No entanto, não pode passar em branco o imenso cinismo daqueles que – como a União Europeia, que negoceia a adesão da Turquia – fingem ter descoberto no rescaldo do golpe falhado o carácter repressivo e autoritário da política de Erdogan e do AKP, procurando assim não só influenciar a evolução imediata da situação na Turquia, como encobrir o seu amplo conluio com as autoridades turcas e a sua política, de que é exemplo
a ocupação ilegal de território de Chipre;
a repressão da população curda;
a restrição de liberdades, direitos e garantias fundamentais;
a agressão e saque da Síria e do Iraque, promovendo e protegendo grupos terroristas e apoiando a sua sangrenta acção;
ou a instrumentalização da dramática situação de milhões de refugiados e a negação dos seus mais elementares direitos.
Assinale-se que muitos dos que agora apontam o dedo às autoridades turcas por terem decretado o Estado de emergência e suspendido temporariamente a aplicação da Convenção para a Protecção dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais, são os mesmos que justificaram as medidas de restrição de liberdades, direitos e garantias impostas pelas autoridades francesas após os atentados em Paris, em Novembro passado, que incluíram, precisamente, estas duas medidas.
Convenientes e elucidativos exercícios de hipócrita «amnésia»…
«É por isso que as reacções do establishment europeu aos acontecimentos na Turquia tresandam a hipocrisia e a mentira.
É que o que ali aconteceu está intimamente relacionado com o papel dado à Turquia – e a Erdogan – no extremamente perigoso jogo imperialista, que cruza o objectivo de domínio e redivisão do Médio Oriente com o crescente e cada vez mais insano rumo de enfrentamento directo com países como a Federação Russa. Um papel que alimentou a deriva reaccionária e ditatorial das elites turcas – sejam elas do AKP ou da «velha» hierarquia militar.»
«O governo turco tem repetido que o golpe falhado, que causou 246 mortos e mais de 2 100 feridos, foi organizado por seguidores de Gulen, de 74 anos. (...) O certo é que, desde que a rebelião militar foi derrotada, há menos de 15 dias, as autoridades turcas detiveram, suspenderam, demitiram ou colocaram sob investigação cerca de 60 mil pessoas – militares, incluindo altas patentes, polícias, juízes e magistrados, professores, estudantes, funcionários públicos. No início desta semana, foi anunciado também o afastamento de um número não especificado de embaixadores e a prisão de pelo menos 42 jornalistas. (...) No quadro da purga em curso, o regime turco instaurou o estado de emergência, suspendeu a adesão à Convenção Europeia dos Direitos Humanos, estendeu de quatro para 30 dias o período máximo de detenção sem culpa formada e encara a reintrodução da pena de morte. Ordenou o encerramento de 15 universidades e 1043 escolas privadas e residências de estudantes. E ilegalizou 1229 fundações e associações, além de 19 uniões sindicais e de 35 instituições médicas. (...) A Guarda Presidencial será dissolvida. Por suspeita de envolvimento no golpe falhado de 15 de Julho, 283 dos 2500 membros desse corpo do exército foram presos.»
Portugal teve, no ano passado, a segunda tarifa mais alta do gás para uso doméstico da União Europeia (10,4 euros por 100 kWh), e a maior subida de preços (11,4%), segundo um estudo do Eurostat, divulgado dia 27.
De acordo com o gabinete oficial de estatísticas, o preço médio do gás na UE foi de 7,2 euros por 100 kWh, tendo a tarifa mais alta sido cobrada na Suécia (11,4 euros).
Os impostos representam 23 por cento do preço do gás doméstico em Portugal, onde também o preço da electricidade está acima da média europeia.
No segundo semestre do ano passado, os portugueses pagaram 27,4 euros por 100 kWh, ou seja, o sétimo valor mais elevado dos países da União Europeia, apenas superado pela Itália, Chipre, Espanha, Irlanda, Alemanha e Dinamarca.
O peso dos impostos representa 42 por cento do preço da electricidade, o qual teve um agravamento de 4,7 por cento no ano passado.
O custo da mão-de-obra caiu 8,8 por cento, em Portugal, no último trimestre de 2014, face ao mesmo período do ano anterior.
Segundo dados do Eurostat divulgados dia 19, trata-se da maior queda do custo do trabalho entre os estados-membros da União Europeia (UE).
O gabinete oficial de estatísticas europeias revela que, entre Outubro e Dezembro de 2014, o preço por hora da mão-de-obra cresceu 1,1 por cento na zona euro e 1,4 por cento no conjunto dos 28 países da UE.
Em Portugal, depois de o custo horário da mão-de-obra ter aumentado nos segundo e terceiro trimestres (3,2% e 0,5%, respectivamente), no quarto trimestre voltou a afundar-se.
Os salários e vencimentos caíram 9,7 por cento, enquanto as despesas não salariais diminuíram 5,8 por cento.
Além de Portugal, os países em que o custo da mão-de-obra caiu no quarto trimestre foram Chipre (2,2%), Croácia (0,5%), Itália (0,3) e Irlanda (0,1%).
Em sentido contrário, verificaram-se os aumentos na Roménia (7,9%), Estónia (6,5%), Letónia (6,1%), Lituânia (5,7%) e Eslováquia (5,1%).
Esta sexta-feira, dia 20 de Março, irá realizar-se um Seminário, promovido pelo PCP e pelo GUE/NGL, no Hotel Sofitel, pelas 14h30, subordinado ao tema “O Euro e a União Económica e Monetária: Constrangimentos e Rupturas”.
A iniciativa contará com intervenções de João Ferreira, Inês Zuber e Miguel Viegas (deputados do PCP no Parlamento Europeu), Stavros Evagorou (AKEL, Chipre), Paloma Lopez Bermejo (Esquerda Unida, Espanha), David Cullinane (Sinn Fein, Irlanda) e Ângelo Alves, da Comissão Política do Partido.
Uma oportunidade para aprofundar o conhecimento sobre as propostas do PCP sobre este tema e ter um conhecimento directo da realidade de outros países afectados pela chamada crise do Euro, como o Chipre, Espanha e Irlanda.
Uma delegação de deputados ao Parlamento Europeu (PE), decidida no âmbito da sua Comissão de Assuntos Económicos e Monetários (ECON), conclui hoje uma visita oficial de dois dias a Portugal, realizada no âmbito de uma suposta avaliação da acção da troika em Portugal. Saliente-se que os deputados portugueses que integram esta delegação o fazem na qualidade de observadores, o que, por si só, não deixa de ser revelador do espírito e objectivos que a norteiam.
Esta visita, inicialmente prevista ser realizada aos demais países alvo de programas UE/FMI (Grécia, Chipre e Irlanda), surge na sequência da elaboração de um relatório sobre o papel e a acção da troika no âmbito dos chamados programas de assistência financeira a países da Zona Euro.
Concluída esta visita, e conhecido que é o teor do projecto de relatório mencionado (de que são relatores um deputado austríaco do Partido Popular Europeu e um deputado francês do grupo dos Socialistas e Democratas), os deputados do PCP ao Parlamento Europeu entendem necessário e oportuno esclarecer o seguinte:
O desenrolar dos acontecimentos no Chipre, sujeito a um autêntico assalto comandado pela Alemanha por via do Eurogrupo, levanta um sem número de questões. Tentaremos por isso centrarmo-nos apenas em alguns aspectos chave da situação.
Uma primeira nota vai para o carácter sistémico dos acontecimentos. Não estamos apenas perante um roubo descarado ao Chipre, criminoso de todos os pontos de vista, incluindo o político e de relacionamento entre estados. Nem apenas perante um acto de chantagem descarada sobre todo um povo como o demonstrou o ultimato do BCE ameaçando com uma autêntica bomba atómica financeira.
O acordo alcançado pelo Eurogrupo durante a manhã foi o clímax da primeira fase dos planos da Troika contra o povo cipriota. O acordo não só não ajuda a tratar os problemas que confrontam a economia como também aprofunda a crise pois levará a mais consequências penosas para o nosso país e o nosso povo. O resultado levará a mais alto desemprego, à implementação de medidas de austeridade adicionais, a cortes e privatizações, provocando problemas enormes para pequenos e médias empresas obrigando-as a encerrar.
Nos últimos dias nossos "parceiros" europeus revelaram com cinismo que este era o seu plano desde o princípio. Isto equivale a dizer: eles fixaram objectivos e seguiram uma rota específica para a sua implementação.
Em relação ao AKEL, nós apontámos desde o início que a rota seguida pela Troika para tratar a crise económica era um beco sem saída. A tentativa de resgatar o Euro através dos três pilares da austeridade, cortes e privatizações simplesmente aprofundou a recessão ainda mais e levou os países e povo do Sul da Europa ao desastre. Infelizmente, os círculos dirigentes da União Europeia teimosamente insistem nestas políticas de beco sem saída as quais não levam ao desenvolvimento. Nosso aprisionamento nestes modos de pensamento, tal como o governo Anastasiades está a actuar, não cria qualquer perspectiva de ultrapassar os problemas mas, ao invés, carrega os ombros do povo trabalhador com enormes consequências negativas.
Nossa opção como povo é libertar-nos desta estrutura de raciocínio, resistir às ameaças de Troika e procurar uma solução fora desta estrutura.
Entre o primeiro e o segundo trimestre do ano, a dívida pública portuguesa aumentou de 112 para os 117,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) sendo já a terceira mais elevada da União Europeia, segundo dados divulgados, dia 24, pelo Eurostat.
Portugal também registou a terceira maior subida entre o primeiro e o segundo trimestres do ano (5,5 pontos percentuais), apenas atrás de Grécia (13,4) e Chipre (8,3).
Comparativamente ao segundo trimestre do ano passado, a dívida pública portuguesa aumentou 10,8 pontos (era então de 106,7%), o que representa a segunda maior subida, apenas superada por Chipre (mais 16,5).
Na zona euro, em média, a dívida pública subiu de 88,2 para 90 por cento do PIB, passando, no conjunto da União Europeia, de 83,5 para 84,9 por cento.
Os números agora divulgados mostram que as maiores dívidas públicas pertencem a Grécia (150,3%), Itália (126,1%), Portugal (117,5%) e Irlanda (111,5%), enquanto as menores são as da Estónia (7,3%), Bulgária (16,5%) e Luxemburgo (20,9%).