1 - O Partido Comunista Português manifesta a sua preocupação com os recentes acontecimentos e o aumento da tensão na Península da Coreia que constituem uma séria ameaça para a paz nesta região e no mundo. O PCP apela à contenção de todas as partes e ao retomar imediato de negociações baseadas no reconhecimento e respeito mútuo.
2 - A península coreana encontra-se dividida há mais de meio século como resultado de uma brutal guerra, fruto da ingerência e agressão dos EUA. Na Coreia do Sul estão estacionados, há mais de seis décadas, dezenas de milhares de soldados e sofisticado equipamento militar, incluindo não convencional, dos EUA. É conhecido o historial de ingerências, pressões e provocações por parte da Coreia do Sul e dos EUA à República Democrática Popular da Coreia, quer no campo económico e político, quer militar. O PCP reafirma a sua posição de que somente um processo político de diálogo entre iguais, livre de ingerências e pressões alheias aos interesses do povo coreano, poderá abrir caminho à reunificação pacífica do País e à construção de uma Coreia unificada, livre de bases e forças militares estrangeiras.
3 - Alertando para os perigos resultantes de ameaças e retórica belicistas, da deslocação de poderosos meios militares dos EUA para a região da Ásia-Pacífico e da realização de exercícios militares claramente hostis e provocatórios, o PCP apela a todas as partes envolvidas para que se abstenham de levar a cabo acções de consequências imprevisíveis para os povos da região e para a segurança internacional.
O PCP sublinha que é na política agressiva do imperialismo que radica a escalada de tensão e desestabilização na região, independentemente das preocupações com o modo como os dirigentes da República Democrática Popular da Coreia têm lidado com o incumprimento de acordos, medidas hostis e crescentes provocações levadas a cabo pelos EUA.
O PCP chama simultaneamente a atenção para o facto de que os mais recentes acontecimentos na península coreana não poderem ser dissociados do processo de militarização do Pacífico sul conduzido pelos EUA com a deslocação de vultosos meios militares e o reforço da sua presença nas várias bases militares da região, numa clara relocalização geoestratégica visando a República Popular da China, nem da cada vez maior agressividade e belicismo manifestados pelas potências imperialistas em várias regiões do planeta, como o Médio Oriente e a África.
4 - O PCP chama a atenção para o facto de que as guerras de agressão levadas a cabo nos últimos anos pelas potências da NATO contra países que haviam destruído os seus arsenais de armas não convencionais (como o Iraque e a Líbia) e o desenvolvimento dos arsenais nucleares de alguns países à margem do tratado de não proliferação nuclear (como sejam os casos de Israel, Índia e Paquistão) são inegáveis factores de estímulo à proliferação de armas nucleares, químicas e biológicas.,
O PCP reafirma a sua posição de defesa de um mundo livre de armas nucleares, e recorda que o tratado de não proliferação preconiza o simultâneo desmantelamento dos arsenais nucleares existentes no Mundo.
5 - O PCP lamenta as posições do Governo português, expressas pelo Ministro Paulo Portas no quadro da sua visita ao Japão, de total e acrítico alinhamento com as posições dos EUA, posição que não contribui para o necessário desanuviamento da tensão na península coreana.
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«Escrever neste momento sobre a escalada de confrontação na Península da Coreia é a vários títulos um risco, mas um risco que é necessário correr. A escalada de acusações, ameaças e movimentações militares, sendo infelizmente recorrente na região, atingiu uma tal dimensão, que a situação pode ficar fora de controle e conduzir à guerra.»
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