Artigo de Carlos Aboim Inglez escrito para o Diário de Notícias de 10 de Março de 1983, na passagem do centenário da morte de Karl Marx (14 de Março de 1883)
1. Não haverá hoje quem, minimamente culto e honesto, não reconheça em Karl Marx, sobre cuja morte passam, a 14 de Março, cem anos, um dos maiores pensadores de toda a história da Humanidade, um cientista de rara profundidade, envergadura enciclopédica, rigor intelectual e previsão genial. E também dificilmente alguém negará ter sido Marx um dos homens que, pela força do seu pensamento, mais ainda, que pela sua aliás notável actividade prática, maior influência exerceu sobre a vida ulterior da Humanidade.
Inclusive aqueles que hoje negam a validade do marxismo, os que o combatem, ou que combatem as forças sociais, políticas e intelectuais que o encarnam e continuam, mesmo esses usam-no, utilizam o marxismo, ou conhecimentos, conceitos, teorias de raiz marxista. E não é isto qualquer paradoxal contradição, nem sequer plágio consciente. Para uns, sendo o marxismo verdade, da verdade se têm de socorrer, mesmo negando-a e ocultando-a, para agirem eficazmente na prossecução dos seus interesses. Mas para outros, para todos, para a grande massa, do que se trata é que muito do que Marx descobriu e formulou se difundiu de tal forma (com a expansão e desenvolvimento do marxismo) que passou já hoje ao património do próprio senso comum e ao acervo do conhecimento científico mais generalizado.
«O artigo que publicamos, de Elias Jabour, suscita questões muito polémicas sobre o modelo de desenvolvimento pelo qual a China optou e a estratégia a ele subjacente. odiario.info divulga-o pela importância do tema, o que não significa concordância com muitas das opiniões do autor, um prestigiado académico, militante do Partido Comunista do Brasil»
O sucesso do modelo mercantil sob orientação socialista na China suscita o necessário resgate de uma elaboração científica da Economia Política do socialismo. Não somente isto. O êxito chinês bem analisado pode servir à contraposição ao senso comum – nascido na década de 1930 – e que se exacerbou na década de 1990 acerca da inviabilidade econômica do socialismo. Como ressalva inicial - antes do debate teórico em si -, vale mencionar que o modelo em curso na China encontra fortes convergências com a Nova Política Econômica (NEP) apresentada por Lênin no final da década de 1910. Entre as principais convergências podemos destacar: 1) superestrutura de poder popular; 2) concentração da propriedade estatal e/ou coletiva restrita aos setores com alto grau de monopólio; 3) estatização do comércio exterior; 4) internalização de tecnologia avançada a partir de concessões à investimentos estrangeiros; 5) permissão à comercialização de excedentes agrícolas, dando margem a: A) a uma divisão social do trabalho marcada por relações favoráveis à agricultura em relação à cidade; B) transformação de recursos ociosos na agricultura em poupança inicial à modernização industrial do país.
Obras Escolhidas de Marx e Engels Tomo I (Karl Marx e Friedrich Engels)
O marxismo representa uma doutrina revolucionária que se desenvolve e aperfeiçoa constantemente. A sua particularidade principal consiste na unidade orgânica da teoria e da prática revolucionárias.«A nossa teoria não é um dogma, mas um guia para a acção – diziam Marx e Engels.» (Lenine). Ao longo de quase meio século, desenvolveram e aperfeiçoaram a sua doutrina, enriquecendo-a com novas ideias e conclusões assentes na generalização da prática revolucionária, no poder criador e na iniciativa das massas.
A presente edição das Obras Escolhidas em três tomos inclui os mais importantes trabalhos de Marx e Engels em que se expõem as três partes constitutivas da sua grande doutrina revolucionária – a filosofia marxista, a economia política a teoria do comunismo científico.