O pior está para vir…
Texto de José Paulo Gascão
O autor debruça-se sobre a presente e devastadora crise estrutural do capitalismo, os seus efeitos em Portugal, e a incapacidade do governo PS liderado por José Sócrates os atenuar, também pela opção de classe subjacente às medidas tomadas: servir o capital monopolista.
O título deste artigo pode parecer alarmista. Não o é.
Mesmo entre defensores do capitalismo é cada vez mais alargado o consenso de que esta crise terá consequências mais devastadoras que a de 29.
Hoje, diferentemente de 1929, a globalização do capital imperialista em busca de um «crescimento económico» que tem como fim absoluto o lucro e não o Homem, ignorou os limites dos recursos e das leis da Natureza, o que provocou, entre outras consequências: a exploração delapidadora dos recursos até níveis absurdos, como se fossem inesgotáveis; o abuso do meio ambiente, bem patente na intenção de transformar as emissões de CO2 em objecto de compra e venda entre países, e pretexto para intervenção neocolonialista nos países não industrializados; a regressão de valores civilizacionais, que escorre até à base da pirâmide social; a oligopolização do comércio mundial de sementes e cereais, que já levou à duplicação, e mais, dos seus preços, num mundo onde é crescente o número de famintos; o abandono da actividade agrícola e a retirada de alimentos e terras e água para o desenvolvimento de novas fontes de energia alternativas (biocombustíveis) ao petróleo, são factores que põem em risco a própria Civilização, tal como hoje a entendemos.
Se tivermos presente que o processo crise de 29 teve em 1934 nos EUA o seu pior ano, concluiremos que o título escolhido não é alarmista: o pior está para vir.
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