A obra intelectual que Marx nos legou é vasta, diversificada, de enorme riqueza de ideias, rara profundidade e indiscutível actualidade nos dias que vivemos.
Em apenas três escassas páginas de «O Militante» não é possível referir com a extensão e a profundidade exigidas a herança teórica de Marx, pelo que ficaremos apenas por alguns registos.
Lembramos que retomando uma prática que remonta aos anos de vida clandestina, o Partido Comunista, após o 25 de Abril, através da Editorial «Avante!», tem dado uma particular atenção às obras dos clássicos do marxismo-leninismo, chamando a si a publicação das obras mais importantes de Marx, Engels e Lénine, desenvolvendo simultaneamente a sua difusão.
O livro Aos Pobres do Campo foi escrito por Lénine na primeira metade de Março de 1903. Numa carta a Plekhánov de Março, escrevia Lénine: «Comecei agora a trabalhar numa brochura de divulgação para os camponeses sobre o nosso programa agrário. Desejo muito explicar a nossa ideia sobre a luta de classes no campo com dados concretos sobre as quatro camadas da população rural (latifundiários, burguesia camponesa, campesinato médio e semiproletários juntamente com os proletários). Que pensa deste plano?
«Trouxe de Paris a convicção de que só com tal brochura se pode dissipar incompreensões acerca das terras cortadas, etc.»
Em Maio de 1903 o livro foi publicado em Genebra pela Liga da Social-Democracia Revolucionária Russa no Estrangeiro, tendo em 1905 sido repetidamente reeditado tanto no estrangeiro como na Rússia, onde foi amplamente difundido.
Em 1905 Lénine preparou uma edição legal do livro, publicado no fim desse ano e reimpresso em 1906. Atendendo às condições da altura – ascenso da revolução, mas também existência da censura – Lénine fez certas modificações no livro, quer introduzindo correcções e acrescentos quer omitindo certas passagens. O texto da presente edição segue o da edição de 1903, apresentando-se em notas de pé de página as modificações mais importantes introduzidas por Lénine ao preparar a edição legal.