Obama sem perdão
Desenho de Fernando Campos (o sítio dos desenhos)
Obama é o presidente do único país do mundo que recorreu à arma nuclear e que está empenhado no seu aperfeiçoamento, o presidente de uma potência que pretendendo dominar o mundo, vê na arma nuclear um elemento central da sua política de «segurança nacional» e ameaça com o seu uso «preventivo», um país que cerca de bases militares os seus «adversários estratégicos», a China e a Rússia, e que tem em curso a instalação na Europa Central e na Coreia do Sul de sistemas de mísseis que visam colocar os EUA ao abrigo de retaliação quando e se desencadear a guerra nuclear.
É espantoso que Obama não só se apresente a si próprio como seja apresentado pela comunicação social dominante como pacifista e paladino da abolição da arma nuclear.
Porque, ao mesmo tempo que recusa propostas de negociação no sentido da redução e eliminação dos colossais arsenais hoje existentes, o que os EUA pretendem não é impedir a proliferação da arma nuclear mas o desarmamento unilateral daqueles países que ousem resistir à sua política de submissão e pilhagem imperialista, como está a acontecer no Médio Oriente onde Israel, a sua principal ponta de lança, não só dispõe de armamento nuclear como ameaça com a sua utilização «preventiva».
- Presidente dos EUA na Ásia com a China na mira (Avante!, Edição N.º 2218, 02-06-2016)
«A maioria dos japoneses pretendia de Barack Obama um pedido de desculpas que traduzisse arrependimento. Não só não o obtiveram, como foram ainda confrontados com a teoria dos «danos colaterais» como um «preço a pagar».
Muitos dos sobreviventes de Hiroxima e Nagasaki voltaram, nesta ocasião, a relatar os efeitos brutais das bombas atómicas lançadas por ordem do então presidente dos EUA, Harry Truman:
seres humanos e edifícios carbonizados por igual;
um «exército de fantasmas» com a pele a desprender-se da carne aos pedaços e os olhos esbugalhados a saltarem das órbitas;
a chuva negra e ácida corroendo os corpos de vivos, moribundos e mortos;
as marcas psicológicas inapagáveis, como aquelas que fazem do quotidiano crepúsculo um rememorar da luz assassina que se expandiu após as explosões.»
«Estima-se que em Hiroxima e Nagasaki tenham morrido mais de 250 mil pessoas só nos bombardeamentos nucleares.
Pelo menos outras tantas morreram nos meses imediatamente a seguir.
Dezenas de milhares foram depois perecendo devido a enfermidades associadas à exposição à radiação, como o cancro.
Muitas sobrevivem suportando maleitas crónicas, ferimentos ou mutilações.»
Agosto 1947. Fotógrafo: Carl Mydans. Life Images
«Nas últimas semanas, a República Popular Democrática da Coreia propôs conversações tendo por objectivo aliviar a tensão militar na península.
Num gesto significativo, as autoridades norte-coreanas nomearam como ministro dos Negócios Estrangeiros o diplomata de carreira responsável pelo diálogo com os EUA e a Coreia do Sul durante mais de duas décadas.»
«A 10 de Maio, um vaso de guerra norte-americano navegou a escassos quilómetros de ilhas chinesas situadas no Mar do Sul. A 17, aviões chineses interceptaram uma aeronave de patrulha e reconhecimento dos EUA na mesma zona.
Entre um e outro incidentes, Pequim acusou os EUA de distorcerem deliberadamente a sua política de defesa e avisou para o prejuízo grave que tal implica na relação de confiança entre os dois países.
A China reagiu, dessa forma, a um relatório do Pentágono que atribui às autoridades chinesas «tácticas coercivas» no Mar do Sul.
«São os Estados Unidos que têm mostrado poderio militar ao frequentemente enviarem aviação e navios de guerra para a região», respondeu Pequim.»
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