Quem me explica esta sensação de que ando sistematicamente a ser enganado e de que «aqui há gato»?
Quem me explica que desde a introdução da nova moeda o fenómeno tenha alastrado a vários países da chamada “zona euro”?
Quem me explica que em França, Itália e outros, haja um divórcio crescente entre os números oficiais e o real nível de rendimentos da maioria da população?
Quem me explica que também em Portugal se verifique uma contradição insanável entre a taxa oficial de inflação e a real subida do custo de vida sentida por todos nós?
Quem me explica os critérios que estão subjacentes à composição do chamado “cabaz de compras”, a partir do qual se calcula a referida taxa?
Quem me explica (ver aumentos no post seguinte) como se consegue uma taxa de inflação prevista para 2008 de 2,1%?
O Governo PS, pela voz do Ministro Mário Lino, anunciou hoje [12/12] que o aumento do preço dos transportes para o ano de 2008 se situará nos 3,9%, não excluindo a possibilidade de um novo aumento intercalar no mesmo ano. Trata-se de uma proposta absolutamente inaceitável que, juntamente com os aumentos anunciados ou a anunciar de outros bens e serviços essenciais, configura mais um assalto ao bolso dos trabalhadores e um novo agravamento das suas condições de vida. Na verdade, o aumento proposto pelo governo, vem no seguimento de uma política de agravamento do preço dos transportes públicos de passageiros (ferroviário, rodoviário, aéreo, fluvial e transporte combinado) por parte de sucessivos governos, que entre 2002 e 2007 correspondeu a 29,8%, isto é, mais 64% do que a inflação registada nesse mesmo período, que foi de 18,2%. Mais uma vez o governo quer um aumento acima do valor da inflação prevista (2,1%) aumentando o peso dos transportes no conjunto de despesas das famílias Nos últimos 5 anos, o preço do transporte rodoviário subiu34,2% e o preço do transporte ferroviário subiu 54,5%, o que revela uma política anti-social de ataque ao transporte público e de favorecimento do transporte individual para o qual milhares de portugueses são empurrados. Por outro lado, o governo justifica este aumento com a subida do preço dos combustíveis procurando iludir o facto de os aumentos verificados no preço do petróleo que, como é sabido, são transaccionados em dólares, estarem a ser, em parte, compensados pela sobrevalorização do euro face ao dólar. Estes aumentos do preço dos transportes, quando comparados com o aumento dos salários, particularmente com a proposta do governo para a administração pública, confirmam uma política injusta de contínua perda de poder de compra e desvalorização dos salários dos trabalhadores que contrasta com os lucros dos grandes grupos económicos e do capital financeiro. É também preciso recordar que a lógica do lucro, que tantas e tantas vezes se tem sobreposto à lógica do serviço público é uma consequência da política de privatizações e de liberalização do sector de transporte público de passageiros que PS, PSD e CDS/PP, têm vindo a concretizar ao longo dos anos. Face a esta situação o PCP exige uma revisão desta proposta por parte do Governo e apela à luta das populações e dos utentes de transportes públicos contra estes aumentos e pela valorização e desenvolvimento dos transportes públicos.
O presente escrito é o texto do relatório lido por Marx nas reuniões do Conselho Geral da Primeira Internacional em Junho de 1865. Marx expôs aqui pela primeira vez publicamente as bases da sua teoria da mais-valia. Directamente dirigido contra as concepções erradas de Weston. membro da Internacional, o qual afirmava que o aumento dos salários não poderia melhorar a condição dos operários e que era preciso considerar perniciosa a acção das Trade Unions, este relatório vibrou, ao mesmo tempo, um golpe nos proudhonianos, e também nos lassallíanos, que tinham uma atitude negativa quanto à. luta económica dos operários e aos sindicatos. Nele Marx combate resolutamente os apelos à passividade e à resignação dos proletários perante o capital que os explora, fundamenta teoricamente o papel e importância da luta económica dos operários e sublinha a necessidade de a subordinar ao objectivo final do proletariado: a supressão do sistema de trabalho assalariado. O texto do relatório, conservado em manuscrito, foi publicado pela primeira vez em Londres em 1898 pela filha de Marx, Eleanor, com o título Value, Price and Profit (Valor, Preço e Lucro) e um prefácio de Eduard Aveling, seu marido. São de Aveling os títulos da introdução e dos primeiros seis capítulos, que não os tinham no manuscrito. A presente edição conserva-os, com excepção do título geral.