A semântica da ditadura fascista sobrevive no desporto em Portugal
Como escrevi AQUI e AQUI, não aderi à “revolução” semântica dos conservadores e neo-conservadores. Nos anos oitenta do século XX “revolucionaram”, com sucesso, a terminologia política e económica. O capitalismo passou a ser designado como “economia de mercado”. Mais recentemente trocaram o imperialismo por “globalização”. Só que um homem é um homem e um bicho é um bicho.
Em Portugal a ditadura de Salazar e Caetano conseguiu, se possível, ser ainda mais original e ao mesmo tempo ridícula.
Na época «vermelhos» era sinónimo de «comunistas». E havia um problema: as camisolas dos equipamentos do Sport Lisboa e Benfica eram de cor vermelha. Solução? Simples! Inventou-se um novo nome para essa cor - o encarnado!!! E assim o vermelho passou a ser a única cor a ter dois nomes!
A censura encarregou-se do resto. Sempre que o SLB era notícia era a «equipa encarnada», «os encarnados» e por aí fora sempre no mesmo registo.
Veio o 25 de Abril de 1974 e a coisa lá se foi corrigindo. O vermelho passou a ser só vermelho.
Confesso que não me apercebi quando a semântica fascista do «encarnado» regressou. O que sei é que na última semana em quase tudo o que é comunicação social desportiva ela esteve presente em força. Saudosismo? Ignorância? Ou?...
Eu vou repetir muito devagar:
Cada côr tem apenas um, e um só, nome. O encarnado não existe! O nome correcto é VERMELHO.
Perceberam ou é preciso um desenho?
E para os amantes da nossa HISTÓRIA aqui se recorda o Avante, Avante P'lo Benfica - Hino Oficial do Sport Lisboa e Benfica silenciado pelo regime fascista.