Em 12 de Junho de 1990, dia que hoje está inscrito no calendário como uma data histórica, você era um político activo, estava quase a tornar-se ministro da Imprensa da RSFSR [foi nomeado para este cargo passado um mês (Nota da Redacção – N.R.)]. Mas temos dois 12 de Junho na nossa história recente: um é o dia da aprovação da declaração sobre a independência e o outro, no ano seguinte, o dia da eleição de Éltsine como presidente. São dois elos ligados entre si, dois anéis de serpente, que se cerraram em torno da União Soviética agonizante. Celebra hoje esta data? Este é para si um dia luminoso ou uma data negra do calendário?
Para mim, naturalmente, é um dia negro do calendário. O segundo 12 de Junho decorre do primeiro: a eleição de Borís Éltsine decorre da declaração da independência da RSFSR. Posso afirmar-lhe que a declaração da independência não foi de todo uma decisão política espontânea, mas o resultado de um plano longamente amadurecido, uma vez que o projecto desse documento foi esboçado ainda em 1974 no Instituto IIASA.
«Por esta via desenvolve-se uma diversão ideológica e política com tal dimensão e força destruidora que, enquanto não se lhe puser fim, tarefa que incumbe à vossa organização, podemos calmamente dizer adeus a tudo o resto, uma vez que este trabalho «teórico» de sapa (como demonstrou a lição checoslovaca) é mais do que suficiente para destruir o regime socialista na URSS.»
Um bom exemplo de «O camarada é aquele que, vendo a sua opinião minoritária ou isolada, mas julgando-a certa, não desiste de lutar por ela - e que trava essa luta no espaço exacto em que ela deve ser travada: o espaço democrático, amplo, fraterno e solidário, da camaradagem.» AQUI
«Hoje, só se aceita como verdade a denúncia das chagas do stalinismo e dos defeitos de Stáline. As tentativas de abordar objectivamente este período e a personalidade de Stáline são consideradas como apologismo do stalinismo. Mesmo assim arrisco desviar-me da linha denunciatória e manifestar-me em defesa, não de Stáline e do stalinismo, mas da sua compreensão objectiva. Penso que tenho esse direito moral, porquanto na minha verde juventude fui um anti-stalinista convicto. Em 1939 era membro de um grupo terrorista que tencionava realizar um atentado contra Stáline. Fui preso por intervir publicamente contra o culto de Stáline e até à sua morte fiz propaganda anti-stalinista clandestinamente. Depois da morte de Stáline suspendi essa actividade, guiando-me pelo princípio de que num leão morto até um burro pode dar coices. O falecido Stáline não podia ser o meu inimigo. Os ataques contra Stáline deixaram de ser punidos, tornaram-se habituais e eram mesmo estimulados. Além disso, nessa altura já tinha enveredado pela abordagem científica da sociedade soviética, incluindo a época de Stáline. De seguida exponho as principais conclusões a que cheguei, na sequência de muitos anos de investigações científicas.»