Um erro técnico no sistema de controlo das comportas da barragem de Fagilde, no concelho de Viseu, provocou uma descarga que levou à perda de 1,3 milhões de metros cúbicos de água. Segundo afirmou ao DN Fernando Ruas, presidente da câmara de Viseu, que gere a barragem, "a comporta abriu dois metros e ficou a verter até que o sistema lançou um aviso de alerta e o operador executou o fecho manual da comporta". O acidente ocorreu na noite de terça-feira e só foi solucionado na madrugada de ontem. A situação é preocupante "porque não tem chovido e só o concelho de Viseu consome 12 milhões de litros de água diariamente", referiu o autarca. A barragem foi construída em 1984 e tem duas comportas. Em 2000 um grave acidente nestas obrigou à instalação de um sistema de abertura automática. Segundo fonte da empresa Telener, que faz a manutenção da albufeira, "foi um erro do software que accionou a abertura da comporta. Em quatro horas a barragem desceu de nível três metros". A albufeira abastece de água os concelhos de Viseu, Mangualde, Nelas e Penalva do Castelo - 140 mil habitantes - e tem capacidade de armazenamento para 3, 6 milhões de metros cúbicos. Fonte da Telener disse ao DN que "mesmo que chova pouco tem estado a entrar mais água do que a sair pelo que no espaço de um mês a situação normalizará". O concelho de Viseu tem outras fontes de abastecimento, mas Nelas, Penalva e Mangualde servem-se em exclusivo da barragem com as inerentes dificuldades de abastecimento. O autarca de Penalva do Castelo defende por isso a construção de "uma segunda barragem no rio que poderá dar alguma tranquilidade". Mas a tão desejada barragem ainda não tem sequer projecto e em Fagilde só o ano passado ficou concluído um plano de diques insufláveis que aumentou a capacidade em mais um milhão de metros cúbicos de água. Certo é que, segundo dados do Instituto de Meteorologia, o distrito de Viseu apresenta já uma situação de seca fraca que está a causar prejuízos aos criadores de gado.