«Um dos aspectos que caracteriza o comportamento dos grandes órgãos da comunicação social em Portugal, e mesmo de certos jornalistas, é o de promoverem personalidades de direita em grandes autoridades sobre certas matérias para que depois as suas opiniões sejam aceites pela opinião pública como verdades indiscutíveis. É um processo clássico de manipulação da opinião pública, que Philippe Breton, professor na Universidade de Paris-Sorbonne, no seu livro A Palavra Manipulada designa por "argumento de autoridade" Segundo este investigador, "este argumento baseia-se na confiança depositada numa autoridade em nome do principio de que não podemos verificar por nós próprios tudo quantos nos é apresentado" (2001:pág. 94).
Tudo isto vem a propósito de Antonio Borges, conselheiro do governo para as privatizações, bem pago com dinheiro dos contribuintes, que simultaneamente também é administrador da Jerónimo Martins. A comunicação social afeta ao governo tem procurado fazer passar este "senhor", junto da opinião pública, como um grande professor de economia e um experiente gestor (formado na escola da Goldman Sachs e do FMI). Por isso interessa analisar, até pela importância que ele tem junto deste governo, a credibilidade técnica e cientifica das afirmações do referido "senhor", nomeadamente as feitas no dia 29/9/2012; portanto, não é o aspecto se são ou não convenientes.»
Quem me explica como é que reformados de um banco podem ser candidatos a administradores executivos desse mesmo banco?
Quem me explica porque é que num dia a CMVM e o Banco de Portugal falam em ilícitos criminais dos administradores do BCP de 1999 a 2007 e no dia a seguir se calam?
Quem me explica como é que o Banco de Portugal num dia fala em inibição de desempenhar cargos no Conselho de Administração de instituições bancárias e financeiras por parte dessas mesmas pessoas e no dia a seguir autoriza?
Quem me explica que não se considere esta situação como reveladora de uma promiscuidade inadmissível (para não dizer outra coisa)?
Quem me explica que ISTO, entre outras coisas, não tem nada a ver com o assunto?