Para Portugal, o Euro significou aumento do desemprego, redução dos salários, degradação das funções sociais do Estado.
Em vez de investimento, de expansão comercial e de crescimento, o Euro significou desinvestimento, degradação da capacidade produtiva, endividamento externo, estagnação e recessão.
Em vinte anos, um crescimento inferior a 1% ao ano. Divergimos da média europeia. Crescemos muito abaixo da média mundial.
Em termos líquidos, as transferências financeiras para Portugal associadas aos fundos da União Europeia estão longe de compensar o que sai de Portugal para a União Europeia em juros, lucros e dividendos.
Portugal transformado num “contribuinte líquido” da União Europeia. Eis a condição a que nos trouxeram PS, PSD e CDS e a própria natureza da integração capitalista europeia!
A reforma da PAC, aprovada em Bruxelas no final do ano passado, estabeleceu um ano de transição (2014) para que os Estados tivessem tempo para a aplicar atempadamente. Ora não é isso que se está a passar em Portugal.
Os agricultores estão a realizar neste momento as sementeiras de Outono-Inverno sem saberem, em concreto, muitas das regras que vão ter de cumprir, nomeadamente as que se prendem com os pagamentos ambientais – “pagamento verde”. Persistem ainda muitas dúvidas na aplicação de conceitos novos como o de “agricultor activo” e mesmo a elegibilidade das áreas não está consolidada.
Já no Desenvolvimento Rural, ainda que Portugal não se tenha atrasado na entrega do novo PDR, tarda a aprovação do programa por parte de Bruxelas.
«Numa altura em que o Grupo Espirito Santo implode e em que a má gestão dos banqueiros se torna mais uma vez clara para os portugueses, interessa fazer uma reflexão sobre o sistema financeiro português e sobre situações e tendências atuais preocupantes, o que tornará mais compreensível o caso GES.
Para se poder ter uma perceção do elevado risco que existe na banca em Portugal é necessário ter presente que é uma banca universal. Isto significa que ela é simultaneamente uma banca comercial, de retalho, (que recebe depósitos e concede crédito) e uma banca de investimento (que faz investimentos financeiros com dinheiro dos depositantes cujo risco é elevado, pois tanto se pode ganhar muito como perder muito), o que não acontece em todos os países já que, para reduzir o risco, é necessária a separação entre banca comercial e banca de investimento (os EUA durante muitos anos impuseram, por lei, a separação).
Em Portugal, são fundamentalmente os depósitos dos portugueses que, por um lado, permitem à banca conceder crédito à economia, aos particulares e ao Estado e, por outro lado, possibilitam aos banqueiros fazer investimentos financeiros (compra de ações e obrigações de empresas, de títulos do Estado, etc.), muitos deles de elevado risco. E isto porque o “dinheiro” que os banqueiros e outros acionistas possuem nos bancos corresponde a uma pequena percentagem do Ativo Total da Banca como mostra o quadro 1.»