Hipócritas
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Nada muito diferente da situação em Portugal, onde os que agora questionam as condições do SNS são os mesmos que em sucessivos governos fizeram com que o País passasse de 397,6 camas por 100 mil habitantes nos hospitais, em 1990, para 344,5 em 2018;
ou que o número de camas nos centros de saúde passasse de 32,4 para zero;
ou que as 39 690 camas existentes nos 240 hospitais, em 1990, ficassem reduzidas, em 2018, a 35 429 camas em 230 hospitais.
Os mesmo que agora querem máscaras para cada cidadão e que enquanto governantes foram responsáveis por Portugal ser o país da Europa com menor número de camas nos cuidados intensivos: 4,2 por 100 mil habitantes.
Os mesmo que hoje clamam por mais Estado, sem qualquer pudor, são os mesmos que desenvolveram políticas que levaram mais de 20 mil enfermeiros formados pelo ensino público a deixar o País – a zona de conforto – desde 2010.
Numa altura em que apenas três semanas foram iniciados 28 processos de despedimento colectivo, o triplo face ao mesmo período do ano passado, o vírus que mata tem outro nome.
Entre o juramento de Hipócrates, feito pelos médicos, e o juramento dos hipócritas, a única semelhança está na fonética.»
Sublinhados meus