Carlos Latuff on Twitter: «Coronavírus e as prioridades de Donald Trump.»
Quando Marx escreveu que «há algo podre na essência de um sistema que aumenta a riqueza sem diminuir a miséria», não poderia ter imaginado o engenho com que esse sistema conseguiria esconder tanta miséria sob a casca da riqueza. Mas a pandemia veio revelar como é frágil a casca e podre o seu interior.
Nos EUA desvela-se, sob a casca do país mais rico do planeta, o mais indecoroso terceiro-mundismo: o povo estado-unidense está à mercê da morte. «Entre 200 000 e 240 000 americanos vão morrer», sentenciou Trump na semana passada, advertindo, contudo, que no dia 12 de Abril os estado-unidenses devem voltar ao trabalho.
De costa a costa, somam-se sinais de uma veloz desagregação:
- nunca a taxa de desemprego cresceu tanto em tão pouco tempo — em duas semanas dez milhões de pessoas perderam o trabalho;
- nunca os índices de criminalidade aumentaram tão rapidamente — só na última semana, o número de crimes aumentou 20 por cento
- e nunca se venderam tantas armas em tão pouco tempo — uma explosão de 80 por cento num só mês.
1. O presidente não agiu atempadamente: Trump demorou 70 dias até tomar a primeira medida, desperdiçando a fase mais crucial para a contenção.
2. Todos os níveis de governo falharam: a arquitectura descentralizada do poder mostrou-se inapta para enfrentar a epidemia com agilidade e consistência: de Estado para Estado, de cidade para cidade, as estratégias de contenção foram confusas, descoordenadas e lentas.
3. A OMS não foi ouvida: a Casa Branca desestimou repetidamente as recomendações da Organização Mundial de Saúde, ao ponto de recusar os kits de teste oferecidos por esta organização, criando uma escassez sem paralelo na OCDE.
4. Não há Saúde pública: em vez de um serviço de saúde público, gratuito e universal, os EUA têm um sistema baseado em seguros de saúde privados e movidos pela sede de lucro, o que deixa 60 milhões de pessoas sem acesso a cuidados.
5. Desigualdade extrema: embora Trump garanta que estão todos no mesmo barco, só alguns levam colete salva-vidas. Os pobres e os negros são, desproporcionalmente, os que mais se infectam e os que mais morrem com COVID-19. Em Chicago, por exemplo, os negros compõem apenas 30% da população mas representam 70% dos infectados.
6. O grande capital recusou sacrifícios: da indústria farmacêutica a Silicon Valley, os grandes grupos económicos se recusaram a abrir mão de um cêntimo que fosse. A GM, por exemplo, recusou-se a produzir ventiladores até ao início de Abril.
7. As ajudas são para os mesmos: Trump admitiu que o programa de alívio financeiro para a pandemia, o CARES, que pode injectar até 6,2 biliões de dólares na economia, prevê 4,5 biliões para os grandes grupos económicos e para a banca e apenas 1,7 biliões para a saúde, as pequenas empresas, os 50 Estados e os trabalhadores.
8. Os trabalhadores vivem num trapézio sem rede: Nos EUA, 32 milhões de trabalhadores não têm qualquer tipo de baixa médica paga, 45 por cento não têm poupanças e outros 25 por cento têm menos de 1000 dólares na conta. 60% não aguenta um mês sem trabalhar.
9. Décadas de cortes: há 50 anos que os organismos públicos úteis numa pandemia são alvo de cortes bipartidários. Trump, por exemplo, acabou de cortar o orçamento dos Centros de Controlo de Doenças, do Medicaid, do Medicare e do Instituto Nacional de Saúde.
10. O capitalismo: O capitalismo não procura preservar a vida, mas os lucros. É da sua própria natureza. A pandemia surge por isso para muitos capitalistas como uma oportunidade de negócio, para alguns como um prejuízo e, para muitos, como um pretexto para destruir a produção e recomeçar mais uma crise cíclica.
A morte do rei Fernando, sem deixar herdeiros masculinos, abriu uma crise dinástica em Portugal, na altura já a braços com revoltas camponesas e profunda insatisfação popular devido à fome e à peste que assolavam o País.
Para evitar que o reino acabasse sob o domínio de Castela – como queriam a rainha viúva Leonor Teles, o seu conselheiro galego conde Andeiro e grande parte da nobreza – alguns nobres, com D. João, mestre de Avis, irmão ilegítimo do rei Fernando, matam o conde Andeiro a 6 de Dezembro de 1383.
O povo de Lisboa aclama o Mestre de Avis Regedor e Defensor do Reino no dia 16 e a burguesia apoia-o com os meios necessários à guerra com Castela, que dura até 1385.
Portugal sai vitorioso.
Segundo vários autores, incluindo Álvaro Cunhal, «a revolução burguesa identificou-se com uma luta nacional pela independência» e a vitória da nação portuguesa foi uma «vitória das forças progressistas sobre as forças reaccionárias de Portugal e Espanha».
«Neste dia, no ano de 1383, começava em Lisboa a primeira revolução burguesa do mundo.
Revolução, pela mesma razão que ninguém ousaria chamar «interregno» à Revolução Francesa nem «crise» ao 25 de Abril.
Burguesa, porque, ainda que pavorosa aos próprios netos, inaugurou definitivamente o poder dos «homens honrados pela fazenda».
E, à semelhança da revolução francesa ou do 25 de Abril, a revolução portuguesa de 1383-1385 também foi condenada ao olvido e à mentira – com a diferença, no entanto, de mais séculos de avanço.»
Reunião no Madison Square Garden da organização Americana Nazi em 1939
Realizadas as Convenções dos Partidos Republicano e Democrata, somente restam na corrida para a Casa Branca dois candidatos importantes: Hillary Clinton e Donald Trump, qual deles o mais reacionário e perigoso para a humanidade.
Neste artigo, publicado em Setembro do ano passado na Revista Vermelho, António Santos comenta a influência que o pensamento fascista do III Reich teve na formação da ideologia predominante nos Estados Unidos.
Não perdeu atualidade.
Índice dos subcapítulos
Arca de Noé da Direita Americana
O fantasma de João Calvino
O mercado de Wall Street
A inspiração de Hitler
A primeira ameaça vermelha
A cultura do fascismo
Nazis e americanos, uma história de amor
A casa de Hitler nas montanhas
A segunda ameaça vermelha
Anti-comunismo sem comunistas
América Anti-intelectual
Actividades anti-americanas
O sonho americano
O actual reaccionarismo da direita estado-unidense é o produto cultural de dois séculos de desenvolvimento de capitalismo. Ao contrário da maioria dos Estados capitalistas desenvolvidos, os EUA nunca abandonaram uma noção de nação que incorpora elementos fascistas. Na verdade, ao longo destes 200 anos, a definição da ideologia americana, ou americanista, foi crescendo, até se transformar, hoje em dia, numa fina película super-estrutural muito semelhante ao fascismo, que filtra a percepção da realidade vivida por milhões de estado-unidenses.
Mais do que mero ersatz da histeria anti-comunista dos anos cinquenta, o nacionalismo estado-unidense mantém-se como um instrumento de luta de classes ao serviço do grande capital e um elemento unificador nacional que se estende da extrema-direita do Partido Republicano ao centro do Partido Democrata.
Na actualidade, a ideologia americanista é um pretexto para justificar o belicismo, a tortura, a espionagem e a repressão policial. Por outro lado, permite manter a opressão económica e social dos afro-americanos, fechar alternativas políticas ao capitalismo bicéfalo e, ao mesmo tempo, convencer os trabalhadores de que no «sonho americano», ao contrário de todos os outros países, é possível enriquecer trabalhando arduamente. Nesta perspectiva individualista, os trabalhadores que não enriquecem devem-se culpar unicamente a si próprios, aos seus genes, à sua inteligência, à sua falta de fé, ou à sua força de vontade, mas nunca ao seu patrão.
Sempre que nos EUA uma cidade explode de raiva, os principais órgãos de comunicação social vêm chorar as montras partidas, os caixotes de lixo injustamente incendiados, o papel higiénico roubado das lojas...
Ficasse Charlotte na Venezuela e estava pintado um bonito quadro de legítima revolta popular, contra a escassez de produtos básicos e um regime;
fosse em Cuba e já haveria Organizações Não-Governamentais a organizar concertos e campanhas pela libertação dos presos políticos durante os protestos;
fosse a Carolina do Norte a Coreia do Norte e choveriam notícias sobre a brutal ditadura que usa o exército para reprimir e matar o seu próprio povo.
Mas não sendo Charlotte na Venezuela, não veremos as fotografias de dezenas de pessoas, carregadas de papel higiénico, a sair de supermercados incendiados;
não sendo em Cuba, nunca saberemos os nomes das dezenas de pessoas presas durante os protestos,
e não sendo a Carolina do Norte a Coreia do Norte, ninguém falará em direitos humanos.
Keith Lamont Scott não foi o terceiro nem o quarto caso: de acordo com o The Guardian, Keith Lamont Scott foi o 193.º(!!!) negro a morrer às mãos da polícia nos EUA desde o início do ano.
No caso de Charlotte, o orçamento camarário para a polícia ultrapassa os 16 milhões de dólares anuais, mais do que a verba da cidade para a saúde e quase tanto como para a educação.
Um Estado – como o Haiti – ao serviço dos grandes grupos económicos, da corrupção, do crime organizado, nas mãos do capitalismo transnacional é bem tratado na comunicação social, ou nem mencionado, mas o seu povo sucumbe à cólera do capitalismo.
Um Estado – como Cuba – ao serviço das pessoas, dos trabalhadores, constantemente criticado pela comunicação social dominante, salva o seu povo da miséria e da morte com a construção do socialismo. Distam cem quilómetros um do outro.
(...)
Ficará ao critério de cada um julgar por que não é notícia igual um milhar de mortos, onde quer que tombem, tal como ficará ao critério de cada um julgar por que motivo o facto de Cuba resistir de forma tão humana às forças da natureza, quanto firme resiste às forças do império norte-americano, nunca é notícia.
Os povos da República Dominicana, Haiti e Cuba têm nas suas mãos a reconstrução das suas vidas, das suas casas, das suas cidades, aldeias e vilas. A grande diferença é que os cubanos não perderam vidas para esse recomeço e tiveram, antes e depois do furacão, um Estado ao seu serviço, das pessoas.
(...)
O balanço da catástrofe e o seu tratamento mediático remetem-nos para duas considerações:
1 – O Haiti, ainda não refeito do terremoto de 2010 que provocou cerca de 200 000 mortos, submetido a bloqueios, ingerências e pressões do imperialismo, na prática ocupado militarmente, com um povo condenado à pobreza extrema, foi arrasado pelo poderoso furacão. Os mortos são já mais de mil, terão sido afectados 1,3 milhões de pessoas e a cólera alastra entre a população daquele país. A vizinha República Dominicana, apesar de não atingida directamente, contou com quatro mortes e dezenas de comunidades isoladas. Os EUA atingidos já na fase de enfraquecimento do Matthew (nível 3 e 2) registaram 20 mortos e centenas de milhares de afectados e deslocados.
Cuba foi atingida directamente pelo Matthew com o mesmo grau de intensidade do Haiti (4). Ventos de 220 Km/h, chuvas torrenciais e marés de tempestade afectaram sobretudo a província de Guantánamo. Apesar de avultadíssimos estragos e de 73 000 pessoas evacuadas, as vítimas mortais foram… Zero! Não há registo de epidemias, dois dias depois as comunicações estavam repostas. As razões de tão radical diferença residem no exemplar sistema de preparação, evacuação, socorro e reparação cubano (com a participação das forças armadas) e, apesar das dificuldades, na solidez das construções. Mais uma vez Cuba socialista demonstra a sua organização e capacidade para proteger os seus cidadãos.
Em 2010, perante o Comité de Negócios Estrangeiros do Senado dos EUA, Bill Clinton assumiu a responsabilidade pela destruição da economia haitiana. O ex-presidente reconheceu que ao forçar o Haiti a levantar as barreiras à importação de arroz conduziu o país caribenho a uma dependência alimentar absoluta: «Os países ricos que produzem muita comida deviam vendê-la aos países pobres, libertando-os desse fardo. Foi bom para os agricultores do Arcansas, mas foi um erro. Terei de viver todos os dias com as consequências de ter destruído a capacidade do Haiti se alimentar». Durante duas décadas, o Haiti foi proibido de subsidiar a própria agricultura e forçado a substituir o arroz por frutas tropicais. A NAFTA, a adesão à Organização Mundial de Comércio e o fim da lei Glass-Steagall foram os últimos pregos no caixão da economia haitiana, agora votada aos caprichos do capitalismo estado-unidense.
(...)
O que a devastação do Matthew revela é a natureza da «reconstrução» após o terramoto de 2010.
No livro «Haiti depois do Terramoto», os investigadores Bill Quigley e Amber Ramanauskas provaram que o principal destino das doações foram os governos dos EUA e de outros países. Para cada dólar enviado, 33 cêntimos regressaram aos governos «dadores» através, por exemplo, de rubricas militares e outros 42 cêntimos foram absorvidos por ONG. Só 25 cêntimos se destinaram a ajuda humanitária e nem um cêntimo foi direccionado para o Estado haitiano. A título de exemplo, a ONU dedica anualmente 23,5 milhões de dólares para combater o surto de cólera que a própria ONU criou. Em contrapartida, gasta anualmente 650 milhões de dólares para manter a presença militar que criou o surto de cólera. Tinha razão o embaixador dos EUA no Haiti quando, após o terramoto, escreveu que «começou a febre do ouro». Malhas que o império tece.
«Nem mesmo a revelação de que o Comité Nacional do Partido Democrata (PD) sabotou a campanha de Bernie Sanders fez o senador do Vermont retirar o apoio político que, no dia 12, entregara a Hillary Clinton.
Se já todos sabíamos que as primárias democráticas foram tudo menos democráticas, a fuga de mais de dez mil emails da Comissão Nacional, prontamente atribuída por Hillary à Rússia, veio revelar os requintes anti-semitas e fundamentalistas com que a direcção daquele partido procurou denunciar as raízes judaicas de Sanders ou, pior ainda, expor o seu alegado ateísmo.
«Para a minha malta baptista no Sul há uma grande diferença entre um judeu e um ateu», pode ler-se num email divulgado pela Wikileaks em que Brad Marshall, chefe das finanças do PD, pondera a estratégia de ataque a Sanders na comunicação social.»
«Nos EUA cresce um sentimento de desconforto e revolta com a evolução do capitalismo.
Não é ainda uma resistência ao próprio capitalismo e, nesse sentido, deixa espaço para nostalgias utópicas de regresso a um outro capitalismo, que surgem à «esquerda» e à «direita».»
Que nenhum europeu se choque com o populismo de Trump; não temos também nós um Boris Johnson? Que nenhum europeu se escandalize com o discurso racista e xenófobo de Trump; ou esqueceram-se da Hungria, da Dinamarca, da França, da Polónia… Que ninguém se ria da representação nacional de Trump, ou acham que os portugueses têm andado nessas matérias melhor servidos? Estranhamente, o desdém por Trump contrasta, na comunicação social da classe dominante, diga-se novamente, com a simpatia por Hillary Clinton.
A maioria dos sofisticadíssimos capitalistas europeus já votou por Hillary Clinton,
a testa-de-ferro do Walmart que há não muito tempo descrevia os jovens negros como «super-predadores»;
a multi-milionária enterrada até ao pescoço em negócios nebulosos com farmacêuticas e fundos de especulação;
a arquitecta da guerra na Líbia;
o falcão do holocausto na Síria;
a secretária de Estado do governo que mais imigrantes deportou na História dos EUA.
É ela, não Trump, a escolha de Hollande, Barroso, Schulz, Tsipras, Juncker, Dijsselbloem e Draghi. É essa a única explicação para o retrato caricatural de Trump, pela comunicação social europeia, que óbvia a compreensão de um fenómeno com raízes profundas e de cuja compreensão depende o futuro do globo.
Trump não é, ao invés da tese do aglomerados de comentadores de turno, um candidato «anti-sistema». Representa, na verdade, os interesses de sectores específicos da alta burguesia, actualmente minoritários, procurando uma aliança de fachada proto-fascista com a pequena e a média burguesia em torno da indústria, dos serviços e do imobiliário. No discurso, esta oscilação permite o extremar do racismo, do conservadorismo cultural, da religião e do anti-comunismo. A nível externo, corresponde a um modelo neocolonial semelhante à política estado-unidense da primeira metade do século XX.
Clinton, por seu turno, não desdenha nenhum destes propósitos: é simplesmente mais favorável ao «capital fictício», para usar a expressão de Marx, da especulação financeira e da integração económica prevista no âmbito do TTIP e do TTP.»
Antes do massacre, o atirador de Orlando terá dito que agia em nome do Estado Islâmico, mas é provável que tivesse ligações tão fortes a Trump como a al-Baghdadi.
Mateen adquiriu a sua metralhadora AR15 como um bom republicano; tinha fama de machista como prescrevem os fundamentalistas cristãos; fazia gala, como os paleo-conservadores, do seu amor pela brutalidade policial e, como toda a extrema-direita, odiava homossexuais.
Seria, afinal, o descendente de afegãos um «radical islâmico» ou outra coisa?
A verdade é que, na barbárie como nas ideias, a normalidade político-ideológica dos EUA anda há muito de braço dado com as fátuas do Estado Islâmico na mesma sopa de ódio primordial onde se geram os fascismos: o capitalismo em crise.
O monstro de Orlando jurou ódio à humanidade – e lealdade a Trump.
A contagem dos votos, no sábado, começou meia hora antes do previsto, com a presidente estadual do Partido Democrata, Roberta Lange, a fechar-se na sala sozinha, com os boletins de voto. Quando saiu, anunciou à convenção que acabara de decidir unilateralmente a alteração das regras de distribuição dos delegados: «Uma decisão da presidente não pode ser debatida; não podemos ser desafiados!», declarou a dirigente democrata perante uma multidão de activistas incrédulos.
As novas regras, inventadas minutos antes, possibilitaram que Hillary Clinton, com 1298 representantes eleitos, elegesse mais delegados do que Sanders, com 1613 eleitos. Feitas as contas, Hillary roubou sete dos 12 delegados disputados.
Quando Roberta Lange recusou a discussão e votação de todas as propostas para repor a legalidade, os apupos rapidamente deram lugar aos gritos e às palavras de ordem. A presidente anunciou o fim da convenção, mas os delegados não arredaram pé. Dentro de minutos, uma linha de polícias armados separava os congressistas da mesa e uma voz saída de dentro de um capacete sintetizava assim, com cristalina clareza e para além da aparência e da formalidade, as leis internas e essenciais da democracia burguesa: «Por ordem da presidente, a convenção acabou. Quem não for imediatamente para casa será detido». Ouviram bem?