Itália - Um percurso e uma eleição
Texto de Jorge Cadima
As eleições políticas italianas de Abril deste ano merecem particular atenção. Pela importância do país, berço do fascismo e onde os seus herdeiros assumem de novo as rédeas do poder. Mas também onde os comunistas tiveram um notável papel na organização e condução da luta dos trabalhadores e das massas.
Um país que durante décadas teve o maior partido comunista da Europa ocidental. E onde hoje, pela primeira vez no pós-guerra, não há no Parlamento deputados comunistas ou de qualquer força que sequer se afirme de esquerda.
A coligação eleitoral de extrema-direita, chefiada por Berlusconi, obteve cerca de 47% dos votos e a maioria absoluta nas duas Câmaras do Parlamento. A coligação de centro, que optou por concorrer sem alianças à sua esquerda, ficou-se pelos 38%. A coligação «A Esquerda – O Arco-íris», que juntou o Partido da Refundação Comunista (PRC), o Partido dos Comunistas Italianos (PdCI), os Verdes e a Esquerda Democrática (SD), sofreu um severo revês, tendo obtido apenas 3% dos votos (face aos 10-11% obtidos pelos partidos que a constituem nas eleições de 2006, dos quais 8% dos dois partidos comunistas). Caberá certamente, em primeiro lugar, aos trabalhadores e aos comunistas italianos analisarem as causas desta derrota. Tanto mais, quanto a variação na votação é muito drástica e em sentido contrário ao registado por alguns outros partidos comunistas e progressistas europeus em eleições recentes, o que sugere causas específicas nacionais e não apenas os efeitos de uma conjuntura internacional seguramente negativa e difícil. Mas o significado e o impacto dos acontecimentos italianos ultrapassam as fronteiras desse país e impõem algumas considerações.
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