Que sistema é este?
Folheando os jornais e revistas, vendo e ouvindo as notícias, são diários os murros que levamos na boca do estômago.
A propósito do ao Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil a Organização Mundial do Trabalho (OIT) sublinhou que a exploração do trabalho infantil, atinge cerca de 215 milhões de crianças (uma em cada sete) em todo o mundo. A OIT realça, que «esta situação não ocorre apenas nos países ditos subdesenvolvidos, é, antes, cada vez mais notada em países com economias avançadas».
Ficámos a saber que mais de mil milhões de pessoas – um em cada seis habitantes do planeta – passam fome. Dessas, morrem todos os dias dezenas de milhares, na sua maioria mulheres e crianças. Em cada seis segundos morre uma criança. À fome!
Quanto a Portugal: «A falta de comida já afecta 95 mil crianças». «O Banco Alimentar está a dar comida a 285 mil pessoas» são «dez vezes mais do que a média do ano passado» e este brutal aumento deve-se, entre outras razões, à entrada no reino da fome dos chamados «novos pobres». Ou seja, aqueles que têm emprego e salário fixo, mas cujo rendimento não chega para comer.
Mas há outra realidade. Segundo o estudo publicado dia 10 pelo Boston Consulting Group, o restrito clube dos multimilionários aumentou 14% em 2009. Apenas menos de 1% da população mundial é detentora de 38% da riqueza global. E estão nas mãos de apenas 0,1% (não, não é gralha…) da população mundial, 21% dos activos do planeta (!!!).
Em Portugal só as fortunas das QUATRO famílias portuguesas mais ricas totalizam 7,4 milhares de milhões de euros – ou seja quase metade do défice orçamental!
Donde resulta com clareza que não é por falta de capitais que o sistema capitalista mergulhou na sua mais profunda crise. O que se passou, e passa, é que quem detém esses capitais procura retornos (lucros) que a esfera produtiva não pode oferecer. E porque é que não pode? Devido à redução da procura solvente provocada por décadas de asfixia do poder de compra dos trabalhadores.
Como afirmou recentemente o secretário-geral da CGTP-IN, Carvalho da Silva, «vivemos o maior roubo organizado da história da humanidade». Assistimos a uma nova escalada na ofensiva política do Governo do PS com o apoio e a conivência do PSD e do CDS-PP. A pretexto da crise e do combate ao défice, penaliza-se a vida dos portugueses e agravam-se os problemas nacionais – o desemprego, a precariedade. Promove-se a destruição da capacidade produtiva nacional, o endividamento e empobrecimento geral do povo e o aumento da dependência de Portugal.
Por isso lá estaremos no próximo dia 8 de Julho, Dia nacional de Protesto e Luta organizado pela CGTP-IN.
Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação
In "Jornal do Centro" - Edição de 25 de Junho de 2010
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