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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

Os indignados

1 Maio 2020.jpg

Gostava de ter escrito ISTO

«É inaceitável.» «É uma pouca vergonha.» «Assim não!» A ruidosa indignação, revolta, fúria, ira, raiva de Rui Rio, logo secundada pela opinião publicada de uns quantos cães de guarda do establishment e replicada por quantos, no seu profundo reaccionarismo ou infinita ignorância não atinam em distinguir emergência sanitária de emergência totalitária, é digna de registo.

E porquê? Porque numa altura em que o País tem um milhão de trabalhadores em lay-off e mais de 350 mil desempregados, o que os indigna é a ousadia da CGTP em comemorar o 1.º de Maio.

Porque numa altura em que as empresas estão a descartar os trabalhadores com vínculos precários – em 2019 havia cerca de 850 mil sem contrato de trabalho permanente, embora a esmagadora maioria ocupasse postos de trabalho permanentes – o que os revolta é o facto de a CGTP e os malvados dos comunistas, claro, não abrirem mão do direito a assinalar o dia do trabalhador.

Porque numa altura em que milhões de trabalhadores sofrem as consequências das opções políticas e económicas ditadas pela União Europeia, agora agravadas pela pandemia, o que os enfurece não são as brutais perdas nos magros salários, de um terço ou mais, de quem trabalha, mas sim que os legítimos representantes dos explorados tenham a coragem de prosseguir a luta.

Porque numa altura em que disparam os atropelos aos direitos laborais – férias forçadas, pressão para baixas médicas, pressão para licenças sem vencimento, alteração de horários de trabalho, confinamento forçado, etc., etc., etc. –, o que lhes desperta a ira é que a CGTP e os malvados dos comunistas, claro, não abdiquem de ser a voz que não se cala.

Quem ouviu os «indignados de Maio» podia pensar que o País devidamente confinado tinha vindo à janela num monumental caçarolaço de protesto. Qual quê! Foi mesmo só nos media e nas redes sociais, no velho jogo de espelhos para simular multidões.

Quem não soltou um pio quando a Altice, só para dar um exemplo, mandou trabalhadores madeirenses para casa com um corte de 50% nos vencimentos, deixando-os a receber cerca de 300 euros, não obstante ter tido no último ano 814 milhões de euros de lucros antes de impostos, só em Portugal, ficou tão enraivecido com a celebração do 1.º de Maio que contou «milhares» onde nos anos sem restrições só a custo conta «centenas».

Quem do computador não enxerga a «insegurança de transportes públicos a abarrotar, locais de trabalho em que não se garante o distanciamento físico nem a provisão pelas entidades patronais dos equipamentos de protecção individual, a que se junta a pressão e chantagem», nas palavras de CGTP, indignou-se contra a liberdade e a democracia e bolsou ódio de classe. Nada de novo. É por isso que há Maio.

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1.º de Maio – 1886/1916: 130 anos depois uma batalha que continua

As greves e manifestações do operariado norte-americano pela redução do horário de trabalho para oito horas diárias e 48 semanais no máximo, iniciadas no dia 1 de Maio de 1886, com especial incidência na região industrializada de Chicago fazem 130 anos no próximo dia 1.º de Maio. Estas greves, os acontecimentos sangrentos provocados pela repressão policial nos dias seguintes e a condenação à forca de quatro dirigentes operários e um quinto a prisão perpétua, ainda hoje ecoam no mundo como símbolo de injustiça, factor de mobilização e de solidariedade entre os trabalhadores e incentivo à sua luta pela redução diária e semanal do horário de trabalho.

 

1 de Maio de 1974_1.jpg

 

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