhadores em Portugal.
São muitas as lutas, mas escassa a sua cobertura mediática. Com algumas excepções, as lutas dos trabalhadores e populações recebem pouca atenção, ou atenção pouco esclarecedora. Felizmente, há um local onde há acesso garantido a notícias sobre as lutas dos trabalhadores portugueses: o jornal , o orgão central do Partido Comunista Português. Muita da informação abaixo foi recolhida das páginas do e do sitio da CGTP-IN. (Ver lutas de 2006, 2007, Janeiro a Abril de 2008, Maio a Dezembro de 2008, Janeiro a Agosto de 2009, Setembro a Dezembro de 2009).
Aqui fica, mês a mês, a lista de Janeiro a Abril de 2010.
JANEIRO/2010
Os trabalhadores da firma de alumínios João Baltazar & Andrade cumprem a jornada laboral à porta da empresa na sequência do seu encerramento. O gerente propôs aos trabalhadores que comprassem a firma ou que recebessem a carta para o fundo de desemprego. Os trabalhadores não aceitaram tal proposta e aguardaram que a administradora volte às instalações para resolverem a situação.
Concentração dos trabalhadores da empresa “FLOR DO CAMPO” (19/1) junto à Segurança Social, em Lisboa, para pedir o Fundo de Garantia Salarial como forma de antecipar o pagamento da dívida que só vão começar a receber em 2011.
O CESP concentrou-se à porta do supermercado Pingo Doce, em Almada, para protestar contra o comportamento do Grupo Jerónimo Martins (GJM), detentor da cadeia que inclui também o Feira Nova. A iniciativa teve como objectivo alertar para a recusa do GJM em aplicar as diferenças salariais dos meses de Janeiro a Abril de 2008, bem como denunciar os atropelos aos direitos dos trabalhadores e à lei sobre organização do tempo de trabalho.
A maioria dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes protesta contra a nova fórmula de cálculo dos aumentos salariais. Mais de metade dos trabalhadores ao serviço das Forças Armadas dos Estados Unidos da América assinaram um documento contra esta nova fórmula, que prejudicam os trabalhadores.
Lock-out na Mecanipol. A empresa anunciou aos seus 54 trabalhadores, dois dias antes, a intenção de não lhes pagar os salários a partir de Janeiro. Ao mesmo tempo, «viola a lei de forma unilateral, recusando-se a fornecer trabalho, condições e instrumentos de trabalho».
Na Renault-CACIA os trabalhadores haviam entregue um abaixo assinado recusando a «Bolsa de Horas». A administração chamou os trabalhadores ao departamento de recursos humanos para os pressionar a ceder às suas pretensões. A Comissão Sindical recordou que durante o ano de 2009 a Renault-CACIA recebeu apoio financeiro do Estado, mas agora pretende obrigar os trabalhadores a trabalhar sábados e feriados sem lhes pagar esses dias como jornada suplementar, instando, ainda, a tutela e o Ministério da Economia a verificarem a aplicação dos fundos públicos.
Na Bosch, em Braga, os trabalhadores pararam uma hora (12/1) em protesto por a empresa ter atribuído um prémio a 70% dos funcionários, discriminando os restantes.
Concentração dos trabalhadores da FERTAGUS (15/1) diante do Ministério do Trabalho, para exigir a intervenção da ministra e reivindicar o direito à contratação colectiva.
Na Cofaco, fábrica de conservas, na ilha do Faial, Açores, os trabalhadores recusaram, dia 19, uma proposta da administração que pretendia impor uma mudança dos locais de trabalho para outra fábrica estabelecida na ilha do Pico.
Concentração de Enfermeiros junto ao Min. Saúde (21/1) - “Entrega de Fardas”, das Noções da Revolta e as Cartas de Indignação (negociação da carreira de enfermagem)
Concentração dos trabalhadores da empresa IFM/Platex (21/1), junto à A.R., pela defesa do aparelho produtivo e dos postos de trabalho.
Concentração de trabalhadores, dirigentes, delegados e activistas sindicais (21/1), no Porto, no âmbito da Acção Nacional Descentralizada, Contra a Precariedade e o Desemprego, por + Emprego, Salários e Direitos.
A Kromberg & Schubert, em Guimarães, tem recebido centenas de milhares de euros para manter os postos de trabalho, mas anunciou mais um despedimento.
Impedidos pela administração da CIMPOR de procederem às eleições para os corpos gerentes do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos, Construção, Madeiras, Mármores e Similares da Região Centro, nas instalações empresa, os trabalhadores decidiram fazer a eleição à porta das duas fábricas. É a primeira vez que esta situação ocorre na Cimpor, onde este sindicato é o mais representativo nas duas fábricas.
Após longos meses de luta, apresentando-se todos os dias ao serviço, mesmo com a produção parada, os trabalhadores da Cimianto, em Alhandra, «saíram vitoriosos da luta que travaram» pela viabilização da empresa e dos postos de trabalho.
Os trabalhadores da IFM-Platex, em Tomar, deslocaram-se a Lisboa (21/1), para exigirem do Governo a salvaguarda dos postos de trabalho e a viabilidade da única produtora nacional de placas em fibra de madeira.
Concentração na Fénix-Intersegur (27/1), contra o atraso no pagamento de salários, do subsídio de Natal, de horas nocturnas e de trabalho suplementar.
Quatro trabalhadores da Corksribas, Indústria Granuladora de Cortiças, em São Paio de Oleiros (concelho de Santa Maria da Feira) decidiram apresentar-se todos os dias à porta da empresa, a partir de 27 de Janeiro, em protesto contra o despedimento de que foram alvo, num processo que foi denunciado publicamente como «perseguição».
Greve dos trabalhadores dos restaurantes Novorest (28/1) com deslocação de Braga e Gaia até à sede da Eurest e à sede da Makro, contra o despedimento colectivo de 114 trabalhadores.
Os cerca de 400 trabalhadores da Macvila e da Mactrading (ex-Maconde), em Vila do Conde, estiveram em greve (29/1), concentraram-se à entrada da fábrica e deslocaram-se aos Paços do Concelho, em protesto, por ainda não terem recebido os salários de Dezembro e parte dos subsídios de Natal. Alertaram ainda para a grande incerteza que havia quanto ao pagamento do mês de Janeiro.
Greve (25-29/1) da totalidade dos trabalhadores da Limpersado, na Portucel, em Setúbal, para exigir o pagamento dos subsídios de férias e de Natal. Os trabalhadores já cumpriram uma primeira greve, nos dias 23 e 24 de Dezembro, com o mesmo propósito.
Greve dos trabalhadores dos CTT (CDP Monte da Caparica) (25-29/1), contra a alteração do horário de trabalho e da retribuição.
O despedimento colectivo de 130 funcionários do Casino Estoril foi condenado em plenário (26/1) pelos trabalhadores que, numa resolução aprovada, acusaram a administração de ter praticado «mais um acto de gestão nociva dos recursos da empresa».
Doze anos depois (! - porra a luta é longa, mas compensa) da falência declarada, foram pagos aos cerca de 400 ex-trabalhadores da Construções Técnicas, metade dos três milhões de euros de créditos reclamados em Tribunal (28/1). O Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Madeiras, Mármores e Cortiças do Sul salientou que este «desfecho parcial» deveu-se ao facto de os trabalhadores «nunca terem baixado os braços».
Luta inédita dos Enfermeiros em Portugal: Greve (27-29/1), contra a proposta de projecto de diploma do Ministério da Saúde relativo a grelhas salariais e transições para a nova carreira de enfermagem & Manifestação Nacional da Enfermagem (29/1), junto do Ministério da Saúde, contra a proposta de projecto de diploma do Ministério da Saúde relativo a grelhas salariais e transições para a nova carreira de enfermagem. (ver video).
In blog "Jangada de Pedra"
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