16 de Outubro de 1918 – Leva da Morte
A ditadura militar de Sidónio Pais instaurada com o golpe de Estado de 5 de Dezembro de 1917 cedo desiludiu quantos lhe concederam o benefício da dúvida.
A miséria grassa no País e sucedem-se as greves, os motins, os levantamentos populares.
Uma revolta eclode em Coimbra, a 12 de Outubro. O movimento não tem eco, mas o governo decreta o estado de sítio.
As prisões de Lisboa enchem-se de presos políticos.
Por falta de espaço, decide-se transferir uma parte deles para os fortes de São Julião da Barra, Alto do Duque e Caxias.
153 detidos saem do edifício do Governo Civil ao cair da tarde do dia 16, rodeados por 253 guardas. O cortejo é aberto por corneteiros e tambores. Quando a cabeça da coluna chega à Rua Vítor Córdon soa um tiro. Gera-se a confusão e o pânico, os guardas disparam em todas as direcções. Balanço: sete mortos e sessenta feridos.
No dia seguinte, o governo responsabiliza um dos presos, que teria disparado sobre os guardas. A arma nunca foi encontrada.
A versão não convence ninguém: tornou-se evidente que o massacre fora preparado e que a insólita presença dos corneteiros era o sinal para o ataque à que ficou conhecida como a «Leva da Morte», nome dado à rua em 1924.
Tentando apagar a memória, em 1937 a ditadura de Salazar integra o local do crime na Rua Serpa Pinto.