«Os grupos económicos que dominam o mercado dos combustíveis (GALP, REPSOL, CEPSA e BP) preparam-se para aumentar esta semana novamente os preços agravando ainda mais a situação que é analisada neste artigo. E de tal forma sentem-se impunes que anunciaram antecipadamente, sem que a AdC dissesse uma palavra. A justificação umas vezes é o aumento do preço do petróleo, outras vezes é a desvalorização do euro em relação ao dólar. Tudo serve. E os principais media repetem, sem fazer qualquer investigação e sem contraditório, as justificações das petrolíferas criando, junto da opinião pública, a falsa ideia que elas são verdadeiras e únicas.
Por outro lado, o governo e a "troika" têm procurado fazer passar também junto da opinião pública a ideia que a liberalização dos preços, que agora estão a procurar impor no mercado da electricidade e do gás, traria mais concorrência e redução dos preços para os consumidores. Mas perante este escândalo de aumento semanal e simultâneo por parte de todas as empresas dos preços dos combustíveis – que desmente o que defendem e andam a fazer – mantêm-se coniventemente silenciosos. E a chamada Autoridade da Concorrência (AdC) que devia investigar a situação nada faz, mostrando que está totalmente refém das grandes petrolíferas. E quando o faz algo é para branquear o comportamento destes grupos económicos, pois conclui sempre que tudo está bem, e que não há combinação de preços entre elas. No entanto, recusa-se a investigar o que devia: POR QUE RAZÃO OS PREÇOS DOS COMBUSTIVEIS SEM IMPOSTOS EM PORTUGAL SÃO SISTEMÁTICAMENTE SUPERIORES AOS PREÇOS MÉDIOS DA UNIÃO EUROPEIA. Assim, a AdC mostra, objectivamente, que dá cobertura a esta política de preços dos grupos económicos deste sector permitindo a obtenção de sobrelucros, ou lucros excessivos.»
«O Expresso, no seu número de 7.7.2012, anunciou que os preços dos combustíveis “disparam segunda-feira” (9 de Julho 2012). Aumentos significativos nos preços já tinham sido anunciados por outros órgãos de informação. Por isso interessa analisar a política articulada de preços dos grupos económicos que dominam o mercado dos combustíveis em Portugal. Os últimos dados disponibilizados pela Direcção Geral de Energia, que são de Maio/2012, revelam que a GALP, Repsol, BP e CEPSA vendem a gasolina e o gasóleo em Portugal a uma preço superior ao preço médio praticado na União Europeia obtendo lucros extraordinários elevados.»
«O sector da energia é estratégico em qualquer país, em termos de desenvolvimento e de independência nacional. Os governos, desde que tenham um mínimo de dignidade nacional e se preocupem verdadeiramente com o desenvolvimento do país, procuram sempre preservar este sector vital do controlo do capital estrangeiro. Em Portugal, infelizmente, tem-se verificado precisamente o contrário desde Cavaco Silva, que iniciou as privatizações, hipotecando-se, desta forma, também o futuro do país. O actual governo, e o seu ministro das Finanças, cegos pela ideologia ultraliberal professada pelos boys da Universidade de Chicago e do FMI tudo fazem para entregar o controlo deste sector a grupos económicos estrangeiros, com a falsa justificação de que assim se aumentará a concorrência e o investimento estrangeiro.
A EDP e a GALP têm uma posição dominante neste sector, sendo o resto já controlado por grandes grupos estrangeiros (Endesa, Iberdrola, Union Fenosa, Essa, BP, Repsol, Cepsa). Com a venda de 21,35% do capital da EDP à empresa estatal chinesa Three Gorges, 44,22% do capital da EDP passa a estar directamente sob o controlo de grandes grupos estrangeiros. E a gravidade desta situação ainda se torna mais clara se se tiver presente que esta percentagem representa 74,05% do total das "participações qualificadas", que são aquelas que controlam, de facto, a gestão operacional e estratégica deste importante grupo.»