A república espanhola, a experiência da Frente Popular e a luta contra o levantamento fascista de Julho de 1936 suscitaram a solidariedade e o apoio dos comunistas e outros antifascistas um pouco por todo o mundo, que viram desenrolar-se em terras de Espanha uma batalha decisiva entre a democracia e o fascismo, a civilização e a barbárie. As brigadas internacionais foram porventura a mais famosa e elevada expressão desta solidariedade.
Em Portugal, ao mesmo tempo que a ditadura de Salazar se reforçava e se assumia como um centro difusor de todo o tipo de apoios – políticos, diplomáticos, económicos e militares – às forças fascistas insurrectas, o PCP não poupou esforços em auxílio dos comunistas, republicanos e progressistas espanhóis, compreendendo que os destinos dos dois países estavam, naquele momento histórico, intimamente ligados. Muitos militantes comunistas combateram ao lado dos antifascistas espanhóis e mesmo após o fim do conflito, com a instauração do fascismo em Espanha, o PCP continuou a apoiar política e logisticamente o PCE. A disponibilização de casas clandestinas para acolher dirigentes e militantes desse partido e o apoio dado em várias passagens de fronteira foram formas concretas que esta solidariedade assumiu.
O «Avante!» foi, antes, durante e depois da Guerra Civil, um veículo privilegiado de mobilização e esclarecimento acerca do que verdadeiramente estava em causa no processo político espanhol. Num país sujeito a uma férrea censura à imprensa, era também uma das únicas fontes então existentes que permitiam seguir o desenrolar dos acontecimentos.
Ainda nem os EUA nem a Alemanha, potências imperialistas que se arrogam o direito de dar lições ao mundo, existiam como nação e como país, e já a Pérsia era há milénios uma civilização avançada, com uma identidade própria e notáveis realizações no campo da ciência, da arte e da cultura. O mesmo sucedeu com o Iraque no quadro do mundo árabe ou com a China, por exemplo. Trata-se de realidades que mostram como é irregular e acidentado o processo de desenvolvimento de nações e civilizações. O próprio exemplo de Portugal ilustra bem como aquilo que num momento histórico é avançado e progressista («Descobrimentos») se pode tornar factor de atraso e submissão.
Se há quem possa ter ficado intrigado com o título desta comunicação, é porque lhe passaram despercebidos os Relatórios do Desenvolvimento Humano de 2001 e 20041. Nessas insuspeitas publicações consta a informação de que o açafrão da Índia e o feijão enola do México foram objecto de registo de patente nos EUA (embora no segundo caso a patente viesse a ser anulada), respectivamente em 2002 e 1999.
E porquê destacar esta questão relativamente marginal? O açafrão e o feijão enola já eram mercadoria muitos séculos antes de existir capitalismo. O que este registo e esta tentativa de registo de patente enunciam é um outro facto: o que o capitalismo transforma deste modo em mercadoria é, não o açafrão ou o feijão enola, mas o conhecimento secular, colectivamente gerado e preservado tradicionalmente por comunidades humanas, que conduziu à selecção e produção dessas espécies.
Bem, o título está um pouco sensacionalista mas temos que nos bater pelas audiências!... Praticamos um «jornalismo» isento e moderno. E chique!
A frase (quase) completa é:
«I think of those in ... and some of the ... who have to face these facts from their past which instinctively and quite naturally they'd rather not look at. That takes courage, and also we shouldn't forget that this account today will also overshadow all of the good that they also did».
Quem disse esta frase não foi o Diácono Remédios.
Aqueles que seguem religiosamente este blogue, como é a obrigação de todos os bons portugueses, e nem precisam de ser do Benfica, sabem, com certeza, a resposta. Ou será que não têm lido com atenção? Vá lá, confessem...
«Découverte d’une Cisjordanie transformée en «archipel» par quarante-deux ans de colonisation et de «processus de paix».
Cette carte a été imaginée et produite par Julien Bousac à partir de documents fournis par le Bureau de coordination pour les affaires humanitaires dans les territoires palestiniens occupés et B’Tselem.
Toutes les zones de Cisjordanie aux mains d’Israël ont été transformées en mer.»
A descoberta de uma Cisjordânia transformada em «arquipélago» por quarenta e dois anos de colonização e de «processos de paz».
Este mapa foi imaginado e produzido por Julien Bousac a partir de documentos fornecidos pelo Gabinete de coordenação para os assuntos humanitários nos territórios palestinianos ocupados e B’Tselem.
Todas as zonas de Cisjordânia nas mãos de Israel foram transformadas em mar.
Não podemos falar em rescaldo da tragédia de Gaza porque ela está longe do fim e, sob as bombas israelitas ou sofrendo as agonias da fome impostas pelo bloqueio humanitário, continuam a morrer inocentes naquele pequeno território asfixiado. À luz das bitolas adoptadas em Washington e que se aplicam a todo o mundo, o drama que se vive em Gaza e também em todos os territórios palestinianos, incluindo Jerusalém Oriental, deve ser entendido, porém, como um acto «civilizacional» e «anti-terrorista».