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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

Séc. VII – Hôtel-Dieu de Paris

O percurso histórico do Hospital mais antigo da capital francesa (651-2020)

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Hôtel-Dieu de Paris gravura medieval

Feito para refúgio de indigentes e enfermos, o Hôtel-Dieu de Paris (Albergue de Deus) é um dos hospitais mais antigos do mundo e foi, até à Renascença, o único hospital parisiense intra-muros.

A sua história começa na Idade Média, quando o bispo Landry, tido como santo pela Igreja Católica, o dedica a São Cristóvão.

Como era uso na época, o Hôtel-Dieu oferece comida e abrigo aos pobres, para além de cuidados médicos.

Hôtel-Dieu de Paris_sala de tratamentos.pngHôtel-Dieu de Paris sala de tratamentos

O estabelecimento permanece nas mãos da Igreja durante vários séculos, mas com a Revolução (1789-1799) passa a vigorar o princípio da laicidade e os hospitais ficam na alçada dos municípios ou do Estado.

Após vários incêndios e obras de reconstrução, em 1877 o espaço do Hôtel-Dieu é considerado exíguo e pouco salubre.

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 L’incendie de l’Hôtel-Dieu, en 1772 - pintura de Jean-Baptiste-François Génillion, Museu Carnavalet

Novas instalações são construídas nas proximidades, junto da catedral de Notre-Dame.

A prestação de cuidados de saúde profissionaliza-se e os hospitais tornam-se locais de transmissão de saber, passando, a partir de finais de 1801, a ser classificados em função da sua especialização.

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Hospital Hôtel-Dieu 1830

Vinculado actualmente à Faculdade de Medicina Paris-Descartes, o Hôtel-Dieu acolhe também um hotel turístico.

Em 2019, parte do espaço do Albergue de Deus foi cedido a um promotor imobiliário, por 80 anos, a troco de 144 milhões de euros.

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Hôtel-Dieu, Place Jean-Paul II - Paris IV, 2012

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Leituras da blogosfera...

Internet-informacoes

«Em 100 anos, nunca vi um partido comunista no poder que governasse com eleições livres, com partidos políticos, com liberdade de expressão, sem exilados, sem presos políticos.»

António Barreto, em entrevista à RTP 3, 21.10.2015

 

O ministreiro da propaganda

Desenho de Fernando Campos (o sítio dos desenhos)

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«O ministro adjunto e do desenvolvimento regional Poiares Maduro, por exemplo, é licenciado em direito, docente, jurisconsulto, ganhou prémios de ciência e até foi condecorado pelo cavaco com a comenda da ordem de Santiago da Espada por, segurem-se, mérito literário, científico e artístico. Ah, e tem obra publicada (em istrangeiro e tudo) - sobre quê? Pois, sobre direito, ófecórse. Tem até uma que se chama "A Constituição Plural - Constitucionalismo e União Europeia".»

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o secretário rosalino - Um filho-da-putazinho competente...

Desenho de Fernando Campos (o sítio dos desenhos)

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«Como disse Alberto Pimenta, todo o grande filho-da-puta depende dos serviços de imensos pequenos e solícitos filhos-da-puta. E todo o pequeno filho-da-puta almeja ser um grande filho-da-puta.

Assim, não há ministro do governo, banqueiro ou administrador de empresas que prescinda do seu secretáriozinho, alguém que o assessore e aconselhe, enfim, lhe faça os recados e o trabalhinho sujo.»

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Carlos Abreu Amorim

Desenho de Fernando Campos (o sítio dos desenhos)

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«Carlos Abreu Amorim tornou-se conhecido como blogguer no Blasfémias, paineleiro na TV, num programa de comentadeiros do regime e por tuitar bacoradas racistas a propósito do futebol. Já foi da extrema-direita e depois foi por aí acima, sempre fiel aos seus princípios: a seguir foi do CDS, depois do partido de Manuel Monteiro (partidinho e figura que, segundo o insuspeito 31 da armada, “corporizam a estupidez e a falta de ideias em política “ e agora é do pêpêdê, essa coisa também esperta. Aí fez-se eleger deputado por Viana do Castelo.»

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O Bem e o Mal revisitados (VII)

O discurso do choque de civilizações em quatro blogues portugueses

   Neste artigo o autor, João Valente Aguiar do Blog «Vinhas da Ira», analisa com profundidade a blogosfera que, embora se apresente e seja “um campo idilicamente democrático e plural, não deixa de ser sintomática a coincidência de os blogues com maior número de leitores internáuticos partilharem significativa parte do ideário neoliberal veiculado pelos grandes meios de comunicação social, por políticos, por think tanks e por empresários”. É essa a razão por que “tanto blogues auto-definidos como de esquerda como blogues assumidamente de direita raramente discordam em torno da substância da sua visão do mundo”.

Conclusão

Toda a argumentação exposta no discurso imperialista do choque de civilizações e dos blogues analisados conduz para uma série de itens que vale a pena resenhar brevemente.

  • A civilização ocidental seria a única formadora e a única agência portadora dos valores da democracia e da liberdade. Fora deste espaço geocultural não haveria capacidade autónoma dos restantes países para desenvolver qualquer tipo de valores e práticas emancipadoras. Por outro lado, só são tomados como aceites os valores do mercado, do chamado “comércio livre” e da democracia representativa não-participativa e bipolarizada entre uma esquerda e uma direita que apenas diferem na forma e nunca na substância das suas orientações programáticas.
  • Não tendo condições para colonizar e ocupar territorialmente e para evangelizar (religiosa e culturalmente) todo o espaço islâmico, a saída para o Ocidente seria, neste momento, fortalecer a sua unidade ideológica em torno dos princípios enunciados no item anterior e, por outro lado, enveredar por acções militares que possam esmagar militarmente ou neutralizar o seu inimigo.
  • Sendo os valores do Ocidente tomados como os mais aptos ao desenvolvimento de uma humanidade tolerante e harmoniosa, torna-se muito fácil deduzir daqui que a chamada civilização ocidental se personifica no Bem. Ao inverso, o Islão – ainda por cima tomado no seu conjunto, englobando populações civis, Estados e organizações terroristas – seria um inimigo visceral dos valores do Ocidente, logo, do Bem. Com a mesma facilidade, o Islão encarna o Mal.
  • Todo e qualquer esforço intelectual de indagação do fenómeno e que, minimamente, confronte toda esta construção teórico-ideológica do choque de civilizações é imediatamente taxado de irrealista e insensato. Um verniz anti-intelectualista e abertamente defensor do uso da violência e da força militar reveste todos os blogues do mainstream português.
  • Nenhum dos blogues rejeitou o ocidentalcentrismo impresso nas teses do choque de civilizações. Pelo contrário, aprofundam e expandem o seu espectro ideológico a mais camadas da população. Ao mesmo tempo, não se encontra qualquer tipo de desenvolvimento teórico que equacione o funcionamento do sistema internacional capitalista nas suas bases materiais, portanto, económicas e políticas. No fundo, toda a problematização realizada nos blogues aludidos (amostra que nos parece real e definidora de boa parte da blogosfera mainstream) centra-se, a mais das vezes, na construção de estereótipos. Toda a problematização teórica relativiza o debate em termos de coordenadas matriciais das Ciências Sociais, privilegiando a explanação de enunciados morais e moralizantes. Dessa forma, simples questões relacionadas com a organização internacional do sistema capitalista como as que expusemos na secção anterior, são completamente passadas ao lado. Em jeito de remate, não deixa de revelar uma forte ambiguidade o facto de

a) os maiores apologistas das virtudes da economia global e competitiva e que justificam todo o tipo de regressões de direitos sociais como inevitabilidades da vivência no seio dessa mesma economia global,

b) serem precisamente os mesmos que cindem o sistema capitalista internacional em duas partes estanques, mutuamente exclusivas e sem quaisquer tipo de veios de interacções económicas, sociais e políticas que não sejam choques inter-religiosos ou inter-civilizacionais.

                            

Sociólogo

               

O Bem e o Mal revisitados (VI)

O discurso do choque de civilizações em quatro blogues portugueses

   Neste artigo o autor, João Valente Aguiar do Blog «Vinhas da Ira», analisa com profundidade a blogosfera que, embora se apresente e seja “um campo idilicamente democrático e plural, não deixa de ser sintomática a coincidência de os blogues com maior número de leitores internáuticos partilharem significativa parte do ideário neoliberal veiculado pelos grandes meios de comunicação social, por políticos, por think tanks e por empresários”. É essa a razão por que “tanto blogues auto-definidos como de esquerda como blogues assumidamente de direita raramente discordam em torno da substância da sua visão do mundo”.

(continuação)

II – Contradições e ambiguidades do discurso do choque de civilizações: algumas coordenadas teóricas sobre a teoria do capitalismo neoliberal

As teses do choque de civilizações, tanto na sua versão original de Huntington como na versão adaptada dos blogues portugueses do mainstream, não comportam uma série de elementos que nos parecem essenciais para a compreensão do actual cenário internacional. De facto, mais do que uma tentativa de compreensão e/ou explicação do mundo, o paradigma do choque de civilizações constitui-se como um empreendimento ideológico de justificação e legitimação da política externa dos EUA e seus aliados mais próximos e poderosos.

Podemos então relacionar o eurocentrismo, nomeadamente na sua formulação mais ocidentalocêntrica, com as teses do choque de civilizações, na medida em que este último não se distingue da defesa de um projecto político mundial de dominação. De facto, pode-se afirmar que tanto no modelo do choque de civilizações, como no eurocentrismo clássico, inventou-se um Ocidente de sempre, único e singular desde a sua origem. Ora, a construção de um Ocidente imutável e com características próprias e únicas aí existentes desde tempos quase imemoriais, implica igualmente a construção de um antagonista com características próprias e intemporais, apesar de opostas e consideradas como irreconciliáveis com os valores e vivências ocidentais. Por outras palavras, esta construção, arbitrária e mítica do Ocidente impunha em simultâneo a construção também artificial de outras (os Orientes ou o Oriente) em bases igualmente míticas, mas necessárias para a afirmação da preeminência dos factores de continuidade sobre a mudança.

O eurocentrismo/ocidentalcentrismo presente no modelo do choque de civilizações reproduz uma lógica que em alguns aspectos se pode considerar como nova. Na verdade, a sua vertente mais recente concentra-se mais na atribuição de dimensões e propriedades inatas a um universo geográfico-cultural, consagrando a passagem de um racismo genético e biologizante (Alemanha nazi) para um racismo geográfico e cultural. Desmontadas e desconstruídas por boa parte da evolução da Genética e da Biologia as noções da hierarquização biológica de raças e povos, o eurocentrismo reconverteu-se em novos moldes, sem nunca perder a sua trave-mestra – a pretensa superioridade civilizacional do Ocidente sobre as restantes civilizações. Esta assunção da superioridade do Ocidente mantém-se.

Explicitando, o que a nosso ver é factor de novidade prende-se com o menor enfoque dado à dimensão biológica, mas com o maior peso da proveniência cultural e da identidade cultural subjacente a uma determinada região do globo. Onde antes o cultivo de ódios em relação ao mundo exterior ao Ocidente assentava numa discursividade preponderantemente biológica, hoje o seu mais forte instrumento de transmissão é a fetichização da cultura. Se no colonialismo do século XIX as loas poéticas de Ruyard Kipling relativamente ao “fardo do homem branco” em dominar a periferia do sistema-mundo assentavam na inferioridade biológica dos povos não-ocidentais (considerando os negros e os índios como seres mais próximos dos animais do que dos seres humanos), a versão mais recente do ocidentalcentrismo aborda tudo o que diz respeito à subjectividade de uma determinada comunidade humana – religião, costumes, hábitos, visões do mundo, arte, linguagem, modos de sociabilidade, tradições, etc. – como algo congelado num circuito fechado, inscrevendo um carácter de perenidade e imutabilidade a essa mesma comunidade humana. Por outro lado, e de modo simultâneo, comunidades culturais com traços culturais e sociais distintos, são facilmente amalgamados num conjunto religioso-cultural mais vasto, como por exemplo, o Islão ou o Ocidente. Desta forma, dá-se apenas importância a um ou dois conjuntos de variáveis culturais – nomeadamente a religião – para obscurecer as diferenças enormes ao nível cultural, económico, político e social que comporta o chamado mundo muçulmano. No fundo, a uma variável generalizante – no caso do Islão, a religião muçulmana – reduzem-se e omitem-se todas as outras diferenças culturais, políticas e sociais dentro da chamada civilização islâmica. Estamos perante um método superficial que consiste em retirar conclusões totalizantes a partir de um detalhe unilateralmente captado. Mesmo o reconhecimento de diferenças e divergências internas no seio do Islão é invariavelmente subsumido e tomado como irrelevante no quadro do choque de civilizações.

O racismo geográfico e cultural do imperialismo em relação ao chamado Islão ancora-se, portanto, na assunção de que nenhuma sociedade pertencente a este bloco civilizacional foi, é e será alguma vez capaz, por si só, de implementar valores democráticos e de liberdade. Neste ponto podemos afirmar que duas arestas ideológicas se tocam inequivocamente: o liberalismo e o eurocentrismo/ocidentalcentrismo. Por um lado, este racismo geográfico e cultural resgata teses assentes na equivalência imediata e inquestionável entre democracia, liberdade e liberalismo. Fora do mercado, do trabalho assalariado e do Estado dominado e controlado por elites [2] que se revezam entre si para controlarem o poder político, nada é democrático e portador de mecanismos de construção democrática da sociedade. Logo, qualquer modelo alternativo que fuja aos mecanismos liberais e capitalistas de ordenamento das sociedades é inevitável e imediatamente classificado de não-democrático.

Por outro lado, se se reconhecer que ao Islão está vedado qualquer papel autónomo na construção das suas sociedades em termos de democracia e liberdade, então só o Ocidente o poderá levar a cabo. No fundo, a construção ideológica de um Oriente mítico, que tanto pode ser o Islão, o Japão, a Índia ou a China e cujas características são tratadas como definitivas e definidas simplesmente por oposição às características atribuídas ao Ocidente capitalista, pavimenta uma visão e um discurso que abona pela intervenção “missionária” do Ocidente naqueles territórios e populações.

O pai ideológica das teses do choque de civilizações, Samuel Huntington, é inteligente o suficiente para não abraçar de forma irracional e imediata as teses eurocêntricas do século passado que propugnavam pela homogeneização de todo o planeta à imagem e semelhança do Ocidente. O autor do choque de civilizações compreende que esse é um objectivo que, no curto e médio prazo, não está ao alcance dos EUA e dos seus aliados europeus. Contudo, isso não significa que haja um afrouxamento da assunção da superioridade do Ocidente sobre as outras civilizações. Na realidade, a defesa dos EUA e do Ocidente como potência e civilização hegemónicas, respectivamente, mantém-se intacta. O que Huntington e todos os autores pró-imperialistas chamam a atenção é para os limites actuais (e assumidos como meramente conjunturais) da dominação capitalista – incapaz de criar um mercado mundial homogéneo – e da dominação imperialista – incapaz de submeter pelas armas todas as populações e Estados não-ocidentais a um controlo absoluto e inquestionável por parte do Ocidente capitalista.

De um ponto de vista sócio-económico, onde o colonialismo era a modalidade de expropriação directa e abertamente violenta dos recursos sociais de produção, a partir das duas últimas décadas, neoliberalismo e ocidentalcentrismo combinam-se como uma nova forma de reconfiguração da dominação económica e política das periferias do sistema capitalista internacional. Basicamente, o controlo económico da periferia passa pelo amarrar das dinâmicas internas do mercado em cada território (os mercados nacionais da periferia) ao funcionamento do mercado mundial. Nesse sentido, o controlo da periferia sustenta-se no reforço das relações económicas que subterrânea e invisivelmente reconvertem e reconfiguram os mercados nacionais periféricos, transformando-os em zonas especializadas de produção de excedente económico, de acordo com os interesses dos grandes conglomerados económicos e dos Estados do Ocidente.

No que toca ao Islão, registe-se o impacto das dinâmicas neoliberais nos países do Médio Oriente. De facto, naquelas formações sociais existe uma evidente degradação do seu padrão de desenvolvimento. Na sua generalidade, são países com uma estrutura económica fundamentalmente assente na exploração e exportação de petróleo e gás natural e quase sem outro tipo de indústria, como vastas áreas do Norte de África e do Médio Oriente. Mesmo que em partes deste segmento da economia internacional as relações capitalistas de produção não sejam preponderantes, o seu grau de ligação aos mercados internacionais é inquestionável. Tão ou mais importante que o fornecimento de matérias-primas para o centro – que é, sem dúvida, um importante ramo de actividade destes países –, o que está aqui em causa é o bloqueamento do desenvolvimento destes países. De facto, este componente da periferia é atravessado por modos de produção não-capitalistas que têm um papel essencial a dois níveis:

a) na equalização da taxa de lucro médio internacional a partir da competição entre capitais com diferentes composições orgânicas;

b) no fornecimento de uma força de trabalho que se produziu de forma praticamente gratuita para o centro do sistema capitalista internacional, particularmente provenientes dos países do Magrebe.

Num outro ângulo, importa referir que os EUA e as principais nações da Europa ocidental lutaram activamente contra projectos de libertação e desenvolvimento nacional (Egipto de Nasser, Argélia de Ben Bella, Iraque antes de Saddam, Líbia de Kadhafi, Síria do Baas, Afeganistão e o Partido Democrático e Popular, Indonésia e a aliança do Partido Comunista Indonésio com sectores democratas daquele país, etc.). Todos esses projectos desenvolvimentistas ou populares, com evidentes diferenças entre todos eles, foram levados a cabo com o intuito de criar economias que permitissem estreitar o fosso na produção e distribuição de recursos económicos à escala mundial. Por intermédio da aposta em vias próprias de industrialização com sectores económicos diversificados e autosustentados, e com a tentativa de construção de aparelhos de Estado autónomos das directrizes das embaixadas dos anteriores países colonizadores, os projectos nacionalistas (e por vezes pró-socialistas) árabes e muçulmanos eram alavancas essenciais para quebrar a lógica de expropriação e de subdesenvolvimento que a organização capitalista da economia internacional lhes impunha. O apoio incondicional do chamado Ocidente a grupos integristas islâmicos nos anos 70 (Afeganistão) ou a futuros inimigos (como Saddam Hussein no Iraque) provam que a ofensiva contra a criação de um modelo nacional de desenvolvimento nos países muçulmanos, é uma peça-chave para se compreender o afundamento das burguesias nacionais e laicas daqueles Estados bem como da possibilidade de se ter implementado modelos alternativos e democráticos de desenvolvimento económico, político e social. O mesmo se passou com as forças e camadas sociais populares que participaram activamente nesses projectos. Ao invés, o imperialismo apostou sempre em fomentar o crescimento de classes dominantes locais compradoras, isto é, desligadas de um projecto de desenvolvimento industrial e provenientes do sector económico mais atrasado (a agricultura) e com uma cultura religiosa fanática. No fundo, classes dominantes sem objectivos económicos de criar um padrão de desenvolvimento económico e social autónomo, mas que se cingem à partilha da exploração de recursos energéticos com as classes dominantes ocidentais e a sectores de monocultura agrícola ou industrial. São estas classes dominantes locais que em países como a Arábia Saudita apoiam a linha política definida por Washington. São estas mesmas elites árabes locais que, em contextos de uma mais desigual partilha da pilhagem dos recursos e das riquezas, se transformam em talibans ou em grupos fomentadores do extremismo islâmico contra os antigos comparsas de pilhagem e opressão.

(continua)

                                                      

Notas:
[2] Elites políticas subordinadas às classes dominantes numa formação social e económica.

                                 

O Bem e o Mal revisitados (V)

O discurso do choque de civilizações em quatro blogues portugueses

   Neste artigo o autor, João Valente Aguiar do Blog «Vinhas da Ira», analisa com profundidade a blogosfera que, embora se apresente e seja “um campo idilicamente democrático e plural, não deixa de ser sintomática a coincidência de os blogues com maior número de leitores internáuticos partilharem significativa parte do ideário neoliberal veiculado pelos grandes meios de comunicação social, por políticos, por think tanks e por empresários”. É essa a razão por que “tanto blogues auto-definidos como de esquerda como blogues assumidamente de direita raramente discordam em torno da substância da sua visão do mundo”.

(continuação)

No blogue Atlântico, propriedade da revista com o mesmo título, o mesmo teor temático encontra-se espelhado nos seus textos. O mesmo tipo de juízos acerca da indeterminação das causas do terrorismo e do carácter de exclusão e niilista dos terroristas é novamente abordado:

«Quase todas as conspirações do terrorismo islâmico – desde a revolução xiita no Irão até aos atentados de 11 de Setembro – foram preparadas no Ocidente por muhajiroun (sic) que vivem, muitas vezes ao abrigo das leis de asilo, aparentemente satisfeitos e integrados no seio de comunidade instaladas. Mas como nenhum elo de pertença os poderá jamais vincular a estas comunidades, nunca chegam a adquirir a lealdade nacional de quem os acolheu. (…) Impotentes para organizar uma oposição no país de origem e incapazes de aderir à sociedade em que vivem, acabam por ser atraídos pela violência como prova derradeira da sua identidade (Atlântico, 10 de Setembro de 2007).

Assim, a única explicação relativamente à causalidade do fenómeno terrorista fica-se pela atribuição a um único factor (a não inserção de membros das comunidades muçulmanas no Ocidente no restante tecido social externo) nunca desenvolvido e sem nunca colocar em causa o dualismo Bem/Mal.

Um último ponto que gostaríamos de focar tem que ver com a avaliação que os intelectuais defensores dos fundamentos do choque de civilizações fazem dos seus contendores e dos que questionam a actual escalada internacional de guerras levadas avante pelos EUA e pelo Ocidente. Num longo texto, Paulo Tunhas (PT) vai criticar o que considera ser o estado de impunidade com que os terroristas islâmicos gozam de «uma boa quantidade de políticos e intelectuais ocidentais» (Atlântico, 10 de Dezembro de 2007). Para o autor só há uma explicação possível e ela só poderá ser de ordem psicológica e mental. Recortando o pensamento de Freud sobre as neuroses em citações descontextualizadas, Paulo Tunhas compara o crítico ou céptico à ortodoxia eurocentrista do choque de civilizações a um indivíduo vivendo num estado neurótico:

«Como escreve Freud: “Em cada uma das neuroses, não é a realidade da experiência, mas antes a realidade do pensamento, que forma a base da formação do sintoma”. A intensidade e o afecto são fundamentais no mundo neurótico: apenas as “coisas intensamente pensadas ou afectivamente concebidas” contam para o neurótico, independentemente de estarem ou não de acordo com a realidade exterior. Tal como no caso do primitivo, crê-se que o mundo exterior pode ser mudado por um simples acto de pensamento» (idem).

A isto o autor chama de «omnipotência do pensamento» (idem). Mais uma vez o processo de intelecção e de busca pela compreensão do fenómeno em causa é considerado pejorativamente. Na prática, tal comportamento auto-centrado na reflexão especulativa resultaria numa confusão entre vítimas e culpados, como se a discussão do fenómeno do terrorismo e dos conflitos no Médio Oriente se engendrasse em termos estritamente morais, ou seja, entre bons e maus, entre justos e injustos, entre culpados e inocentes.

«Uma consequência verdadeiramente interessante desta atitude é, de facto, a posição singular que ela engendra face à culpa e à inocência. Aqueles a quem é atribuída uma passividade ontológica radical não são, por definição, susceptíveis de culpa. São naturalmente inocentes. São, pelo contrário, estritos depositários da culpabilidade aqueles a quem é exclusivamente atribuída a actividade. Logo a seguir ao 11 de Setembro de 2001, os EUA foram imediatamente considerados por muita gente como os verdadeiros fautores do ataque às Torres Gémeas e ao Pentágono (sem esquecer o alvo falhado do avião que caiu na Pensilvânia)» (idem).

A responsabilidade dos EUA no apoio à Al-Qaeda e aos taliban durante a guerra no Afeganistão (1979-1989) e no fomento do integrismo islâmico durante as décadas de 60 a 80 parecem estar esquecidos ou pura e simplesmente omitidos do discurso mais amplamente favorável às administrações norte-americanas.

Assim, a discursividade típica destes intelectuais também procura responder às críticas que lhes são endereçadas, o que é perfeitamente legítimo, justo e expectável. Porém, a sua contra-resposta raramente aborda o conteúdo das proposições dos seus contendores, preferindo reduzir as suas réplicas a enunciados de tipo psicologistas. Se no blogue Kontratempos os críticos não passam de uma «brigada de alienados» (Kontratempos, 12 de Setembro de 2007), PT envereda pela mesma formulação teórica, se bem que esculpida e justificada em pormenores pretensamente científicos como a teoria de Freud. Portanto, para Paulo Tunhas o delineamento de críticas como, entre muitas outras, a ligação da Al-Qaeda aos EUA ou o facto de o terrorismo islâmico surgir como contra-efeito da dinâmica da actual globalização capitalista em formações sociais de população maioritariamente muçulmanas, mais não seriam do que fetiches para «satisfazer inconscientemente essa crença infantil, regressiva e narcísica na omnipotência da actividade ocidental» (Atlântico, 10 de Dezembro de 2007). Desenvolvendo a sua análise alavancada na psicologia freudiana aplicada à política internacional, PT aproxima as críticas à grelha ideológica do choque de civilizações e à sua efectivação prática ao que veicula ser o «racismo altruísta» (idem). Ou seja, o crítico está equivocado quanto mais não seja porque considera o islâmico como «estruturalmente passivo e radicalmente inocente, movendo-se apenas por reacção e pecando por angélica ausência de responsabilidade» (idem). Em rigor, para o autor, o crítico das teses do choque de civilizações encerraria o islâmico numa singularidade cultural. O islâmico mais do que uma particularidade cultural, seria, no caso do terrorista, um fanático, um diabólico portador do Mal. Segundo Tunhas, o racismo altruísta derivaria de uma plataforma histórico-psicológica muito precisa: a hiper-reflexividade.

«Aquilo que chamei “racismo altruísta” não representa uma tara sem origens determinadas. Ele exibe antes um dos aspectos actuais do desenvolvimento de certas condições sociais e históricas que remontam, pelo menos, à Aufklärung. Pensemos na importância da reflexividade no pensamento de Kant – mas poder-se-ia voltar a Montaigne, e, nos inícios, a Platão, não apenas autores mas símbolos de momentos reflexivos das sociedades. Essa reflexividade evoluiu parcialmente para uma hiper-reflexividade e conduziu à galáxia imprecisa do que se convencionou chamar pós-modernismo. A crença na omnipotência do pensamento coincide com a negação de tudo o que nos provoque desprazer: à realidade é substituído o pensamento, ou, melhor, a projecção do pensamento na realidade, projecção tanto mais eficaz quanto nos provoca um alívio psíquico. No mesmo gesto, nega-se tudo aquilo que pode pôr em causa o nosso narcisismo» (idem).

À primeira vista Tunhas parece estar a criticar tão simplesmente o idealismo filosófico, domínio da Filosofia e do pensamento perpassado pela reflexão especulativa e metafísica. Na verdade, Paulo Tunhas critica o racionalismo de um modo geral e a importância histórica da construção de pensamentos explicativos e reflexivos sobre as sociedades dos seus respectivos tempos históricos. Quer dizer, Tunhas desacredita o idealismo filosófico e especulativo no sentido de considerar toda e qualquer postura de interrogação do fenómeno do terrorismo islâmico como uma negação da realidade tal e qual ela é. No fundo, ao uso da racionalidade (seja ela especulativa ou não) Paulo Tunhas contrapõe o irracionalismo da força física, o irracionalismo no uso e recurso da violência bélica e militar sobre o chamado mundo muçulmano.

Por conseguinte, toda esta explicação desagua na assunção de que os que procuram compreender o Islão não passam pela prova da realidade. Isto é, todo e qualquer empreendimento teórico e intelectual seria uma «recusa do perigo real» e uma «invenção de perigos substitutos» (idem). Perante este cenário, a dita sociedade civil mais não teria de fazer do que enfrentar o princípio da realidade: combater com tenacidade e, acima de tudo, com violência o terrorismo islâmico. O mesmo é dizer que as guerras, invasões e bombardeamentos dos EUA e seus aliados sobre populações maioritariamente muçulmanas seriam actos perfeitamente legítimos, aceitáveis e sem os quais a dita civilização ocidental correria o risco de ser destruída. Na realidade, trata-se de justificar ideologicamente a intervenção militar em busca de recursos naturais, expansão geoestratégica e de defesa do dólar como moeda mundial, travestida de uma guerra do Bem contra o Mal, do Ocidente contra o Islão.

(continua)
 

O Bem e o Mal revisitados (IV)

O discurso do choque de civilizações em quatro blogues portugueses

   Neste artigo o autor, João Valente Aguiar do Blog «Vinhas da Ira», analisa com profundidade a blogosfera que, embora se apresente e seja “um campo idilicamente democrático e plural, não deixa de ser sintomática a coincidência de os blogues com maior número de leitores internáuticos partilharem significativa parte do ideário neoliberal veiculado pelos grandes meios de comunicação social, por políticos, por think tanks e por empresários”. É essa a razão por que “tanto blogues auto-definidos como de esquerda como blogues assumidamente de direita raramente discordam em torno da substância da sua visão do mundo”.

(continuação)

Neste domínio como em muitos outros, é muito difícil destrinçar qualquer tipo de distinção conceptual e/ou ideológica de fundo entre todos os quatro blogues o que nos levaria a perguntar onde está a direita e onde está a esquerda, de acordo com a terminologia mais em voga no campo político. Quase que apetece perguntar até que ponto é que uma esquerda que não se distingue em praticamente nada da direita política se pode continuar a chamar de esquerda. De facto, o sistema de poder imperialista parece viver da necessidade de se legitimar criando “esquerdas” e “direitas” fictícias e que se resumem a aplicar os ditames de organização e regulação do sistema contra os direitos dos trabalhadores e dos povos.

Nos blogues que se afirmam de direita, começando pelo O Insurgente, manifesta-se a última aresta de pensamento veiculada na análise empreendida ao pretérito blogue. Na mesma bitola, o discurso (da apologia) da força continua a receber forte aplauso por parte da blogosfera mainstream. Senão vejamos.

«O Irão afirma-se cada vez mais em sua posição de “rogue state” e requer respostas mais duras da parte do Ocidente. Diante da necessidade imperativa de neutralizar uma ameaça concreta à sobrevivência de algum de seus aliados, os Estados Unidos, que são a maior potência militar do mundo, dispõem de condições de agir, porém a um custo possivelmente muito elevado perante a opinião pública internacional» (O Insurgente, 15 de Abril de 2007) [itálicos nossos].

As afirmações em itálicos demonstram mais do mesmo sumo argumentativo que temos vindo a dar conta pelo que não nos debruçaremos detidamente sobre isso. Ressalte-se apenas a última parte do trecho, onde cinicamente se declara que o maior obstáculo para uma possível intervenção militar dos EUA no Irão é o custo mediático e de popularidade para aqueles. Das vidas humanas dos soldados de ambas as partes e de prováveis milhares de civis mortos nada é referenciado no texto – e em nenhum dos que lemos de todos os blogues. A eficácia bélica e o pragmatismo funcional ditam as regras.

No mesmo texto, a Europa é criticada por não seguir o exemplo norte-americano e por não se fortalecer militarmente. Assim, a «Europa dedicou-se a construir um paraíso onírico kantiano onde a utilização da força é praticamente impensável e toda e qualquer ameaça deve ser enfrentada através do diálogo e do multilateralismo institucionalizado» (idem). Não é de todo verdade que os países europeus tenham adoptado na sua história métodos exclusivamente diplomáticos para resolver conflitos. Porém, o que há de mais relevante nesta afirmação tem que ver com a desvalorização do factor negocial em detrimento (do elogio aberto e tácito) do recurso da força como o procedimento mais legítimo e racionalmente razoável. No seguimento, reafirma-se, quase de forma obsessiva, a mesma motivação: 

«Se queres a paz, prepara-te para a guerra (“si vis pacem, para bellum”), já dizia o escritor militar romano Vegetius, por volta de 390 a.C. Assim, deve-se primeiro garantir a sobrevivência através do fortalecimento das capacidades de poder perante os outros Estados da região. Depois, pode-se começar a pensar nos benefícios da paz para o desenvolvimento de relações económicas que promovam o bem-estar e a prosperidade» (idem).

Estes dois aspectos – o elogio da força bélica e a criação de um estereótipo do terrorista como agente do Mal – conjugam-se perfeitamente.

Um artigo de Rui Ramos, previamente publicado no jornal Público, é muito esclarecedor de como estes dois eixos temáticos se interligam e conciliam na perfeição. Acompanhado por um cartaz de terroristas islâmicos com chamas infernais como pano de fundo, o artigo começa por criticar os contestatários das teses do choque de civilizações – «há quem não tenha desistido de “iraquizar” o Ocidente» (O Insurgente, 12 de Julho de 2007), o que significaria que qualquer opositor à política intervencionista dos EUA seria um colaborador dos extremistas islâmicos.

 

Logo de seguida o autor procede por via da ridicularização desses oponentes:

«Não lhes basta conter os terroristas. Querem compreendê-los. É possível contê-los. Mas compreendê-los? Compreender, para os Ocidentais, não é apenas entender: é detectar as causas e razões, e ficar assim habilitado para as eliminar de uma vez e para sempre. O grande princípio ocidental é o de que se há um problema, tem de haver uma solução – de preferência, imediata e sem dor. (…) É a maneira ocidental de compreender os outros: ou são atrasados, ou somos nós próprios. Mas os terroristas não são uma coisa nem outra. São, como sugere o estudo de Shiv Malik sobre a carnicifina de Londres em Julho de 2005, jovens afastados da tradição e alienados das suas famílias e comunidades de origem, mas que não querem integrar-se na versão ocidental da modernidade. Procuram uma ordem nova garantida pela revelação divina. E visto que não parecemos capazes de levar a sério esta dimensão religiosa, como compreendê-los?» (idem).

Mais uma vez, tudo o que se assemelhe a um qualquer exercício de indagação teórica é imediatamente cunhado como algo infrutífero e, indo mais além, desnecessário. Para este autor, para conter o terrorismo só «poderemos contar com duas coisas»:

1) «com o debate ideológico dentro das comunidades islâmicas. Não está ao alcance dos que estão de fora fazer muita coisa aí»;

2) «nenhum truque dispensará a força – a força prudentemente usada, mas a força necessária para tornar evidente que a opção terrorista leva à prisão e não à glória, e que dirigir e albergar terroristas é o caminho para grutas em montanhas remotas, e não para os palácios de qualquer capital» (idem).

Não só há, novamente, uma desvalorização de todo e qualquer método não-violento, como, por outro lado, o artigo encerra vincando uma tirada de tom jocoso sobre os que contestam a política intervencionista dos EUA e seus aliados, e o correlativo enquadramento ideológico do choque de civilizações: «é reconfortante constatar que as polícias, com a sorte do seu lado, se têm mostrado mais eficazes que os nossos sábios para lidar com os terroristas» (idem).

Um outro texto publicado no mesmo blogue e da autoria de Claudio Vellez cola metonimicamente o terrorismo ao colectivismo.

«Mais do que um embate civilizacional, o terrorismo, no século XXI, volta-se contra todo um modo de vida e representa o que poderíamos chamar de “braço armado” de uma complexa estratégia de construção de um mundo alternativo através da recuperação de um ideal de cunho colectivista que exige a aniquilação gradativa das liberdades individuais» (O Insurgente, 11 de Junho de 2007).

O autor diverge de Huntington apenas na contextualização do terrorismo na evolução histórica da humanidade. Onde para Huntington o choque de civilizações surge como um fenómeno trans-histórico, para Vellez é o colectivismo que está na base matricial do terrorismo, islâmico na sua modalidade mais actual. Com efeito,

«o pano de fundo ideológico que alimenta os grupos terroristas e as actividades extremistas, contudo, tem a sua origem no holismo que dilui a expressão das individualidades na concepção colectivista que se manifesta, inclusive, na aberração política do totalitarismo» (idem).

Apreende-se nestas palavras a interpenetração de três conceitos: colectivismo, terrorismo e totalitarismo como se ambos caminhassem passo a passo desde sempre. Por exemplo, se é verdade que a Alemanha nazi era um Estado totalitário não se pode afirmar pela existência de colectivismo na vigência desse regime. No extremo político da Alemanha hitleriana, a União Soviética se teve uma forte componente colectivista (no sentido de procurar construir uma sociedade alicerçada no primado do colectivo sobre o indivíduo singularizado), muito dificilmente se pode afirmar que houve totalitarismo.

O objectivo do autor do blogue O Insurgente parece, assim, claro. Criar uma amalgama confusa de conceitos, colocando no mesmo tabuleiro elementos políticos claramente distintos entre si como os fascismos, o movimento socialista e comunista e o terrorismo islâmico.

(continua)
                      

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