Jornal Avante Nº 1621 de 23 Dezembro de 2004 Sérgio Vilarigues aos 90 anos - um HOMEM feliz em luta! Biografia
Nasceu em Routar, Torredeita, Viseu, no dia 23 de Dezembro de 1914. Começou a trabalhar aos 12 anos, como marçano de freguesia, profissão que, aos 14 anos, passou a exercer em Lisboa. Aos 16 anos inicia-se na profissão de salsicheiro, ligando-se à Associação dos Trabalhadores das Carnes Verdes e quase imediatamente à Federação das Juventude Comunistas Portuguesa. Foi preso pouco depois, em 1934, quando distribuía propaganda para a libertação de um jovem comunista condenado a 20 anos de cadeia, indo na situação de incomunicabilidade para a Esquadra de S. Domingos de Benfica. Daí passou para os calabouços do Governo Civil de Lisboa, depois para o Aljube e, a seguir, para Peniche. A 8 de Junho de 1935, é enviado para Angra do Heroísmo, para a Fortaleza de S. João Baptista. Finalmente, com a pena a que foi condenado já cumprida, foi enviado para o Tarrafal, de onde saiu em 1940, altura em que foi «amnistiado», ainda que sob «liberdade condicional». Cá fora, apresentou-se uma vez à PVDE, comunicando que ia ausentar-se para tratar-se na sua terra, entrando então na clandestinidade, tinham começado a ser dados os primeiros passos na reorganização do Partido. Orgulha-se de não ter voltado a ser preso, pois, como diz, «não gostei da primeira prisão». Ao longo dos 34 anos seguintes, sempre na clandestinidade, percorreu o País de Norte a Sul, com a responsabilidade de diversas organizações, a primeira das quais o Algarve. A partir de 1945, já como membro do Comité Central e da Comissão Política, teve a responsabilidade de todas as organizações ao Sul do Tejo, posteriormente por toda a zona de Pombal, Beiras, Porto Minho e Trás-os-Montes e, já como membro do Secretariado, por Lisboa, Ribatejo, Região do Oeste. Durante todo este tempo, desempenhou, ainda, muitas tarefas, fossem no estrangeiro – correu quase todo o mundo –, como responsável pelo Avante! ou dirigindo a Secção Internacional. Mais tarde, por questões de defesa, é enviado para o estrangeiro, onde o 25 de Abril o apanhou, mas sempre ligado ao País, onde entrava e de onde saía com frequência. Após o 25 de Abril continuou a pertencer ao Secretariado e à Comissão Política, funções que abandona em 1988, a seu pedido, e ao Comité Central, que deixa em 1996, também a seu pedido.